Antes de abordar – e combater – as más ideias que andam correndo por aí, falemos um pouco sobre as falácias da votação de ontem no STF, encarnadas sobretudo pelo discurso demagógico de Luis Roberto Barroso.
A maior falácia de todas é que uma interpretação mais restrita da presunção da inocência, que implique na prisão obrigatória do réu após a condenação em segunda instância, é uma necessidade para se prender os “ricos”, porque estes, por poderem pagar advogados, conseguiam postergar o processo por um longo período.
Este é um entendimento fascista, que a esquerda não pode comprar. Ele parte de vários pressupostos autoritários ou mentirosos.
O mais autoritário deles é olhar o réu como culpado e que os seus recursos são sempre protelatórios.
Igualmente grave é achar que apenas os “ricos” podem pagar advogado e interpor recursos. Advogados são caros, mas 99% dos réus que usam recursos e contratam advogados não são ricos. São pessoas que fazem enormes sacrifícios de seus bens pessoais para se defenderem adequadamente. Famílias vendem bens, endividam-se, para defender o ente querido, culpado ou não, da persecução penal.
Pretender que mudar uma lei, contra o réu, que abolir uma garantia fundamental inscrita na Constituição, será benéfico para prender “ricos” é uma estupidez inacreditável, e nenhum liberal, nenhum progressista pode cair nessa.
Qualquer poder discricionário que se dá ao Estado de prender mais e por mais tempo não vai, obviamente, prejudicar apenas um punhado de ricos corruptos, e sim toda a sociedade brasileira, composta, em sua maioria, por pessoas pobres ou com poucos recursos.
Ah, dizem, mas 40% dos presos no Brasil não tem sequer condenação em primeira ou segunda instância, então essa mudança não fará diferença para eles! Ora, mas 60%, mais de 420 mil pessoas, tem condenação, há muitos casos de injustiça, ou casos em que o cidadão poderia, sem mal nenhum à ordem pública, responder o processo em liberdade!
Já mencionei, em post anterior, que Barroso foi desonesto e contraditório. Fux foi na mesma linha. Ambos chegaram ao ponto de embasarem o seu voto no espírito de linchamento: como se a histeria social fosse um argumento válido para se derrubar as garantias constitucionais que protegem o cidadão da persecução estatal. Ou então mencionaram, num tom demagógico inacreditavelmente cínico, casos de grande repercussão midiática em que o réu conseguia, através de interpostos recursos, atrasar a sua prisão.
Tudo isso parte de uma visão de justiça inteiramente punitivista, que olha a prisão como fim último do aparato repressivo. Não é. O fim último do aparato repressivo é o oposto: é garantir a liberdade; e para isso o mais importante é prevenir o crime, em primeiro lugar; investigá-lo corretamente, em segundo; e julgá-lo com imparcialidade e justiça, em terceiro. Por fim, e muito lá no fim, o Estado deve condenar um ser humano a perder o que ele possui de mais sagrado, a sua liberdade.
A tese de Barroso é muito perigosa, porque ele fundamenta seus votos não na Constituição, não na norma, e sim num discurso supostamente moral, fingidamente político, que é o oposto do direito humanista moderno. É constrangedor que um leigo, como este escriba, tenha de lembrar a Barroso as palavras de Hans Kelsen, em sua Teoria Pura do Direito:
A tese de que o Direito é, segundo a sua própria essência, moral, isto é, de que somente uma ordem social moral é Direito, é rejeitada pela Teoria Pura do Direito, não apenas porque pressupõe uma Moral absoluta, mas ainda porque ela na sua efetiva aplicação pela jurisprudência dominante numa determinada comunidade jurídica, conduz a uma legitimação acrítica da ordem coercitiva estatal que constitui tal comunidade. (Kelsen, Martins Fontes 2015, Direito e Moral, pág 78)
Ou seja, Kelsen alerta que o discurso moral serviria apenas para legitimar o arbítrio e a discricionaridade dos agentes públicos. Em termos mais populares: a moral, ou a “luta contra a corrupção”, é a desculpa principal para se legitimar a meganhagem.
Barroso menciona o longo tempo de espera do processo como se isso beneficiasse o réu. Ao pensar assim, mais uma vez, revela o seu pensamento: ele esposa a teoria fascista de que o réu é culpado até prova em contrário. O princípio da presunção da inocência precisa ser levado a sério, porque é o valor fundamental do humanismo moderno! Apenas se levarmos a sério este princípio, teremos uma visão clara sobre a natureza autoritária do discurso de quem descreve os longos e angustiantes anos de duração do processo penal como uma vantagem… para o réu!
Data venia, Barroso se porta como um ignorante exatamente na doutrina que ele finge defender, o iluminismo. Se relesse Cesare Beccaria, lembraria que o italiano denuncia a justiça medieval justamente pela interminável demora que esta levava para chegar a um veredicto. O processo precisa ser breve, a sentença branda, e a justiça justa! É assim que ensina Beccaria em seu livro Dos Delitos e das Penas, que Voltaire chamou, como bem lembrou o ministro Celso de Mello, de “le code de l’humanité”, o código da humanidade.
Concordo que os processos devem ser simplificados, agilizados, e criminosos e inocentes devem ter seus casos solucionados no tempo mais breve possível. Mas isso não pode ser feito através de uma interpretação hostil à Constituição e que transfira ainda mais poder discricionário ao poder repressivo!
Se Barroso entende que há recursos demais, e que há criminosos que demoram a ser punidos por causa disso, então que faça como qualquer cidadão interessado em mudar o seu país de maneira democrática: que escreva artigos, que faça vídeos, que dê entrevistas, que faça campanha para um parlamentar ou para um partido!
É demorado, eu sei, mas é assim o regime democrático! O que não pode é interpretar a constituição a seu bel prazer porque se acreditou na campanha da Globo e da Lava Jato de que a luta contra a corrupção está acima de tudo!
A função do Supremo Tribunal Federal é garantir a Constituição, e não interpretá-la de maneira contrária ao que está escrito nela!
Em seu discurso, Barroso não esconde que a sua argumentação é inteiramente baseada nas ações e narrativas da Lava Jato. Ele fala como um Savonarola furioso. Quando se empolga, menciona desvios em estatais que sequer foram apurados ou encontrados, como pagamento de propina para se obter financiamentos no BNDES. Barroso acusa uma instituição estatal contra a qual não se encontrou uma mísera prova de desvio, apesar de duas CPIs, da campanha midiática agressiva, e de seus servidores estarem trabalhando hoje para responder as mesmas questões, feitas obsessivamente por técnicos lavajateiros do TCU. Para Barroso, todos são culpados até prova em contrário: políticos, engenheiros, estatais, partidos, sindicatos, empresas.
Claro, ele não inclui a Globo no rol de culpados pela situação em que o Brasil se encontra, logo ela, que controla a opinião pública nacional há cinquenta anos. Ao contrário, Barroso, em seu voto, não poderia deixar de ler um artigo qualquer publicado no jornal O Globo, como fez.
Liberais, progressistas, pessoas “de bem”, não se enganem. O punitivismo explode, sempre, no colo dos pobres e da classe média. Por mil motivos. Se o STF se permite interpretar a Constituição de maneira frontalmente oposta ao que disseram os legisladores, então estamos numa ditadura judicial. O único controle maior sobre um judiciário que não mais respeita a lei, conforme Barroso fez questão de deixar bem claro, é o “sentimento social”, ou seja, a mídia. De maneira que o cidadão, se quiser se defender contra a persecução penal, já não basta poder contratar bons advogados, ele tem de contar com o apoio da grande imprensa. E assim acrescentamos um novo filtro plutocrático à nossa justiça.
É muito difícil pagar um bom advogado, mas não impossível. Se você é uma figura da política, o seu partido irá lhe ajudar. Se pertence a um sindicato, este poderá lhe dar apoio jurídico. Se é um blogueiro reconhecido, seus leitores podem contribuir. Se é um cidadão comum qualquer que, por algum motivo, ganha as graças do mundo, pode receber doações de anônimos de toda parte. Se tem ligações com movimentos sociais, poderá igualmente ser apoiado por estes. Por fim, você pode dar sorte de ter acesso a uma excelente defensoria pública.
Entender a contratação de bons advogados como um sinal de culpabilidade é a coisa mais fascista que emerge dos argumentos de Luis Roberto Barroso.
Agora, ser dono de um grande jornal, possuir uma concessão pública de TV, ter influência determinante sobre a opinião pública, isso sim é para poucos!
De onde surgiu essa ideia, implícita no discurso demagógico de Barroso, de que o fato de se poder contratar um advogado para lutar por liberdade, inocência, honra, é sinal de que se é um rico corrupto, um assassino incorrigível, um criminoso sem traço de humanidade no sangue? Que raio de “iluminismo” é esse, Barroso?
Lembre-se, Barroso, do que dizia Pascal: “É arriscado dizer ao povo que as leis não são justas; pois ele só lhes obedece porque as julga justas”.
Pela lógica de Barroso, a revolução francesa não deveria ter existido.
Ao invés de acabar com as bastilhas (onde eram jogados muitos “ricos” que perturbavam a ordem, como Voltaire), ao invés de instituir um regime de mais liberdades, Barroso defenderia que a persecução penal chegasse àqueles que, até então, por uma razão ou outra, ainda não tinham sido atingidos?
Além disso, aqui no Brasil, as coisas estão bem claras do ponto-de-vista da guerra entre as próprias altas classes. Os executivos de mercado financeiro, que não precisam se envolver com política, as corporações midiáticas, que podem se defender judicialmente através do controle que exercem sobre a opinião pública, os donos de banco, cujo poder financeiro os posiciona num olimpo distante até mesmo dos mais tarados savonarolas do aparelho repressivo, as castas do alto funcionalismo estatal, protegidas pelo corporativismo crescente dos estamentos jurídicos, os agentes estrangeiros, blindados por um sistema de “cooperação jurídica internacional” que atende apenas os interesses econômicos de seus países, todos esses ganham preponderância sobre aquela outra parte da elite nacional que, para sobreviver, precisa botar o pé no barro, lidar com orçamentos variáveis, seus projetos econômicos estão expostos ao escrutínio da sociedade, tem de disponibilizar verbas de campanha para entidades representativas, federações, partidos, sindicatos, e, sobretudo, precisam se sentar à mesa com a política, que é uma maneira de se relacionar com a verdadeira democracia.
Estas são as falácias ouvidas ontem, das quais eu consegui me lembrar até o momento. São tantas!
Falemos, para encerrar o post, das más ideias.
A primeira delas é sugerir que Lula procure asilo numa embaixada. O presidente já deixou bem claro que ele jamais faria isso.
De fato, seria uma péssima ideia, por vários motivos. Primeiro porque haveria o risco de Lula ser preso no momento em que pronunciasse tal coisa. O argumento mais fácil para um juiz usar, numa ordem de prisão, é: risco de fuga.
Segundo, porque, ao fazê-lo, Lula estaria abandonando a luta na ONU e na opinião pública internacional, que pressupõe respeitar a ordem jurídica vigente no país.
Terceiro porque Lula é nosso Sócrates. Ele sabe que nossa democracia é falha, que está sendo corroída por dentro, por interesses políticos mesquinhos, com participação obscura, mas já evidente, de forças imperialistas, e que é preciso defendê-la até o fim.
Uma outra má ideia é alimentar a onda de “sair do país”. Cada um pode alimentar esse projeto como lhe aprouver, e uma quantidade crescente de conhecidos, parentes e amigos já está, de fato, migrando para fora. E não apenas por razões políticas. Tem muita gente saindo sem pensar em questões políticas, mas simplesmente porque entendeu que o golpe não trouxe melhores dias para seus filhos.
Entretanto, não se pode confundir um projeto assim, que é estritamente individual, com uma ideia coletiva. O povo brasileiro não pode, evidentemente, “sair do país”. O mundo civilizado está cada vez mais fechado e hostil a imigrantes de países em dificuldade, e há países com vivem dificuldades bem maiores que as nossas. O povo brasileiro tem de permanecer aqui, lutando por sua liberdade.
É aqui que nós, jornalistas, intelectuais, militantes democráticos, devemos ficar então. Junto ao povo, até o fim.
A pior ideia de todas, no entanto, é o derrotismo. Fiquemos tristes, isso é normal. Fiquemos indignados, isso é necessário.
Derrotados, jamais.
Quando o Antigo Regime mandou Voltaire à Bastilha, foi um derrota do Antigo Regime, não de Voltaire.
Atos de cinismo, violências jurídicas, falácias, falsidades, mentiras, precisam ser desmascaradas diariamente. E a cada vez que o fazemos, a cada vez que mostramos que ainda existe uma pessoa que resiste a essas novas formas de opressão, é uma importante vitória.
Outro erro crescente, que tenho notado por aí, nascido do mesmo derrotismo, é subestimar a luta política, em especial a resistência feita nas redes, “atrás de um computador”. Escrever artigos, dar sua opinião, manifestar-se, apenas parece que não muda o mundo, porque não é possível, para um indivíduo, enxergar o todo.
De fato, o que altera o curso da história são as grandes forças coletivas, movidas, por sua vez, pelo entroque dos interesses sociais e econômicos. Mas o sentido e a velocidade dessas mudanças são influenciados diretamente pelas batalhas da opinião pública.
A luta política, a resistência intelectual e moral, dão resultados sim. É preciso paciência e determinação.
Por último, e este também é um erro ligado ao derrotismo, é a promover acusações levianas e irresponsáveis às lideranças democráticas, a seus partidos e movimentos.
Cuidado com isso.
A autocrítica é essencial para o aperfeiçoamento da nossa representação política, mas não a calúnia, a ofensa, a agressão gratuita.
Nossas lideranças são humanas. Erram, caem, mas se corrigem e se levantam. Temos que apoiá-las e não ajudarmos a derrubá-las. Disso já se encarregam nossos adversários.
Hoje, mais que nunca, precisamos fortalecer as organizações democráticas, os partidos de esquerda, os sindicatos, os movimento sociais.
Hoje, mais que nunca, precisamos instilar otimismo e fé revolucionária no povo brasileiro.
É difícil fazer isso num cenário de tantas derrotas?
Sim, mas justamente por ser difícil, é nossa principal tarefa.
Gabrielle Corrêa
06/04/2018 - 09h31
“Nossas lideranças são humanas. Erram, caem, mas se corrigem e se levantam. Temos que apoiá-las e não ajudarmos a derrubá-las. Disso já se encarregam nossos adversários.”
Eu diria que “nossas lideranças” foram incompetentes desde sempre, desde o mensalão, passando pelo golpe misógino contra Dilma, defesa politico-administrativa de Lula, até essa deplorável prisão. Em seus Estados estão todos em campanha. Na Minha cidade políticos do PT são donos de veículos de comunicação, e, nestes tempos sombrios, nunca deram um linha em seus respectivos veiculos sobre o golpe muito menos sobre a perseguição a lula. São medrosos, covardes, falam o que o povo quer ouvir e não aceitam críticas. É uma ve-go-nha.
Não podiam ter errado, pois sabiam, desde o mensalão, do script do golpe (criminalizar o PT, depor Dilma, prender lula, e manter o projeto terra-arrasada neoliberal).
“Nossas lideranças”, pela inação, estão comprometidas até a medula com toda essa barbárie política. Não tem perdão. Agora que a cabeça de lula está prestes a ser arrancada por Globo/moro/EUA, ter que ver essa mea culpa vinda da blogosfera é de se ficar com um elefante atrás da orelha.
Miguel do Rosário
06/04/2018 - 10h54
Não entendi Gabrielle. É claro que as lideranças cometeram erros. Inclusive Lula, né?
NeoTupi
05/04/2018 - 17h08
Lula preso vira mártir e convence a maioria silenciosa de sua inocência. Pois que corrupto no mundo escolheria ser preso político em vez de gozar uma vida de luxos no exílio? A imagem de Lula será de mártir que faz sacrifícios extraordinários por seu povo, para resistir ao golpe nos direitos dos trabalhadores, dos aposentados, dos mais pobres, na soberania nacional. Resultado: o lulismo vencerá as eleições mais fácil do que antes. Deputados se elegerão apenas usando a camiseta “Lula livre para o povo voltar a governar”, dispensando maiores explicações aumentando a bancada de esquerda. O risco é do golpe cancelar as eleições.
euclides de oliveira pinto neto
06/04/2018 - 10h31
Uma greve geral por prazo indeterminado pode ser uma solução radical, mas com certeza mostrará aos vassalos governantes que o povo não aceitará imposições de qualquer tipo…
Sebastião Dias Avelar
05/04/2018 - 16h53
“Se Barroso entende que há recursos demais, e que há criminosos que demoram a ser punidos por causa disso…” os processos são demorados, em geral, não pelo excesso de recursos e sim pela lentidão dos tribunais, que apesar de ter seus servidores bem remunerados, tem um desempenho pífio, ferias de 60 dias, etc.É um grande erro também confundir justiça com segurança publica, que é completamente falha no Brasil por investir demasiadamente em policiamento ostencivo, matematicamente impossível, ao invés de ibvestir em investigação e inteligencia policial.
Elton
05/04/2018 - 17h12
é verdade tudo que você disse.
A pf, o mp e o judiciário são bem remunerados até demais, perante a destruição do pais que promovem.
A atual inteligência de polícia só serve para prender os mesmos de sempre, PPPP.
Quando a dar mais inteligência as polícias atuais, sou contra. Só reformulando todas as polícias primeiro, militar, civil, federal, rodoviária. Caso contrário só alimentará o nazifascismo brasileiro.
Não se dá poderes a nazifascistas.
Regi
05/04/2018 - 17h31
Os estado unidos possuem um sistema de inteligência capaz de espionar qualquer cidadão nacional ou em qualquer em tempo real. Parte do aparatus desta inteligência e tecnologia já esta nas mãos de muitas polícias locais americanas. O que continua acontecendo é o encarceramento em massa dos pobres, negros, latinos. Resultado, as prisões privadas e os investidores ganham muito dinheiro.
Manoel
05/04/2018 - 17h38
https://en.wikipedia.org/wiki/Stingray_phone_tracker
O crescente uso dos dispositivos tem sido amplamente mantido em segredo do sistema judicial e do público. [54] Em 2014, a polícia na Flórida revelou que eles usaram esses dispositivos pelo menos 200 vezes adicionais desde 2010, sem divulgá-los aos tribunais ou obter um mandado. [2] Uma das razões pelas quais a polícia de Tallahassee providenciou para não buscar a aprovação do tribunal é que tais esforços supostamente violariam os acordos de não divulgação (NDAs) que a polícia assinou com o fabricante. [55] A União Americana das Liberdades Civis apresentou vários pedidos para os registros públicos das agências policiais da Flórida sobre o uso dos dispositivos de rastreamento de celulares. [56]
Escuta
05/04/2018 - 17h55
Amazon revela um farejador de voz na nova patente
Aparentemente não desmentida pela recente indignação com os gigantes da tecnologia abusando de seu acesso à privacidade pessoal, uma recente patente da Amazon com o Escritório de Marcas e Patentes dos EUA (USPTO) revelou um novo sistema de inteligência artificial que pode ser incorporado em uma série de dispositivos da Amazon. para analisar todo o áudio em tempo real para palavras específicas.
A Amazon chama a tecnologia de “Determinação de palavras-chave de dados de conversação”, também conhecida como “algoritmo de farejador de voz”, e esse poderia ser o próximo salto gigantesco para expandir a vigilância doméstica em massa da vida privada dos consumidores.
Este pedido de patente pendente mostra como a Amazon poderia usar os dados coletados dos consumidores e armazenados em servidores “para extrair inferências perturbadoras sobre as residências e como a empresa poderia usar esses dados para ganhos financeiros”, disse o Consumer Watchdog, um grupo de defesa sem fins lucrativos do Santa Monica, Califórnia
“Quanto mais palavras elas coletam, mais a empresa conhece você”, disse Daniel Burrus, analista de tecnologia da Burrus Research Associates, Inc., à ABC News. “Eles estão criando um perfil de personalidade no usuário”.
Atualmente, os dispositivos da Amazon operam apenas no modo de “escuta” e podem ser ativados por meio de comandos do usuário, como “Alexa” ou “Hello Alexa”. Até onde sabemos, os dispositivos da Amazon não gravam conversas, pois só ouvem comandos depois que o usuário inicia uma palavra de gatilho.
No entanto, no futuro previsível, os dispositivos da Amazon podem gravar todas as conversas – mesmo sem uma palavra de ativação para ativar o dispositivo, além de criar um perfil corporativo do usuário final para “fins comerciais”.
Amazon Unveils A “Voice Sniffer” Algo In New Patent
https://www.zerohedge.com/news/2018-04-05/amazons-new-patent-unveils-voice-sniffer-algorithm
Maria Thereza
05/04/2018 - 16h35
Parabéns e obrigada. precisamos mesmo de cabeça fria, coragem e disposição.
Antonio Fernando Araujo
05/04/2018 - 16h26
Excelente Miguel, ainda que seja possível aprofundar de forma objetiva o que vir a ser um cenário do “depois”, assim que o juizeco emitir a ordem de prisão.
Gonzaga
05/04/2018 - 16h25
A leitura deste texto nos chama ao combate. Em qualquer lugar, em qualquer praça, de preferência fazendo parte de um projeto coletivo. Transformar a ” vitória ” da direita num a derrota política.
Hoje de dia de lamentar, refletir.
Amanhã , dia de luta !
Gerson S.
05/04/2018 - 16h20
Perfeito Miguel:
A luta continua. e não podemos esmorecer por uma batalha perdida nesse momento.
O Lula não abateu-se depois de perder 3 eleições seguidas. Continuou e venceu outras 4 eleições.
Foi sempre perseguido, desde a ditadura, mas continuou na luta, liderando os trabalhadores metalúrgicos, negociando com os patronato da época, conquistando vitórias para os metalúrgicos.
A luta continua e deve ser travada na rua.
Weliton Oliveira
05/04/2018 - 16h17
Miguel do Rosário, parabéns pelo prestimoso artigo. Sóbrio, animador e necessário.
Ver o voto do Barroso tão bem desmantelado por um jornalista é felicitante para este estudante de Direito. Impagável. E pensar que eu poderia ter perdido esta pérola se tivesse seguido sua indicação de que os leitores do Duplo Expresso não deveriam frequentar O Cafezinho. Nem mesmo você deixou de ler o Duplo Expresso, tão necessário que ele é. Além de destroçar o voto do Barroso você vem e faz essa chamada à convergência dos blogs progressistas. Este é um aceno importante e uma grande contribuição à luta. Até a vitória!
Miguel do Rosário
05/04/2018 - 17h16
Weliton, não é tempo mais de brigas entre nós. Deixei bem claro minha opinião naquele momento. Abs.
Roberto
05/04/2018 - 15h59
O ministro ‘Fux deixou de seguir a constituição por causa de um livro de um padre!!!!!!’
Criticou a presunção da inocência.
Foi um teatro o julgamento ontem.
NeoTupi
05/04/2018 - 15h48
Direitos fundamentais não é só para quem tem bons advogados. Defensoria pública também recorreu ao STF e extinguiu ação contra flanelinhas, que apenas trabalhavam como guardadores de carro sem registro profissonal, condenados à prisão em 2a. instância.
https://www.conjur.com.br/2013-mar-20/stf-considera-acao-penal-flanelinhas-insignificante-extingue-processo
Aliás, é duro pagar com dinheiro público salários nababescos à promotores do MP para fazerem denúncias como esta.
Weiller
05/04/2018 - 15h44
Concordo em parte com seu discurso. Procurar culpados faz parte dessa luta, pois é onde podemos plotar onde foi que erramos e baseado na aceitação desse erro podemos fazer “mea culpa”. Ou isso não tem valor? O Lula tentou e muito uma Lei de Média, que foi solenemente ignorada, embrulhada e encaixotada pela Dilma, que inclusive com toda a militância e parte dos políticos petistas pedindo a substituição do José Cardoso, esse pulha covarde, bundão e caçador de “páginas amarelas” que por sua incompetência propiciou a proliferação dessa massa fascista dentro dos quartéis e Polícias. Então devemos sim, ver o erros, ter consciência disso e partir pra luta! Agora, combater fascismo com mimimi e flores é querer levar chicotada e botar a culpa no chicote!
NeoTupi
05/04/2018 - 16h19
Amigo, o que você acha que acontece com soldados em uma trincheira com tiro zunindo na orelha, se ficar analisando batalhas passadas, em vez de lutar a do momento?
Carlos Dias
05/04/2018 - 14h22
Sim, me convence, mas o blogueiro tem também de ir mais adiante. Cabe, por um processo histórico, aos blogueiros e a você Miguel a organização de uma campanha efetiva de retorno da democracia. Tem de ir além estabelecendo datas, movimentos, orientando os movimentos, a contrinuição dos blogues precisa ser bem mais engajada no contexto geral. articular com partidos e movimentos de esquerda de modo bem mais efetivo.
Reginaldo Gomes
05/04/2018 - 14h03
O que é prender?
Prender é uma violência que o estado aplica nas pessoas, para vingar ou punir o ato da pessoa ter cometido um crime.
Isso é justiça? Isso ressocializa a pessoa? Isso é bom? Toda a existência da humanidade prendeu-se pessoas, a violência diminuiu?
Prender é um crime usado para combater o crime!!! Compreendem??
A liberdade é a regra; prender é a exceção.
Ro
05/04/2018 - 13h55
Uma observação apenas, para acrescentar ao debate: o discurso de Barroso tem fundamento em teorias constitucionais bastante difundidas na atualidade (separação de normas constitucionais em princípios e regras, e sopesamento dos princípios quando estes colidem no julgamento de casos concretos). Essas teorias inserem um elemento moral na interpretação das normas constitucionais, conforme alerta já há algum tempo o jurista Ferrajoli.
Esse artigo pode ajudar a entender melhor: errajoli.pdf
Antonio Lisbôa Antonio
05/04/2018 - 13h50
Onde o fascismo foi parado com flores? Achem essa receita pra nós outros sangue de baratas.
José Zimmermann Filho
05/04/2018 - 13h24
O desânimo que abateu parte dos militantes se deve à própria ingenuidade, tal qual quando do golpe. O propósito da Lava Jato, e os que estão por trás, como a Globo, sempre foi esmagar o Lula e o PT. Iriam deixar barato bem no momento do complemento do objetivo maior? Ainda não sabem que a direita joga sujo sempre que precisa? Ainda contam com o nosso judiciário cordeirinho, e se mexer só quando for decretada a prisão?
Joao Cardoso
05/04/2018 - 13h12
Com Lula preso, o negro, o branco, o pobre, o rico podem dar as maos novamente e caminhar juntos para um pais melhor, sem ódio e unido
Paulo Silva
05/04/2018 - 13h29
Tu te faz leso?
José Soares
05/04/2018 - 13h44
Sim. Tem uma manchete no Sensacionalista nesse sentido: “Após 518 anos, Brasil finalmente se livra da corrupção para sempre”
NeoTupi
05/04/2018 - 16h58
Nem como piada serve. Mesma coisa que dizer: Com Zumbi dos Palmares morto, os escravos e seus senhores puderam dar as mãos novamente e caminhar juntos para um pais melhor, sem ódio e unido.
Crazy Fla
05/04/2018 - 22h30
Caminhar para o abismo!!!
Fiúza
05/04/2018 - 13h10
Matéria formidável, Miguel do Rosário.
Leitura obrigatória.
Vou ler uma segunda vez.