Mais importante do que analisar pesquisas de opinião, é fazer uma justa avaliação dos resultados eleitorais. O banco de dados do Cepesp/FGV nos oferece oportunidade de fazer inúmeros exercícios estatísticos com os resultados das eleições de 2018.
Optei por fazer um estudo sobre o voto de esquerda no estado do Rio, usando como referência a votação de cinco candidatos que me pareceram bastante representativos desse campo político: dois deputados federais, Marcelo Freixo (PSOL) e Alessandro Molon (PSB); e três candidatos presidenciais, Ciro, Haddad e Boulos. Incluí também uma coluna com a votação de Bolsonaro e outra com o total de eleitores registrados no TSE em cada zona.
A tabela completa, com a votação em todas as zonas, está disponível aqui.
Mas hoje vamos fazer um recorte das zonas eleitorais do Rio onde a esquerda obteve seus melhores resultados. Indexei a tabela pela coluna Total Esquerda, que soma os votos de Ciro, Haddad e Boulos.
A tabela está abaixo. Observe-a um pouco. Voltamos em seguida.
Os bucólicos bairros de Laranjeiras e Cosme Velho, açambarcados pela zona eleitoral número 16, deram à esquerda o seu melhor desempenho, em todo o estado do Rio. Ciro, Haddad, Boulos obtiveram, somados, quase 42 mil votos, contra 34 mil votos para Bolsonaro. Por candidato, e ainda considerando apenas a zona 16, Ciro recebeu 25,8 mil, Haddad 14,6 mil e Boulos 1,4 mil.
Tijuca, Vila Isabel e Andaraí, tradicionais redutos da boemia carioca, também ofereceram muitos votos à esquerda. Foi nessa região, compreendida pela zona 170, que Marcelo Freixo e Ciro, por exemplo, registraram sua melhor performance; para Molon, a região foi a sua segunda melhor. Freixo, ainda na zona 170, obteve 10,5 mil votos, Molon 6,4 mil; entre os presidenciáveis, depois de Bolsonaro, que teve 47 mil votos na região, vieram Ciro, com 27 mil, Haddad, com 11,8 mil e Boulos, com 1,2 mil.
Botafogo e Humaitá, da zona 4, ficaram em terceiro lugar no ranking das zonas que mais deram votos à esquerda; os três candidatos presidenciais do campo progressista obtiveram aí 38,5 mil votos, um pouco acima dos 38,3 mil votos dados a Bolsonaro.
O voto ideológico de esquerda, tradicionalmente concentrado em bairros de classe média, como Tijuca, Botafogo, Leme, Copacabana, Humaitá, não conseguiu compensar a performance pífia do campo progressista nas regiões mais populares.
É preciso enfatizar, naturalmente, que esse voto ideológico de esquerda, embora concentrado em poucos bairros, espalha-se por todas as zonas eleitorais do estado. Essas 13 zonas da tabela correspondem a 14,7% do total do eleitorado fluminense, mas responderam por 36% dos votos de Freixo, 35% de Molon, 26% de Ciro, 14% de Haddad, 20% do voto do bloco de esquerda, e 12% dos votos de Bolsonaro.
O voto petista foi melhor em áreas do interior do estado e alguns lugares da periferia – nas mesmas regiões, contudo, onde Bolsonaro registrou desempenho muito melhor. As zonas eleitorais onde Haddad obteve mais votos foram, por ordem de grandeza, Maricá (cuja prefeitura é administrada pelo PT), Itaboraí, Volta Redonda e Duque de Caxias. Haddad conseguiu 19 mil votos na zona 55, Maricá; Bolsonaro, na mesma zona, obteve 45 mil votos. Ainda olhando Maricá, o bloco de esquerda (Haddd, Ciro e Boulos) totalizou somente 28 mil votos na região.
Em Volta Redonda, zona 131, Haddad obteve 15,5 mil votos, e o bloco de esquerda, 31,4 mil votos, contra 50,4 mil votos para Bolsonaro.
Bolsonaro também perdeu do bloco de esquerda na zona 211, que compreende os bairros da Gávea, Rocinha, São Conrado e Vidigal; nessa zona, Ciro obteve 18,7 mil votos, Haddad 12,2 mil e Boulos 734, totalizando 31,6 mil votos, contra 27,5 mil votos para Bolsonaro.
As zonas 4, 16 e 211 foram as únicas, em todo o estado do Rio, em que o bloco de esquerda teve mais votos que Bolsonaro.
No total do primeiro turno, o bloco de esquerda obteve, no estado do Rio de Janeiro, 2,6 milhões de votos, contra 5,1 milhões de votos para Bolsonaro.
No segundo turno, Haddad obteve 2,67 milhões de votos no estado do Rio, contra 5,7 milhões de votos para Bolsonaro.
Roque
24/01/2019 - 12h26
Ou seja, a surra que o Bolsonaro deu na esquerda, mostra claramente que o povo carioca e brasileiro deu um pontapé nos candidatos progressistas… A esquerda ainda não entendeu esta rejeição enorme, fruto das roubalheiras realizadas pelo chefe e a sua quadrilha…
Alan Cepile
24/01/2019 - 10h56
Matéria interessante. Destaque para as classes mais baixas votando no pior candidato para eles.
Anos de JN fazendo propaganda ajudou, além da falta de consciência de classe e baixa escolaridade que influi diretamente no pensamento crítico.
É bom que se diga que a esquerda (?), principalmente a que estava no poder por 13-14 anos, permitiu que isso acontecesse.
Pablo
24/01/2019 - 09h46
Todos eles candidatos burgueses ou pequeno-burgueses. O desempenho logicamente é pífio.
Sérgio de Souza
24/01/2019 - 07h13
Os cariocas terão o que pediram: um chefe de milícia na presidência da república.
Agora, sim, os comerciantes do estado poderão dormir em paz, sabendo que esses ladrõezinhos que roubam suas lojas serão abatidos a tiros!
Renato
24/01/2019 - 10h00
Durante 16 anos tivemos três chefes de milícias de corruptos : Lula, Dilma e Temer !
Renato
23/01/2019 - 23h56
Bolsonaro surrou a esquerda em praticamente todas as zonas eleitorais !
Marcos Carvalho
23/01/2019 - 21h34
Denúncia: Twitter não aceita montagem de Papai Papuda!
https://www.youtube.com/watch?v=qpxIV7ojTjM
BRASIL, UM PAIS DE TOLOS
24/01/2019 - 11h42
Muitos sites de esquerda quando estou acessando são bloqueados quando estão em reportagens desfavoráveis ao Bolsonaro.
No caso dos vídeos da fakada eu publico o site e os dados corretos em comentários mesmo aqui neste blog e os vídeos dão como indisponíveis. Mas no youtub eles estão disponíveis. PÇarece que querem impedir que se espalhem pois são muito convincentes, levantam dúvidas realmente séria sobre a farsa deste episódio eleitoral.
Marcelo Abb
23/01/2019 - 20h09
Cara, muito boa a análise. Isso mostra que praticamente todos os eleitores do Ciro migraram para haddad.
aksenti
23/01/2019 - 16h43
Que foto foda!
Glicia Nick de Oliveira
23/01/2019 - 17h05
A foto é do movimento Torcedores e Torcedores Pela Democracia, um movimento formado por apaixonados/as pelo futebol de diversos times de futebol pertencentes a coletivos ou não de esquerda que atuam nos clubes e arquibancada.
Renato
24/01/2019 - 02h11
São os torcedores mimimi !