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Convenções eleitorais confirmam aliança PT-MDB em diversos estados

Por Theófilo Rodrigues, publicado originalmente no IESP nas Eleições* Quem ouve parcela da militância petista acusar de golpista todo e qualquer partido político que participou do impeachment de Dilma Rousseff em 2016 fica com a convicção absoluta de que o PT jamais voltará a se aliar com essas legendas. Ao menos não no curto prazo. […]

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Por Theófilo Rodrigues, publicado originalmente no IESP nas Eleições*

Quem ouve parcela da militância petista acusar de golpista todo e qualquer partido político que participou do impeachment de Dilma Rousseff em 2016 fica com a convicção absoluta de que o PT jamais voltará a se aliar com essas legendas. Ao menos não no curto prazo. Quem ouve essa mesma parcela de militantes criticar Ciro Gomes por ter buscado o apoio do “Centrão” em vez de aceitar ser vice do PT sai com essa mesma impressão.

Contudo, engana-se quem acredita que a política opera sob a lógica redutora do preto ou branco. O processo histórico é bem mais complexo do que essa simplificação, pois é na realidade cinzenta que a política precisa atuar. Constrangidos pela história (path dependence), contingenciados por forças externas (estruturas) e responsáveis pelas consequências previsíveis de seus atos (ética da responsabilidade), os atores políticos buscam os mais diversos caminhos, por vezes aparentemente contraditórios, na busca pelo poder de implementar suas agendas, suas políticas públicas.

As convenções eleitorais ocorridas até agora mostram que, ao contrário do discurso militante, o PT e o MDB construíram alianças eleitorais para outubro de 2018 em muitos estados. Pouco intuitivo, levando-se em consideração que o MDB foi justamente o partido que protagonizou o impeachment de Dilma Rousseff em 2016.

Em Alagoas, a convenção estadual do PT anunciou ontem (29/07) que o partido apoiará a candidatura de Renan Filho (MDB) à reeleição ao governo do estado. Trata-se do filho de Renan Calheiros, presidente do Senado durante o impeachment de Dilma.

No Ceará, a convenção do PT decidiu no sábado (28/07) que não vai indicar nome para disputar as eleições ao Senado na chapa do governador Camilo Santana (PT). A decisão foi tomada por 200 votos a 70. Na prática isso significa uma aliança branca do partido com o MDB, para garantir a reeleição do senador Eunício Oliveira.

No Piauí, o governador Wellington Dias (PT) provavelmente terá como candidato ao Senado em sua chapa o presidente do MDB no estado, Marcelo Castro.

Em Minas Gerais, o MDB faz parte do governo de Fernando Pimentel (PT). Contudo, as articulações em Minas ainda estão em andamento e o MDB não definiu se continuará com Pimentel ou se apoiará a candidatura de Marcio Lacerda pelo PSB.

No Paraná, a senadora Gleisi Hoffmann desistiu de tentar a reeleição. Tudo indica que o partido apoiará a reeleição de Roberto Requião (MDB) no Senado.

Em Sergipe, a convenção do PT realizada ontem (29/07) definiu que a petista Eliane Aquino será a candidata a vice na chapa de reeleição do governador Belivaldo Chagas (PSD). Belivaldo era filiado ao MDB até 3 meses atrás e provavelmente o partido também o apoiará na disputa ao governo.

No Maranhão, a convenção do PT realizada na semana passada (27/07) definiu pelo apoio à reeleição do governador Flávio Dino (PCdoB). A convenção teve 149 votos favoráveis e 31 contrários. Ou seja, cerca de 20% da convenção do PT preferia que a aliança do partido fosse com Roseana Sarney do MDB.

Pesa em favor da posição do PT o fato de, na maior parte desses estados, o MDB ser dirigido por quadros que atuaram contra ou de forma neutra em relação ao impeachment. Nesse registro, as alianças propostas pelo PT sugerem também uma tentativa de influenciar na correlação de forças interna do partido adversário.

Como todos esses dados conjunturais demonstram, a política não opera sob uma lógica plena da ética da convicção, mas sim orientada por uma ética da responsabilidade, como sugere Max Weber. Se a instituição PT acatasse o desejo daquela parcela da militância que não aceita alianças com partidos que participaram do impeachment de 2016, o partido entraria isolado nas eleições de outubro e, provavelmente, sairia derrotado. Mas os dirigentes partidários possuem uma responsabilidade com a vitória eleitoral. E é justamente aí que reside a maior riqueza da política.

*Theófilo Rodrigues é professor substituto no Departamento de Ciência Política da UFRJ.

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Theo Rodrigues

Theo Rodrigues é sociólogo e cientista político.

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Comentários

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TuTuva

06/08/2018 - 09h15

O PT FEDE. Pela extição JÁ do partido. Pela prisão de todos os CRIMINOSOS.
A Esquerda FEDE.

hocuspocus

31/07/2018 - 17h22

A “política” dos cinzas que o cronista sugere, está mais pros escuros de um prostíbulo do que para o Brasil pós-golpe 2016.
Enquanto continuarmos a aceitar comportamentos já comprovadamente NEFASTOS DE PARTE DA CLASSE POLÍTICA,continuaremos a pagar a conta como o estamos fazendo agora.
Aos ciristas ,lamento dizer que ele continua a caminhar encima do muro ,volta e meia cai pra um lado ou para o outro ,dependendo onde o sol está esquentando mais.
Continua a ser Lula ,a única chance de tentativa de estancar o sangue que jorra.É a sua “candidatura” até o último instante a sua preservação como líder de nossos anseios,e quem sabe até da sua própria vida.

Luis Campinas

31/07/2018 - 16h38

O final do texto é quase que uma mea culpa dos instantes anteriores. Sem entrar nos detalhes, colocar a foto do Requião… Quem não queria um cara desse ao lado? Já que era pra chutar o pau da barraca, porque não a foto do Eunício? Porque toda forçação tem limites não é? E pensar que tudo isso aí porque Ciro não cresce. E não cresce porque em grande medida, imaginou o mesmo que a Lavajato e quase toda. Depois de prezo o cara desidrata e no caso do Ciro teve mais, quis um voto meio de centro, como se hoje não fosse o PT e o anti PT na jogada. Porque Ciro com uma experiência junto ao PT e Lula, se mostrou com autoridade em falar sobre o PT, Lula e Dilma, em momentos de forma praticamente igual seus detratores da direita? Por ser um solo na política e porque em determinados momentos coloca suas pretensões eleitorais acima do juízo. No começo duvidava da inocência de Lula, avançou um pouco a medida que as suas dificuldades foram se ampliando, só que não considerar Lula preso político é muito, muito estranho. Em tempo, no Ceará, a ação foi do governador e não de Lula e acredito eu será revertida. Até porque o senado, nunca valeu tanto como valerá depois de 2018.

Lindolfo

31/07/2018 - 16h22

Pois é, criei mais rejeição ao Ciro Gomes que ao Bolsonaro, hj são os 2 nomes que não votaria nem a pedido do Lula.

    Miguel do Rosário

    31/07/2018 - 16h24

    Põe a mão na cabeça e pensa no povo brasileiro, Lindolfo. Não pense assim!

      Alan Cepile

      31/07/2018 - 17h17

      Lindolfo, com todo respeito, vc está se deixando levar pela opinião de blogs irresponsáveis com o Brasil, não se deixe enganar assim tão facilmente, procure ver vc mesmo se o Ciro é isso que querem que vc pense dele, acesse suas entrevistas no youtube (ele concede uma a cada 3 dias praticamente), assista em ordem cronológica desde o final de 2017, vc vai perceber que a retórica dele é sempre a mesma, veja o que ele fez nos mandatos passados, veja como a mídia golpista o trata e vc verá que Ciro Gomes tem muito mais em comum conosco do que com o lado de lá, enfim, tenho certeza que vc vai ver a verdade.

gN

31/07/2018 - 16h07

O melhor é à chapa PT/Renan Calheiros… Quem viu é quem te vê PT!

Mauro Assis

31/07/2018 - 15h48

A diferença é que o PT tem nojinho, né? Então tá…

Wagner Moraes

31/07/2018 - 15h46

Theo, você pode fazer melhor que isto, tenho certeza!!!!

Justiceiro

31/07/2018 - 15h43

Bora petistas votar em Renan Filho pra governador e Renan Calheiros para Senador em Alagoas.
E os petistas cearenses não poderão votar mais no petista José Pimentel para Senador: terão que votar em Eunício Oliveira.

tem que votar de acordo com o que manda Lula

Antonio Passos

31/07/2018 - 15h40

Excelente ! O PMDB de Requião e outros é bem-vindo. Aliás uma das grandes armadilhas na qual a esquerda caiu, principalmente a nefasta Dilma e seu Zé, foi virar as costas aos parlamentares do PMDB que O POVO ELEGEU. Alguém ainda tem dúvidas de que se Dilma tivesse negociado com Cunha e outros teria sido muito MELHOR para o Brasil ?
Ou alguém acha que esse judiciário aí de Moro, Gilmar, Barroso, Carmem, etc são melhores para o Brasil ?

EDEM

31/07/2018 - 14h33

Tendencioso demais. O fato de que no Maranhão 20% votou de forma diferente pra vc é mais importante do que os 80% que decidiram apoiar o Governador Flávio Dino do PC do B? O pt soltou um comunicado que apesar do apoio ao Governo do Estado, não apoiará a candidatura de Elisiane Gama, deputada que votou a favor do Impeachment, ao Senado. O partido de Elisiane terá apoio do Governador para esta candidatura, mas não do PT. Mas com certeza isto não é importante quando vc se esforça pra tentar convencer o leitor de alguma coisa.

Pedro Cândido Aguarrara

31/07/2018 - 14h01

Melhor chapa possível, caso Lula não possa concorrer, é Roberto Requião e Celso Amorim.

Amorim não seria vice decorativo pois acumularia Vice Presidência e Itamaraty.

E Requião é o único político brasileiro, tirando Lula, que tem TUDO:

Reputação, História, Liderança, Maturidade e Coerência.

Ciro ficaria com a Fazenda. Ele, Manuela e Boulos, desistiriam das candidaturas para apoiar essa chapa que une toda a esquerda e ainda traz a banda boa do PMDB.

Uma chapa sólida!! Inatacável!!! Imbatível!!! Que vencerá no 1o turno.

Marcos

31/07/2018 - 14h01

É por conta destas alianças que o tal de “golpe” nunca existiu… Que vergonha ver os petistas fazendo campanha para Renan Calheiros, Eunício Oliveira, e outros políticos do MDB. Vai ser complicado agora ficar gritando que foi golpe, o impeachment da Dilma. Todo o processo foi legal e dentro da lei.

Alan Cepile

31/07/2018 - 13h52

O PT pode, os outros não, se fizerem são coxinhas!


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