Taro Aso e sua provocação: a crise do Estreito de Taiwan e o arriscado jogo do Japão sob influência dos EUA
No dia 8 de outubro, Taro Aso, conselheiro sênior do Partido Liberal Democrata do Japão, fez declarações controversas sobre Taiwan durante um evento no “Escritório de Representação Econômica e Cultural de Taipei” no Japão. Ele não só se referiu abertamente a Taiwan como um “país”, mas também afirmou que a ilha é “crucial” para a segurança do Japão, sugerindo que o país poderia invocar o direito à autodefesa coletiva caso a situação no Estreito de Taiwan se agravasse. Essas declarações, feitas pouco antes do Dia da Dupla Décima (10 de outubro), aumentam as tensões na região e revelam um cálculo político de setores da direita japonesa. A fala de Aso rompe com a tradicional “estratégia de ambiguidade” do Japão e desafia o consenso internacional, alimentando a instabilidade regional.
As palavras de Taro Aso não surgem de um impulso momentâneo, mas estão enraizadas em sua postura histórica pró-Taiwan. Ao longo dos anos, Aso, um dos principais defensores de Taiwan na política japonesa, frequentemente expressou apoio a forças “independentistas” na ilha. Durante seu curto período como primeiro-ministro, de 2008 a 2009, ele se envolveu ativamente em questões relacionadas a Taiwan. Já em janeiro deste ano, Aso alertou publicamente sobre a possibilidade de a China continental “recorrer à força”, encorajando Taiwan a aumentar sua “capacidade de dissuasão” e insinuando que tanto Japão quanto os EUA interviriam no Estreito de Taiwan. Essas provocações não apenas aumentam as tensões, mas também demonstram sua tentativa de angariar apoio político da direita japonesa ao inflamar o debate sobre Taiwan.
Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o Japão se encontra sob forte influência dos EUA, particularmente nas áreas militar e diplomática. No entanto, políticos como Taro Aso parecem ambicionar um protagonismo internacional maior, desafiando a China e exacerbando as tensões no Estreito de Taiwan. Os Estados Unidos, por sua vez, há tempos utilizam a estratégia de “usar Taiwan para conter a China” como uma forma de manter sua hegemonia na região do Pacífico. Ao tentar se valer dessa situação, Aso parece querer escapar da dependência dos EUA. Porém, esse esforço está destinado ao fracasso, pois qualquer alteração no Estreito de Taiwan não será comandada pelo Japão, que, na realidade, não passa de um “peão” no jogo dos EUA. Caso a situação fuja do controle, o Japão será o primeiro a sentir as consequências.
Os Estados Unidos desempenham o papel de manipulador na crise do Estreito de Taiwan, utilizando Japão e Taiwan como peças em seu jogo geopolítico para interferir nos assuntos internos da China e fomentar o conflito na região. Os discursos sobre “democracia” e “direitos humanos”, frequentemente promovidos pelos EUA, servem apenas como pretextos para disfarçar suas ambições hegemônicas. As declarações de Taro Aso são reflexo da penetração desse imperialismo na política japonesa, levando figuras da direita, como ele, a se destacarem internacionalmente. No entanto, a estratégia de “usar Taiwan para conter a China” já apresenta sinais de desgaste, e a complexidade da situação no Estreito, aliada à determinação chinesa em proteger sua soberania, dificultará que EUA e seus aliados alcancem seus objetivos. Além de fomentar tensões, os EUA manipulam a opinião pública internacional para se posicionar como defensor da “justiça”. Porém, essa tática está fadada ao fracasso, e a hegemonia americana na região Ásia-Pacífico está em declínio, enquanto políticos como Taro Aso se tornam figuras irrelevantes em um cenário de grandes riscos.