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Em Minas, recrudesce o racha entre MDB e PT. Por Carlos Lindenberg

Coluna pulicada no Brasil 247: A decisão do presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Adalcléver Lopes, de exonerar nada menos de 60 ocupantes de cargos de confiança do gabinete do líder do governo naquela casa, deputado Durval Ângelo, novamente pegou o governo Fernando Pimentel de surpresa, senão o próprio Legislativo. As exonerações, colocadas na […]

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17/11/2015 - Brasília - DF - O governador do Espírito Santo, Paulo Hartung e o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel, durante entrevista coletiva com a presidente Dilma Rousseff, após reunião no Palácio do Planalto. Foto: Lula Marques/ Agência PT

Coluna pulicada no Brasil 247:

A decisão do presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Adalcléver Lopes, de exonerar nada menos de 60 ocupantes de cargos de confiança do gabinete do líder do governo naquela casa, deputado Durval Ângelo, novamente pegou o governo Fernando Pimentel de surpresa, senão o próprio Legislativo. As exonerações, colocadas na conta do líder, foram publicadas na edição do Minas Gerais, órgão oficial dos Poderes do Estado, neste sábado, pouco mais de uma semana depois de o mesmo Adalcléver, até então um fiel e desabrido aliado do governador, surpreender o mundo político mineiro ao receber de um advogado belo-horizontino, Mariel Marra, o mesmo que pediu o de Temer e Rodrigo Maia nem tomou conhecimento, o pedido de impeachment de Fernando Pimentel.

Na última segunda feira, o líder do governo, deputado Durval Ângelo, e o secretário da mesa, deputado Rogério Correia, apresentaram questão de ordem em que contestam o advogado e pedem o arquivamento do pedido de impeachment por se tratar, segundo eles, de uma peça inepta e eivada de erros de informação, além de sustentada apenas em recortes do jornal O Tempo, que não vê o governo do Estado com bons olhos. O advogado alega para o pedido de impeachment o que considera atraso no pagamento do funcionalismo – na verdade trata-se de parcelamento dos salários – falhas em repasses de fundos constitucionais para os municípios e não liberação de recursos para os outros Poderes do Estado, entre os quais o próprio Legislativo. Ângelo e Correia mostraram ainda que o pedido feria o regimento interno da Assembleia ao ser lido no plenário pelo vice-presidente da Casa, deputado Lafayette Andrada, quando só poderia ser recebida e lida pelo presidente Adalcléver Lopes, de acordo com o artigo 83 do Regimento, sem embargo de mostrarem que o Estado vive sob decreto de emergência financeira reconhecida pela própria Assembleia.

Na verdade, ao acatar o pedido, embora lido pelo seu vice-presidente, Adalcléver estava dando um passo adiante no que está sendo interpretado em Minas como um aviso de rompimento do MDB, do vice-governador Antônio Andrade, que desde 2016 está em rota de colisão com Pimentel, com o presidente da Assembleia agora juntando-se ao vice rebelde para derrubar o governador numa tentativa de impeachment que muito se assemelha ao caso da ex-presidente Dilma Rousseff – ou não foi o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha, quem preparou o terreno para Temer assumir, sob inspiração do PSDB de Aécio Neves que havia sido derrotado nas urnas pela candidata do PT? Com a coincidência de que, em Minas, o vice que almeja o lugar de Pimentel pelo impeachment também manobra para apoiar nas eleições de outubro o candidato, não por acaso do PSDB, Antônio Anastasia – assim como, não também por acaso, Temer se prepara para apoiar o tucano Geraldo Alckmin, numa espécie de arremedo de que o que se faz lá se pode também fazer em Minas. Ou o pau que dá em Chico, leia-se Dilma, dá também em Francisco, leia-se Pimentel. Ou seja, o que há por trás de tudo isso, como leem os mineiros, é um acordo nacional que tem por finalidade destruir o PT por onde for capaz, a começar pela prisão e inviabilidade da candidatura do ex-presidente Lula, por ironia, o líder em todas as pesquisas em que seu nome aparece.

O que chama a atenção dos mineiros é a mudança de posição do deputado Adalcléver Lopes, um deputado discreto, habilidoso e dotado de incontestável liderança na Assembleia, tanto que a dirige pela segunda vez consecutiva e até aqui um incondicional apoiador e fiador das ações de governo de Fernando Pimentel, não se furtando nem mesmo a entrar em choque com o vice-governador que é o presidente do seu partido, o MDB, no Estado. Diz a lenda que tudo começou quando a ex-presidente Dilma Rousseff transferiu seu domicílio eleitoral para Belo Horizonte e começaram a dizer, aqui e ali, que ela viera para ser candidata ao Senado, para voltar a derrotar o senador Aécio Neves, se ele se dispuser à reeleição. Ocorre que essa vaga estaria sendo reservada para o deputado Adalcléver Lopes que se apresentaria como candidato único da coligação PT-MDB que governa o Estado. Lopes não teria gostado de saber disso pelos jornais e resolveu esticar a corda com o partido do governador, com quem já não vinha se entendendo bem por conta dos atrasos nos repasses para o Legislativo e pelo não pagamento das verbas parlamentares, das quais Adalcléver é avalista como condição para dar ao governo maioria folgada na Assembleia.

Mas até aí ninguém poderia imaginar que as coisas pudessem tomar esse rumo no Estado, com a Assembleia recebendo o pedido de impeachment, sendo que dois outros teriam sido rejeitados pelo menos Adalcléver, e agora com a decisão do presidente de exonerar todos os funcionários de recrutamento amplo do gabinete do líder do governo, numa atitude que pode ter sido mirada no deputado Durval Ângelo, mas que certamente atingiu o governador Fernando Pimentel, como se, na verdade, a ele estivesse sendo dado um aviso pouco alvissareiro – até porque na terça-feira o presidente Adalcléver terá de responder com todas as letras se aceitará ou não o pedido de impeachment de seu até então aliado. Os mineiros têm uma expressão bem peculiar para definir situações particularmente confusas como essa que o meio político montanhês está vivendo: – o trem tá tão feio que a vaca está estranhando o seu próprio bezerro. A rigor, nada mais apropriado.

No fundo, tudo se resume a isso. O vice-governador, que era adversário de Adalcléver, quer o impeachment de Pimentel para assumir o governo, levar seu partido a apoiar Anastasia na corrida para o Palácio da Liberdade e com isso tentar derrotar o governador petista a mando de Temer, usando para isso a liderança que o presidente Adalcléver Lopes tem na condução da Assembleia. O que nem um nem outro leva em conta é que tanto os deputados federais como os estaduais não querem o rompimento da aliança PT-MDB, porque foi por ela que o antigo PMDB fez treze deputados estaduais e seis federais, em Minas, e sem ela provavelmente as bancadas serão reduzidas à metade, dado que nas eleições de 2014 o PT teve em Minas, em números aproximados, o dobro da votação que obteve o atual MDB. Esse quadro será levado ao presidente da legenda, Romero Jucá, em Brasília, para mostrar que nessa toada o MDB poderá até desaparecer no Estado ou reduzir-se a números insignificantes na sua representação parlamentar.

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Comentários

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Eduardo

07/05/2018 - 11h22

Não se iludam! Uma composição entre Adalclever Lopes e Mauro Lopes com Antônio Andrade, Aécio Neves, Romero Jucá, Anastasia, Zezé Perrela e a quadrilha toda do Vampiro Temer é uma oposição ao PT que não merece o mínimo respeito do cidadão, pois mete medo, terror, e dai pode se esperar tudo de ruím e deplorável visto sabermos quantos corruptos e ladrōes hipœcritas estariam aí envolvidos!

Luis CPPrudente

06/05/2018 - 22h42

O PT mineiro tem que romper a relação com o (P)MDB e extinguir esse partido de aluguel da vida dos mineiros, provavelmente estes mineiros não votarão em bandidos do PSDB, que também poderá sumir de Minas Gerais.

Roberto

06/05/2018 - 21h44

Como assim “racha”? Não há “racha”. Houve um golpe. Eduardo Cunha, do MDB, liderou o golpe contra o PT na Câmara. Assumiu um traidor golpista, do MDB. Então não pode haver “racha”, pois PT e MDB são agora INIMIGOS. Ou alguém se atreve a dizer que houve um “racha” entre Hitler e os judeus?


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