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O DESTINO DE LULA. Por Wanderley Guilherme dos Santos

Artigo do professor Wanderley Guilherme dos Santos, publicado neste link. Preocupados com o destino pré-eleitoral de Lula, inflamadas porta-vozes do grande líder descuram-se do que com ele pode ocorrer depois das eleições. Com a tese kamikaze de ou Lula ou nada e a religiosa excomunhão dos que sugerem a possibilidade de o PT abrir mão […]

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Data: 24/10/2014 Editoria: Politica Reporter: Vanessa Jurgenfeld Local: Rio de Janeiro, RJ Pauta: Foto do cientista politico Setor: Pesquisa Personagem: Wanderley Guilherme dos Santos, cientista politico, fotografado na sala do seu apartamento Tags: livro, cadeira, luminaria, computador, balanco, escrevendo, lendo, Fotos: Leo Pinheiro/Valor

Artigo do professor Wanderley Guilherme dos Santos, publicado neste link.

Preocupados com o destino pré-eleitoral de Lula, inflamadas porta-vozes do grande líder descuram-se do que com ele pode ocorrer depois das eleições. Com a tese kamikaze de ou Lula ou nada e a religiosa excomunhão dos que sugerem a possibilidade de o PT abrir mão da cabeça de chapa, hostilizam o eleitorado brizolista e os socialistas contrários a Joaquim Barbosa, ademais de enorme eleitorado de esquerda não automaticamente petista. Quem não se preocupa com isso é partido carona, partido que não tem voto. A sensata opinião de que, na impossibilidade da candidatura Lula, o PT conversaria com aliados históricos sem a preliminar de que a cabeça da chapa lhe pertença, vê-se acusada de traição e, para os mais exaltados, adesão à direita. A ideia de que lutar por justiça para Lula obriga a exigir que seja candidato e, consequentemente, presidente da República, só faz sentido na cabeça de conversos à política de caudilhos. Pode ter sucesso, mas, falhando, cresce a possibilidade da derrota de todos, não apenas dos fiéis petistas, com o abandono do poder legal à direita. O insucesso presidencial não impedirá a eleição de deputados progressistas Brasil a fora, deixando a conta, contudo, para o fantasma de Carlos Drummond: e agora Lula?

À falta de metralhadoras e de quem as queira operar, e a visível fragilidade das hostes em direto combate contra os operadores do judiciário, é surpreendente, não só a negligência, mas a estúpida desmoralização dos mecanismos eleitorais. Vencer as eleições presidenciais em outubro é o único, único, único, caminho legal para alterar, em segurança, as atuais posições políticas e jurídicas separando o complexo das esquerdas do aglomerado das direitas. Sem essa vitória, a idade das trevas se prolongará até o fim do mandato dos deputados progressistas eleitos na onda do “ou Lula ou nada”. Será o nada de Lula.

Prolongada omissão de Lula, em silencioso incentivo aos incendiários, arrisca suas próprias barbas, assistindo a intensificação das ofensas de petistas ao eleitorado progressista, mas não devoto. Por enquanto, Lula ainda pode escolher o caminho que não deseja seguir. Depois das eleições de outubro, o destino de Lula, em um ou em outro sentido, não dependerá mais de sua estrita vontade.

Wanderley Guilherme dos Santos é um cientista político brasileiro, autor de vários livros e artigos na área de Ciências Sociais.

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Comentários

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Thiago Araujo

08/05/2018 - 17h24

No antigo Egito, as tumbas dos Faraós eram o ambiente de esperança para que pudessem reviver.
Akenaton, o “deus sol”, é sua amada, Nefertiti, desafiaram o sistema sacerdotal e EXCLUÍRAM mais de 2.000 deuses.
Criado estava o monoteísmo com o “deus sol” no epicentro.
Isso levou o então grandioso império egípcio à beira da ruína.
L’État c’est moi – frase atribuída, no auge do absolutismo francês, a Luis XIV, pode ter dado embalo à idéias que culminaram com o acontecimento de 1.789, naquele país.
O Brasil é maior que QUALQUER brasileiro.
Que estória ( com “e” ) é essa que sem LULA o Brasil “não existe”?
Ele é UM dos mais de 200.000.000 de brasileiros.
O fanatismo de Akenaton e o alter-ego monárquico de Luis XIV redundaram, efetivamente, em benefício dos destinatários do Estado, O POVO?
Eleição Majoritária, é o MEIO democrático de se escolher, ENTRE OS DISPONÍVEIS, alguém que faça a gestão executiva do país.
O Brasil não pode ficar à mercê de um nome.
Hegemonia doutrinária num país com 35 Partidos registrados e OUTROS 73 pleiteando ter vida, é até um insulto à lógica.
Viva à NAÇÃO brasileira.

Policarpo

07/05/2018 - 06h39

Concordo com os principais argumentos que WGS vem manejando nos últimos textos e intervenções públicas:
1º que o único caminho legal e possível para vencer o golpismo são as eleições de outubro,
2º que somente com o auxílio involuntário do Partido dos Trabalhadores a direita poderá chegar à presidência da República ,
3º que a prisão e a enelegibilidade de Lula apesar de ser totalmente injusta, arbitrária e discricionária, não deve servir de escusa para mal-dizer ou deslegitimar as eleições de outubro (aliás é tudo o que os golpistas gostariam e se esforçam para fazer, fogem com o diabo da cruz de eleições)
4º que seria um erro abandonar a arena que nossos adversários justamente mais temem que é a competição por votos (que pelo que se indica “eles” não conseguem conquistar).
5º que uma esquerda isolada e sectária não elege presidente da República como já entenderam e comprovaram as esquerdas dentro do e fora do PT ao longo das últimas décadas
No entanto, não comprendo ou não vejo como encaixar com os argumentos arrolados de porque o PT deveria oferecer (de pronto e de antemão e sem nenhuma contrapartida) a cabeça de chapa a outros partidos (?) afim de produzir uma possível coalização ou frente ampla. Mesmo que admitamos que os duros golpes que atigiram as principais lideranças históricas do petismo debilitaram a capacidade e a força do partido dentro do campo progressista, parece ainda inconteste a liderança do PT sobre esse campo político e idelógico tanto em termos quantitativos como qualitativos olhando-se por onde quer que se olhe, do número de representante eleitos ao tempo de tv disponível, do número de militantes e principalmente de simpatizantes a penetração em diferentes movimentos sociais e sindicais em comparação com qualquer outra agremiação política. Parece também inegável e indiscutível a liderança de Lula sobre o Partido e seu papel de liderança política inconteste (e que aliás explica a caça a que tem sido submetido). Como o WGS também entendo que justamente por tudo isso cabe a Lula o primeiro passo para desbloquear essa situação difícil, mantendo ou não sua candidatura e, nesse último caso, escolhendo um candidato alternativo que, na impossibilidade legal de apresentar sua própria candidatura, deve representar e liderar a coalizão ou essa grande frente. Outro ponto é que não vejo como e porque a candidatura de Ciro Gomes e do PDT pode ajudar ser o possível substituto de Lula, e isso principalmente pela estratégia adotada pelo próprio candidato, diferente de outros partidos como o PC do B e até mesmo o PSOL, bastante dúbia em relação a Dilma, a Lula e ao PT e ao longo de todos esse processo kafkaniano que foi colocado em movimento pelo Golpe de Estado. Ou seja, Ciro não se qualificou para a posição de liderança que pretende herdar.

Manoel Missias de Souza

05/05/2018 - 08h53

Eu não acredito em nenhum político .

Serjao

05/05/2018 - 04h52

Vc não entendeu.
O golpe foi desferido ao programa de governo eleito com os votos do povo por quatro eleições consecutivas.
Tomaram do povo na mão grande, logicamente uma eleição sem o nome do Lula é jogar a toalha é baixar a cabeça para a canga.
O correto seria todos os democratas e progressistas não lançarem candidato algum.
Não é uma questão de cabeça de chapa ou não, é: eleição sem Lula é cpitulação.

Armando

04/05/2018 - 22h41

Enguanto o pig e o tio sam mandar no brasil não havera democracia.
Com ou sem Lula,

Paulo Nascimento

04/05/2018 - 22h01

Com todo respeito mas que fragilidade de argumento. O rabo quer balançar o cachorro, de novo…. Gostemos ou não, observe o tamanho de Lula/PT do PDT/Ciro, PSB… Quem, sistematicamente, tem feito movimentos dúbios e repletos de arrogância neste contexto político que o Brasil vive – É o PT? É o Lula? ou é do fio desencapado do Ciro? Quanto ao candidato Domínio Barbosa do Fato pedir confiança/apoio do eleitorado petista é um pouco hilário, não concorda? O fato é que a política brasileira é pobre e sem Lula é miserável.

    LUIS GAZAL

    05/05/2018 - 12h03

    Prezado Paulo Nascimento,
    Você disse o essencial em breves linhas e na sua conclusão:
    “O fato é que a política brasileira é pobre e sem Lula é miserável.”
    Assino em baixo.
    O Lula brilha mais na prisão do que todos os outros “candidatos” na mídia. Tipo o incrível Hulk, normais ou minúsculos na realidade, enormes na transformação midiática.
    O médico Arturo Illia foi eleito presidente da Argentina, em eleições que tiveram o Juan Domingo Perón proscrito. Fez um belo governo de conciliação nacional. Quando pôs o foco nos interesses da indústria farmacêutica, com a Lei de Medicamentos, e da indústria multinacional do petróleo, foi retirado da Casa Rosada pelos militares.
    A República Federativa do Brasil precisa de governo legítimo, fundamentado nas urnas, sem manipulações fraudulentas.
    É isso.

Maria Ines Reinert Azambuja

04/05/2018 - 21h27

Creio numa solução alternativa. Soltem Lula e confiem que êle tomará a melhor decisão para o futuro do país. Preso ele é a própria evidéncia de golpe de Estado, e eleições são uma farsa para legitimar o que é sabidamente ilegítimo… Ciro nem ninguém terá condições de governar pela centro-esquerda. Solto, quem sabe… é nossa única chance…

PASCOAL JACINTO DA SILVA FILHO

04/05/2018 - 19h22

Acredito que dependendo da opção, não teríamos objeção: tipo uma candidatura que tivesse Roberto Requião como presidente. Eu sinceramente gostaria que a candidatura de Lula fosse registrada tendo Requiao como vice. Assim, Lula sendo impedido, seguiria Requiao, o único, a meu ver, que teria peito para reverter as trapalhadas de Temer

Antonio Passos

04/05/2018 - 19h02

Ninguém é perfeito e mestre Wanderley, como ser humano que é, está completamente equivocado nesta questão, na minha opinião.
Ele é que não consegue enxergar que, se o golpe consegue depor uma presidente e barrar a candidatura Lula, NENHUM candidato eleito terá força alguma para realizar um governo nacionalista. Teremos um outro Sarney, porque a eleição sem Lula será tão carente de legitimidade como foi a eleição “indireta” da década de 80. Isto SE HOUVER eleição e SE não houver fraude. Surpreende que Wanderley tenha esta ilusão à respeito das eleições.
A luta por Lula é a luta pela democracia, ou derrota-se o GOLPE que derrubou Dilma e impede Lula, ou o Brasil estará perdido.

    Manoel Missias de Souza

    05/05/2018 - 08h51

    O Brasil é um excelente país! Pena ser comandado por lixos políticos !

    perez

    05/05/2018 - 11h06

    uma tristeza esta época…

    José

    08/05/2018 - 01h19

    Concordo inteiramente com seu comentário.

Jaciara Siqueira Coelho

04/05/2018 - 18h38

Como é bom ler as reflexões de Waderley Guilherme. Um cientista político argentino nos lembrou do papel recente do Exército ameaçando ministra do supremo para garantir assim a prisão de Lula. Tempos sombrios. Hoje Ciro Gomes é impedido de visitar Lula. A elite desse país é astuciosa, tentará eleger seu representante, não conseguindo, dificultará sobremaneira qualquer candidato progressista. Mais do que nunca precisamos da união tática para que o retrocesso social e político seja o menos danoso possível para nós trabalhadores.

Fehnelon

04/05/2018 - 18h05

* Esqueci de observar… “metralhadoras”… trouxemos um “colorido” novo para a narrativa… arrepiante mesmo, mais uma vez, que medo…

Fehnelon

04/05/2018 - 18h00

Buuuuu.. Que medo…. Então o Lula, se for sensato e realmente pensar no país, deve indicar o Ciro, não é? Por um acaso o professor vota em quem?

Óbvio que o cenário pode se concretizar, e vários outros também, mas vamos naquele que embasa nosso argumento, né professor?

Lula Livre! Lula Inocente! Lula Presidente!

Marcos Videira

04/05/2018 - 17h30

Enquanto tinha poder político institucional o PT se omitiu em diversas ocasiões, permitindo a ascensão dos fascistas. Agora essa arrogância de alguns petistas de se considerarem a “hegemonia das esquerdas”.
A proposta de Jaques Wagner me parece que teria a força aglutinadora necessária para constituir uma unidade dos democratas (socialistas e liberais) para derrotar os fascistas e entreguistas.


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