A decisão implica em profunda derrota política para o governo Bolsonaro, que perde uma importante ferramenta de pressão política sobre as bancadas parlamentares. E, pelo jeito, a mesma emenda será também aprovada no Senado.
O parlamento reage naturalmente à incompetência do Presidente da República, limitando-lhe os poderes.
26/03/2019 – 23h17
Câmara aprova em 2º turno PEC que amplia orçamento impositivo
O Plenário da Câmara dos Deputados aprovou nesta terça-feira (26), em dois turnos de votação, a proposta de emenda à Constituição (PEC) 2/15, que determina a execução obrigatória de emendas parlamentares de bancada.
O texto foi aprovado por ampla maioria (448 a 3 e 453 a 6 votos em 1º e 2º turno, respectivamente) e seguirá para o Senado.
De autoria do deputado Hélio Leite (DEM-PA), a PEC foi aprovada na forma do substitutivo da comissão especial, elaborado pelo deputado Carlos Henrique Gaguim (DEM-TO).
Atualmente, já é impositivo o total das emendas individuais dos parlamentares, sendo que metade do valor deve ser aplicado em saúde. O valor está sujeito ainda ao teto dos gastos aprovado em 2016.
Obras e equipamentos
As emendas de bancadas estaduais e do Distrito Federal que deverão ser executadas obrigatoriamente se referem a programações de caráter estruturante (obras e equipamentos) até o montante global de 1% da receita corrente líquida (RCL) realizada no exercício anterior ao da elaboração do orçamento.
Para executar as emendas, poderão ser usados os chamados restos a pagar, que são promessas de pagamento para serviços, compras e obras realizados no ano anterior e ainda não quitadas.
De qualquer forma, essas emendas, assim como já ocorre com as individuais, serão afetadas pelo contingenciamento do orçamento na mesma proporção das demais despesas. Esse contingenciamento é um bloqueio que o Poder Executivo faz em função da queda da receita e funciona como um mecanismo para cumprir a meta de resultado primário.
O autor da PEC, deputado Hélio Leite, comemorou a aprovação. “Todos nós nos unimos para defender a cidadania, o nosso País. Esta vitória é uma vitória de todos nós”, afirmou.
Emenda de redação
Para ajustar o texto da proposta, aprovada na comissão especial em 2015, o Plenário aprovou emenda de redação para submetê-la às regras da emenda constitucional do teto de gastos.
A partir do segundo ano de promulgação da futura emenda constitucional e até o último ano de vigência da emenda do teto (EC 95), o valor da execução obrigatória dessas emendas será o montante do ano anterior corrigido pelo IPCA.
Impedimentos
A PEC também mexe em regras já existentes, introduzidas pela proposta do orçamento impositivo de emendas individuais, sobre procedimentos a serem adotados no caso de impedimentos técnicos para a execução orçamentária das emendas.
Segundo o texto atual, até 120 dias depois da publicação da lei orçamentária, os poderes deverão enviar ao Legislativo as justificativas sobre o que impede a execução da emenda em questão. Nos 30 dias seguintes, o Parlamento indicará o remanejamento da programação com impedimento insuperável ao Executivo, que terá mais 30 dias para enviar projeto de lei formalizando essa mudança.
Caso esses prazos cheguem até o dia 20 de novembro sem votação pelo Congresso, o Executivo poderá remanejar a emenda por decreto.
Se o problema surgir após 20 de novembro, a execução da emenda naquele ano deixa de ser obrigatória.
Com a redação da PEC 2/15, os problemas de execução de todas as emendas parlamentares (individuais e de bancada) deverão seguir regras da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) quanto ao cronograma para análise e verificação de eventuais impedimentos e demais procedimentos para viabilizar a execução pretendida.
O texto acaba ainda com o prazo limite de 20 de novembro para isentar o Executivo de realizar a programação prevista na emenda se não houver remanejamento.
Uma lei complementar definirá somente critérios gerais relativos à execução e ao acompanhamento dos planos e orçamentos. Essa lei ainda não existe e, na redação atual da Constituição Federal, ela deveria tratar também de critérios para a execução equitativa (igual para todos os parlamentares), de procedimentos relativos aos impedimentos legais e técnicos e da limitação das programações de caráter obrigatório.
Na definição constante do texto constitucional sobre o que é considerada execução equitativa, a PEC acrescenta que, ao atender de forma igualitária e impessoal as emendas, sua execução deverá observar critérios “objetivos e imparciais”.
Aspectos gerais
A proposta aprovada prevê ainda outros aspectos gerais sobre a programação orçamentária, determinando que a previsão de receita e a fixação da despesa no projeto e na lei orçamentária “devem refletir com fidedignidade a conjuntura econômica e a política fiscal”.
Já o dever de execução das programações é definido como o propósito de garantir a efetiva entrega de bens e serviços à sociedade. O acompanhamento e a verificação do cumprimento dessas diretrizes deverão ser feitos por meio de relatórios publicados pelos órgãos de execução, inclusive com a divulgação de eventuais impedimentos e medidas de resolução adotadas.
Íntegra da proposta:
Reportagem – Eduardo Piovesan
Edição – Pierre Triboli
Publicado na Agência Câmara Notícias
Ivan
27/03/2019 - 18h38
Excelente texto do Ricardo Capelli, talvez 5×0 ele tenha exagerado um pouco, pois 3 desses gols são referentes ao mesmo assunto, mas a lição que fica é que sem a política bem feita a derrota é certa, seja pra extrema direita, seja pra esse pseudo esquerdismo que há atualmente. Ponto para os “liberais democráticos”, expressão que o Capelli usou.
Política 5 x 0 Bolsonaro: dia de goleada em Brasília
https://www.pragmatismopolitico.com.br/2019/03/politica-bolsonaro-goleada-brasilia.html
Alan Cepile
27/03/2019 - 13h02
Derrota política talvez seja um pouco demais, mas era notório que o governo estava tentando fazer pressão sobre os deputados, que, por causa disso, votaram a favor e aprovaram a PEC.
O fato do bozofilho ter votado a favor não quer dizer muita coisa, todos sabiam que a votação seria de quase 100% para a provação da PEC, como de fato foi.
Sérgio Araújo
27/03/2019 - 13h57
A Folha e a Globo a estão vendendo como uma derrota que fez subir o dólar, baixar a bolsa e pegar fogo o mar….bah.
Alan Cepile
27/03/2019 - 19h02
Essa coisa do dólar subir, descer, bolsa e etc é uma bobagem, quem controla isso é o mercado financeiro que é quase sempre bajulado pela direita, e isso acontece pela pressão que esse mercado do capeta faz para fazer valer seus interesses, quase sempre opostos ao interesse do povo.
Aliado a isso tem as diárias demonstrações de fraqueza e amadorismo do governo, só esta semana foi essa PEC, o “presta atenção” do presidente da câmara, as declarações do líder do PSL no congresso sobre a falta de empenho do governo, bozo fugindo de “perigosos” universitários em SP (não havia nem 200 deles), críticas de todos os lados sobre comemorar golpe, tortura/torturadores e ditadura…. Tá complicado! Isso gera incertezas, descontentamento, fuga de capitais, fuga de investidores e assim a crise aumenta.
Sergio Araujo
27/03/2019 - 19h33
Me parecem coisas de muito pouca importancia ou nenhuma.
Essa tal de articulaçào politica è coisa tipica brasileira, o governo apresenta as propostas e o Congresso è que tem que se deabater e brigar…o que eles querem ?? Alguem que passa a mào na cabeçinha deles e um leite com toddy…me parece tudo surreal.
Que nào vào ganhar nada em troca dessa vèz è mais do que certo.
Alan Cepile
27/03/2019 - 22h16
Caiu o ministro da educação, este governo tá derretendo!
Sergio Araujo
28/03/2019 - 09h22
Alanzinho,
um genio superior como voce que se deixa enrolar pela midia…?
Os jornais brasileiros nào passam de revistas de fofocas mal contadas, o nivèl è de uma tristeza sem fim.
Paulo
27/03/2019 - 22h40
Assim espero, Sérgio! Porque, se Bolsonaro ceder, seu Governo acabou (Lula já teria cedido, como de fato cedeu, e sua biografia foi pra lata de lixo da história). Que vá à breca e lance o povo contra esse Parlamento de queixosos! Esses caras têm que discutir e votar projetos, não reivindicar cargos e benesses! O parlamentar já é remunerado pra isso. Aliás, ele só é remunerado pra isso, propor, discutir e votar projetos de lei…muitos não estão entendendo a proposta. É grave a situação. É nossa última chance como democracia…mas muitos se aproveitam da situação, quer para pleitear, quer para condenar (o velho adágio “quanto pior, melhor”)…
Alan Cepile
27/03/2019 - 22h47
“quanto pior, melhor”
É um dejavu, me soa familiar, mas me recordo que não havia a mesma indignação que agora…
Sergio Araujo
28/03/2019 - 09h52
E’ tudo ridiculo nesse lugar, nào vejo a hora de ir embora.
Paulo
28/03/2019 - 19h38
Por quê? Acha que será melhor tratado em outro país?
Roque
27/03/2019 - 11h44
Não entendi que derrota foi esta. Esta PEC só vai entrar em vigor em 2022 e os deputados do PSL foram orientados a votar a favor, inclusive o filho do presidente.
Sergio Araujo
27/03/2019 - 11h29
Era inimaginvèl mas voce avisou ao mesmo tempo ? Rsrsr
Sergio Araujo
27/03/2019 - 11h26
Mas se os liders do Governo votaram a favor como pode ser uma derrota ?
Nào tò entendendo…
Carlos Eduardo
27/03/2019 - 10h50
Logo após a eleição este cenário era inimaginável, o despreparo do bozo, e do governo em geral, está contaminando até sua própria bancada.
EU AVISEI
Justiceiro
27/03/2019 - 11h56
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Até o filho do presidente votou a favor da PEC, zé mané.