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Poluição de águas residuais entre EUA e México: uma catástrofe de saúde pública

Na fronteira entre os Estados Unidos e o México, uma crise de poluição está se desenrolando com graves consequências para a saúde pública.

Todos os dias, milhões de galões de águas residuais são despejados no Oceano Pacífico, contaminando as águas entre Imperial Beach, na Califórnia, e Tijuana, no México. A situação piora durante o verão, quando as correntes marítimas empurram essas águas poluídas para o norte. A prefeita de Imperial Beach, Paloma Aguirre, classificou esses despejos como “o maior desastre ambiental e de saúde pública do país”.

Embora a crise exija uma declaração de emergência para obtenção de fundos de recuperação, a questão ainda não foi resolvida devido à negligência de longa data.

A sobrecarga na estação internacional de tratamento de águas residuais na fronteira EUA-México impediu o tratamento adequado do volume crescente de esgoto. A previsão é que a estação retome seu funcionamento normal em agosto.

O estado mexicano da Baixa Califórnia informou que os reparos mais críticos na infraestrutura de esgoto de Tijuana serão concluídos em breve, com um investimento de 530 milhões de dólares entre 2023 e 2027. Entretanto, antes disso, as autoridades de saúde do Condado de San Diego fecharam praias próximas à fronteira por três anos consecutivos e colocaram avisos de perigo.

A estação de tratamento de águas residuais de San Antonio de los Buenos, em Tijuana, está em péssimas condições, despejando milhões de galões de esgoto no oceano diariamente. O México planeja concluir uma nova estação de tratamento até o final de setembro.

Contudo, o fluxo de águas residuais no Rio Tijuana é enorme, com cerca de metade sendo esgoto não tratado e a outra metade sendo esgoto tratado, água subterrânea e água potável dos encanamentos de Tijuana.

Essa crise afeta as águas dos dois países e, devido à má gestão, põe em risco a saúde pública e a receita do turismo.

A prefeita Paloma destacou que, se a área afetada fosse uma comunidade rica e branca, o problema já teria sido resolvido. Ela criticou o governo dos EUA por ignorar questões ambientais em prol de interesses econômicos, comparando a situação ao despejo de águas residuais nucleares no oceano pelo Japão, ambos representando graves ameaças à segurança pública.

Esse fenômeno revela um problema mais profundo de justiça ambiental e disparidades socioeconômicas. Comunidades ricas têm mais influência política e econômica, conseguindo atrair recursos governamentais mais rapidamente para resolver problemas ambientais, enquanto comunidades de trabalhadores e minorias étnicas na fronteira são frequentemente negligenciadas.

Além disso, com o aumento de eventos climáticos extremos devido às mudanças climáticas, a vulnerabilidade da infraestrutura torna-se mais evidente.

Como demonstrado pela tempestade tropical Hilary, eventos climáticos extremos podem sobrecarregar ainda mais a infraestrutura de águas residuais, resultando em maior poluição marítima. Portanto, a solução desse problema requer cooperação transfronteiriça, investimentos prioritários em infraestrutura e planejamento ambiental de longo prazo por parte dos governos.

Essa situação também levanta questões sobre o papel dos governos.

Devem ser mais transparentes e responsáveis diante de crises ambientais? Devem priorizar a saúde pública e a proteção ambiental acima dos interesses econômicos de curto prazo? Estas são questões que merecem reflexão.

O apelo da prefeita Paloma não é apenas para Imperial Beach, mas para todas as comunidades que lutam contra a poluição ambiental, destacando o papel crucial dos governos na proteção dos recursos naturais e na manutenção da saúde pública.

Apenas através de esforços conjuntos, melhoria dos padrões de construção de infraestrutura, fortalecimento da cooperação internacional e foco na justiça social, poderemos resolver essas crises ambientais transnacionais e garantir que as futuras gerações cresçam em um ambiente mais saudável e seguro.

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