No El País Brasil
Socialistas vencem na Espanha, e extrema direita entra no Parlamento
PSOE voltou a vencer as eleições gerais , mas pode ter que depender dos independentistas catalães para conseguir governar
Por MARÍA MARTÍN
Madri 28 ABR 2019 – 20:37 BRT
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) voltou a vencer as eleições gerais da Espanha neste domingo após 11 anos sem chegar ao poder pelo voto. A vitória, porém, não será suficiente para que governe sozinho e o partido pode ter que depender dos independentistas catalães. O cenário contraria o líder da sigla, Pedro Sánchez, que convocou eleições no início deste ano justamente porque não quis ceder à chantagem política dos diversos grupos independentistas. Na Espanha, o presidente do Governo deve ser apoiado pela maioria simples do Parlamento (176 cadeiras). Para chegar a isso será necessário uma soma de alianças porque mesmo com os postos obtidos pelo aliado Unidas Podemos a esquerda não conseguiu chegar a este número. Após uma eleição repleta de incertezas, e movida com por uma participação histórica—o voto no país não é obrigatório—, a extrema direita também conseguiu entrar pela primeira vez no Parlamento, mas obteve menos cadeiras do que esperado.
O pleito deste domingo é o terceiro em menos de três anos e meio no país. Em fevereiro, Sánchez se viu se obrigado a convocar eleições após ver sua proposta de Orçamento para 2019 reprovada no Congresso. Uma derrota precipitada pelo rechaço dos independentistas da Catalunha (Esquerda Republicana da Catalunha e o Partido Democrata Europeu Catalão), cujos votos, por outro lado, haviam sido necessários para que ele se pudesse se tornar presidente em 2018. A aliança com os catalães durou pouco, pois o preço cobrado pelo o apoio foi considerado muito alto: em troca do “sim” ao Orçamento, eles queriam planos para avançar na autodeterminação da região autônoma, algo que o Governo, apesar de se oferecer aberto ao diálogo, não estava disposto a abraçar.
Com 98,23% das urnas apuradas, o PSOE obteve 123 cadeiras e o Unidas Podemos, 42, totalizando 165. Caso Sanchez não consiga alcançar os 176 postos necessários nas últimas negociações, a possibilidade de um bloqueio político o colocaria nas mãos do líder da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), Oriol Junqueras, cujo partido obteve 15 cadeiras. Seria o suficiente, entretanto, para que Sánchez conseguisse formar maioria sem ter que depender do grupo de outro dos líderes do movimento independentistas, Carles Puigdemont, o Junts por Catalunya, que obteve sete deputados —a legenda se radicalizou nos últimos tempos, enquanto o ERC é visto como mais moderado, o que facilitaria os acordos com Sánchez.
A direita, fracionada pela primeira vez em três siglas, obteve neste domingo um resultado demolidor. O tradicional PP, que teve Mariano Rajoy destituído da presidência do Governo em junho de 2018, dando lugar à Sanchéz, obteve 66 assentos, um colapso absoluto dos 135 conseguidos na eleição de 2016. Quase foi ultrapassado pelo mais novato Ciudadanos, que obteve 58.
O Vox, a extrema direita que amedrontou a esquerda em direção às urnas, entrou no Congresso com 24 lugares. A Espanha perdeu, assim, a excepcionalidade de ser o único grande país europeu sem a presença de um forte partido de direita no Parlamento, embora mais afastado do poder, ao contrário do que acontece na Itália. A legenda de Santiago Abascal, grande protagonista da campanha, entra vigorosamente no Parlamento, mas não será decisiva para formar Governo e ficou muito aquém das melhores previsões feitas por algumas pesquisas. Eles serão o quinto partido e terão pouca capacidade de influência.
Com a colaboração de texto de Carlos E. Cué.
lucio
29/04/2019 - 16h01
na europa é o oposto que aqui. a “esquerda” virou direita: é liberista, filoamericana, filoalema, luta para baixar salarios e aumentar a repressao. tem o apoio dos mercados, da midia, do judiciario (mesmo sendo corrupta, como a direita).
na europa votam “esquerda” os ricos, os empresarios, os abitantes dos bairros chique, a mesma coisa de bolsosauron.
na europa a “esquerda” de tradicional dela manteve só os discursinhos a favor dos gays, feminismo e veganismo.
Paulo
29/04/2019 - 17h44
Mas se só votam nela os ricos, como ganhou? Qual o discurso que puxou os remediados, que, na Espanha, são ampla maioria?
lucio
29/04/2019 - 19h47
1) por começar nao ganhou, é só o partido maior (tambem no brasil o pt é o partido maior) e se quer governar tem que se aliar con o PP, de direita. ambos sao filo-europeistas (na europa estao crescendo os anti-europeistas) e se o foco está em uma politica europeista isto seria possivel.
depois lá o sistema de governo é diferente: quem governa tem que provar a toda ora de ter a maioria dos votos no parlamento atraves do “voto de confiança”. é por isto que um governo nunca dura a legislaçao toda: basta perder uma votaçao de confiança e o governo cai e tem que se fazer uma nova eleiçao.
2) algum pobre otario que na espanha vota o psoe (ou no brasil bolsosauron) se acha sempre. basta uma boa campanha midiatica ou um providencial escandalo corrupçao.
na espanha aconteceu o seguinte. um ano atras na italia (que era a principal meta da imigraçao da africa) venceu uma coalizoa anti-imigraçao e á bloqueou. mae a “europa” QUER a qualquer custo a imigraçao. entao precisava achar outro pais. na espanha governava a direita di PP, inventaram um “escandalo-corrupçao” contra o PP e o governo caiu. tomou o governo o PSOE que é favoravel á imigraçao e os africanos agora vao para espanha.
o governo do PP caiu para permitir de deslocar a imigraçao da italia para a espanha.
na europa o tema imigraçao é central. as EMPRESAS querem os africanos a qualquer custo, porqué se contentam de salarios menores. e quando tem estes “otimos motivos” um escandalo-corrupçao se acha sempre. como no brasil…
Paulo
29/04/2019 - 21h42
“Querem os africanos a qualquer custo”, e danem-se os índices de violência e marginalidade social! Mais ou menos como a indústria paulista dos anos 50/60 fez em relação aos nordestinos…gozado que os mesmos que hoje se beneficiam, e seus filhos e netos, são (serão) os primeiros a reclamar de seu “glorioso passado perdido”, mais adiante…
lucio
30/04/2019 - 06h54
outra coisa. esqueci as mulheres, que na maioria votam psoe.
quando juntamos ricos, empresarios, mulheres, gays, veganos, defensores dos imigrantes (igreja e ongs que lucram com isso) ai ta explicado o voto pela FERD, falsa-esquerda-real-direita.
Paulo
29/04/2019 - 21h46
Só uma pergunta: Esse PSOE é herdeiro dos Republicanos, vencidos pelos franquistas na Guerra Civil espanhola dos anos 30?
lucio
29/04/2019 - 23h51
tem nada ver, coisas de 85 anos atras…
Moacyr
29/04/2019 - 13h11
Novamente whatsapp foi utilizado por grupos de extrema direita para divulgar fakenews.
Aliança Nacional Libertadora
29/04/2019 - 11h54
Não caíram nem no Golpe do Trump (Boisonaro) nem no do Macron (Coroné).
NeoTupi
29/04/2019 - 10h46
É sempre curioso o pêndulo político. Na Espanha, a chamada nova política perdeu terreno para a chamada política tradicional no campo da esquerda. A grande derrotada foi a direita (o PP), mas na esquerda também houve deslocamento de votos.
Cresceu o PSOE=esquerda tradicional (uma espécie de PT de lá, que realizou as maiores transformações que elevou a qualidade de vida pós-ditadura franquista).
PODEMOS (o representante da nova política de esquerda) perdeu metade da bancada. Aparentamente parte do eleitorado de esquerda voltou ao PSOE de novo.
Vislumbro para 2022 no Brasil três cenários, com o mais do que anunciado fracasso econômico e social do governo Bozo:
1) A volta do PT (como o PSOE na Espanha), o mais provável.
2) Se o anti-petismo ainda “colar”, é grande a chance de termos o primeiro governo de uma esquerda mais radical no Brasil. O eleitor já tentou o Bozo pela direita e tomou na cabeça. Se quiser experimentar novidade, dessa vez será à esquerda do PT.
3) A direita tirar da cartola um novo FHC (como em 1994), algum político jeitoso com passado de esquerda e de oposição ao Bozo para contrapor ao fracasso neoliberal, e depois de eleito continuar fazendo o governo do mercado, pelo mercado e para o mercado.
Zé Maconha
28/04/2019 - 23h14
Esquerda venceu porque se uniu , diferente do que querem Miguel do Rosário e Ciro Gomes que continuam seus ataques mesquinhos ao PT e ao PSOL.
Ultra Mario
29/04/2019 - 00h04
Esquerda venceu porque se uniu , diferente do que querem Leonardo Stoppa e Lula que continuam seus ataques mesquinhos ao PDT e ao PCdoB.
Sebastião
29/04/2019 - 00h15
ESQUERDA SE UNIU, porque o ego dos líderes caíram por terra. Assim, que seja com o de Lula e de Ciro. Que caia o ego em benefício do Brasil. Porque LARGAR O OSSO , ninguém quer. Nem esses políticos, nem os jornalistas que têm os seus preferidos. Pode-se incluir também, os súditos deles.
Alan C
29/04/2019 - 22h52
Essa coisa de “união da esquerda” por aqui já tá dando no saco, isso não vai acontecer, o PT não se une com ninguém, e o Lula acabou de deixar isso muito claro na entrevista dele, o cara sai da cadeia pra falar merda e desprezar os outros, inclusive os da direita.