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Bolsonaro não é Trump: é muito mais fraco (e mais perigoso)

O sociólogo Celso Barros faz uma análise comparativa entre Jair Bolsonaro e Trump, e conclui que o brasileiro não se parece com o bilionário americano que hoje é presidente do país. A diferença principal é que Trump tinha estrutura partidária. Bolsonaro, não. *** Na Folha Não há mais como Bolsonaro vencer como Trump venceu Sem […]

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O sociólogo Celso Barros faz uma análise comparativa entre Jair Bolsonaro e Trump, e conclui que o brasileiro não se parece com o bilionário americano que hoje é presidente do país. A diferença principal é que Trump tinha estrutura partidária. Bolsonaro, não.

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Na Folha

Não há mais como Bolsonaro vencer como Trump venceu

Sem um pé no sistema partidário, candidato não será como presidente dos EUA

Por Celso Rocha de Barros

30.jul.2018 às 2h00

Em artigo publicado na última edição da Época, o jornalista americano Brian Winter, editor da revista Americas Quarterly, fez um aviso aos brasileiros: não subestimem Bolsonaro como os americanos subestimaram Trump.

Durante toda a campanha de 2016, os analistas políticos americanos apostaram que os mecanismos institucionais e as normas de civilidade tradicionais da política americana cedo ou tarde interromperiam a ascensão de Trump. Não funcionou.

O alerta é bem-vindo, e deve ser levado a sério. Mas o risco Bolsonaro mudou de cara na última semana. Não há mais como Bolsonaro vencer como Trump venceu.

Na onda global de radicalismo político que se seguiu à crise de 2008, um padrão parece claro: os radicais que venceram conseguiram colocar um pé dentro do sistema político tradicional.

Trump foi candidato do partido republicano, uma das maiores máquinas políticas do mundo. Se o Partido Conservador britânico não tivesse tentado roubar eleitores do Ukip propondo o plebiscito do Brexit (em que o governo contava que o “Remain” venceria), a proposta nunca teria saído da franja radical da política britânica. No mesmo Reino Unido, Jeremy Corbyn liderou uma revolta de esquerda por dentro do Partido Trabalhista, como Sanders tentou fazer entre os democratas americanos.

O pé dentro do sistema que Bolsonaro pretendia colocar era o centrão. Nunca teve chance de atrair o PSDB ou o PMDB. Oferecia, entretanto, a possibilidade de promoção do baixo clero à primeira divisão. Diga o que quiser, nenhum presidente brasileiro até hoje foi vagabundo o suficiente para oferecer um cargo importante a Magno Malta. Bolsonaro seria.

Não deu certo. O centrão foi para Alckmin. Desde então, Bolsonaro xinga muito o centrão, mas isso é como na fábula com uva e raposa. Bolsonaro tentou conquistar Uvaldemar Costa Neto, mas o PSDB foi mais raposa.

Sem um pé no sistema partidário, não dá mais para Bolsonaro ser Trump.

Não foi só com o apoio da Fox News, dos nazistas de Charlottesville e dos picaretas Steve Bannon e Alex Jones que Trump venceu. É até legítimo perguntar o quanto fez diferença o candidato republicano ser Trump. O padrão nos Estados Unidos tem sido o presidente se reeleger (como Obama fez), mas não fazer o sucessor.

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No fundo, o candidato mais forte a Trump brasileiro seria João Doria, outra mediocridade política que, entretanto, conseguiu se infiltrar em um grande partido. Mas Doria cometeu um erro que Trump evitou: expôs sua pouca disposição para governar se elegendo prefeito antes de concorrer à Presidência.

Agora resta a Bolsonaro apostar todas as fichas no discurso antissistema. Não é mais importante saber o que Bolsonaro vai dizer ou propor. Seus aliados, até outubro, são novas revelações da Lava Jato contra seus concorrentes, a discussão no STF sobre o fim da prisão em segunda instância e a ênfase no discurso pró-militar, que pode transformar todo quartel pelo Brasil afora em um comitê de campanha. De agora em diante, todo discurso de Bolsonaro deve ser uma promessa velada de golpe para acabar com a corrupção.

Ou Bolsonaro cairá como Trump deveria ter caído, ou vencerá sendo muito mais nocivo à democracia brasileira do que Trump vem sendo para a democracia americana.

Servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra).

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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G

30/07/2018 - 15h27

Pq a esquerda ainda fica prestando atenção nessa elite acadêmica sem futuro? Ainda não perceberam Q as coisas mudaram? Q eles não conseguem mobilizar ninguém?

M Santos

30/07/2018 - 13h32

NENHUM COMENTÁRIO???? KKKKKKKKK – TÁ PASSANDO TRABALHO, HEIN MODERADOR?

M Santos

30/07/2018 - 13h26

Esse Bolsonaro é perigoso mesmo! Está deixando todos apavorados: Globo, Veja, Isto é, Exame, Época, Estado de São Paulo, Folha. E os políticos corruptos, então? Nossa, esse cara é perigoso demais pros vagabundos, ladrões, também pros pedófilos e todos aqueles que querem acabar com os valores cristãos, com a moral e com a família. realmente esse cara é perigosíssimo!!!


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