A divergência tática com o PCdoB que levou alguns partidos de esquerda a apresentarem uma questão de ordem que atacou o direito de funcionamento institucional da legenda comunista na Câmara dos Deputados, lastimavelmente se estendeu com uma nota pública da Executiva Nacional do PSOL. Em vez de reconhecer o erro, infelizmente, a referida nota enveredou-se por um terreno pantanoso que apresenta informações distorcidas, que deformam a verdade.
A nota afirma que o PCdoB defendeu a cláusula de barreira, da qual foi vítima. Tal afirmação falseia, desconhece ou passa por cima dos fatos e da verdade histórica. A luta contra a cláusula de barreira é travada denodadamente pelo PCdoB, por partidos e setores democratas do parlamento desde antes da existência do PSOL. Naquele tempo, o próprio PT era um partido que seria barrado se as cláusulas não fossem derrubadas com a decisiva ajuda do PCdoB.
Na Legislatura passada, o que se fez foi um enfrentamento político contra a cláusula de barreira para que esse limite autoritário ficasse estabelecido nos menores patamares possíveis. Sem a luta e a conduta política adotadas pelo PCdoB na tramitação e votação da referida matéria, teria sido aprovado uma cláusula ainda maior, que mesmo o PSOL não ultrapassaria.
O encaminhamento feito pelo PSOL em plenário, ao questionar a incorporação do PPL, atentou contra a livre organização partidária e contra a legalidade do PCdoB. Se a questão de ordem tivesse sido acatada, a legenda comunista teria perdido o direito ao pleno funcionamento no parlamento, que já havia sido deferido pela Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
Nisso consiste o gravíssimo erro do PSOL. Aliás, a sua nota textualmente o reconhece: “…a questão de ordem questionava ato do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, que em decisão administrativa, dava por concluídos os processos de fusão em curso no TSE…”
É de conhecimento público, devidamente registrado em documentos, que o PPL fez um Congresso extraordinário que decidiu pela incorporação e a direção nacional do PCdoB a aprovou. O que resta são apenas alguns encaminhamentos processuais no Tribunal Superior Eleitoral.
A Mesa Diretora da Câmara respeitou a autonomia dos partidos, reconheceu que a incorporação do PPL ao PCdoB é um fato político e jurídico inquestionável, e concluiu que o PCdoB, desse modo e de acordo com a lei, cumpriu a cláusula de barreira.
O PSOL se apegou ao detalhe daquilo que, no seu entender, determina a lei para atacar o direito de uma legenda quase centenária ter o direito ao funcionamento parlamentar.
Não procede o argumento do PSOL de que a questão de ordem visava tão somente impedir um suposto crescimento “artificial” de um bloco que resultaria no fato de uma legenda não pertencente ao campo oposicionista assumir a Liderança da Oposição. Não procede, primeiro, porque as legendas que formam o referido bloco dele participariam independente de processo de incorporação. Segundo, porque com o PCdoB ou PDT à frente da referida Liderança ela estará, sim, em boas mãos.
É especialmente desleal a acusação do PSOL de que o PCdoB e suas lideranças estariam lançando mão de fake news. Tanto o PSOL quanto o PCdoB e as forças progressistas como um todo sabem da gravidade que é o uso desse procedimento criminoso. Militantes e lideranças são alvo de ameaças, inclusive de morte, como é caso de Jean Willys e Manuela d´Àvila, para citar dois exemplos.
A situação do país exige desprendimento, lealdade e cooperação entre as forças políticas da oposição, especialmente as de esquerda.
O PCdoB não deseja estender essa polêmica, mas, sim, conclamar que campo popular e de esquerda somem suas forças para que possamos cumprir o papel que a nação e a classe trabalhadora esperam: oposição ampla e vigorosa ao governo Bolsonaro. Lugar onde o Partido Comunista do Brasil sempre esteve, está e estará.
São Paulo, 4 de fevereiro de 2019
Comissão Política Nacional do Partido Comunista do Brasil-PCdoB
Justiceiro
05/02/2019 - 21h44
Alô, Miguel….cadê meu comentário?
Wilton Santos
05/02/2019 - 21h31
O PSOL sozinho consegui superar a cláusula de barreira e dobrar sua bancada com candidatos jovens. Por outro lado, o PCdoB não conseguiu superar a cláusula de barreira e teve desempenho eleitoral inferior ao das últimas eleições. Provavelmente nas próximas eleições o PSOL continuará crescendo enquanto o PCdoB não conseguirá superar a cláusula de barreira novamente, graças ao seu cretinismo parlamentar.
Marcos Videira
05/02/2019 - 22h13
Wilton: veja como você está contaminado com a arrogância petista. Você afirma que o PCdoB não conseguirá superar a cláusula de barreira por causa do seu CRETINISMO PARLAMENTAR. Mas nos últimos 20 anos (ou mais) o PCdoB foi aliado visceral do PT. Esse seu “cretinismo parlamentar” explica também o passado ou só serve pro futuro ?
Em vez de chutar aliados históricos, penso que o PT deveria reconhecer que sua arrogância está contribuindo para seu próprio declínio.
O Brasil precisa de uma Frente Ampla democrática e não de supostos donos da oposição.
Aliança Nacional Libertadora
05/02/2019 - 20h27
Depois do golpe o PSOL saiu do extremo pra centro esquerda, o PSB da centro direita pra centro esquerda, o PDT do centro para centro direita com apoio da extrema direita e o PC do B pragmático indo para a centro direita….a caminho de se unir ao PPS do Roberto Freire antigo PCB….
Ataulpho Andrade
05/02/2019 - 20h10
A posição desse pessoal que está apoiando os movimentos do PC do B, do PDT, etc., é uma posição extremamente confusa.
Por um lado, tentam se diferenciar do PT, PSOL, e congêneres. Dizem que o PT é “tirano”, “arrogante” (fico imaginando o nível de santidade desses pedetistas), isso e aquilo. Mas quando se afastam do campo histórico da esquerda, começam a ficar perto do governo atual, em uma zona cinzenta. Tome-se a situação na Câmara dos Deputados: há o bloco de situação, de oposição, e um bloco que se diz independente, mas qual é o sentido político disso?
Na ditadura, eram oposição clandestina. No governo FHC, eram oposição parlamentar e social. No governo do PT, eram governo. Aí no governo da extrema-direita fascista, eles são essa coisa amorfa, que me faz lembrar esses partidos do tipo REDE: quase ninguém sabe se a linha política do partido é de esquerda ou direita.
E aí tudo fica confuso: o pessoal tem que fazer uma demagogia aqui e ali para dizer que é de esquerda, mas também confere legitimidade ao governo de extrema-direita. Não apoia e nem luta contra. Não gosta nem desgosta. Não é situação nem oposição. No fim, não é de esquerda nem de direita: politicamente não é nada, não tem capacidade de conduzir os acontecimentos para um lado ou outro.
Justiceiro
05/02/2019 - 16h20
O povo brasileiro está cansado de ver tantos e tantos partidos políticos no Brasil e, pior, pagar por essa farra.
A cláusula de barreira veio atrasada e aleijada, já que partido que fosse barrado na cláusula deveria sumir da nossa vida, mas inventaram a tal de fusão.
Ora, partido político existe para representar o povo e se este não votou em determinado partido é porque não reconhece sua representação.
Tem que acabar com essa farra. Partido que não consegue eleger ao menos 10 Deputados de um colegiado de 513, não merece existir.
Vão trabalhar e tirem as mãos de nossos bolsos.
Infovagner
05/02/2019 - 14h01
Mas olha só o que o PC do B quer, que a liderança da oposição fique com um bloco que tem partidos governistas nele. Absurdo e PT e PSOL tem que lutar contra isto mesmo.
Roque
05/02/2019 - 12h13
O povo brasileiro não reconhece o PSOL como partido. Trata-se apenas de um amontoado de oportunistas, que serão sempre um puxadinho do Putê…
Sandro
05/02/2019 - 12h42
Disse tudo companheiro! Que puxada de tapete horrível por parte do PSOL. Decepção total!