Temos a honra de reproduzir, do Sul 21, um artigo sensacional da Carol Proner.
No Sul 21
O lawfare neoliberal e o sacrifício de Lula (por Carol Proner)
Por Carol Proner (*)
A expectativa pelo destino político do pré-candidato à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, será o tema central da política brasileira até as eleições de outubro de 2018. Procurando transmitir confiança, mesmo sofrendo ataques que visam a execração pública, Lula sabe que será o grande protagonista do pleito eleitoral. E, no atropelo, os próceres do judiciário não perceberam que pisaram no acelerador da união das esquerdas que, também pelo gatilho de apoio nas eleições, unem-se denunciando que “eleição sem Lula é fraude”.
“Ferido, mas não morto”, bradam tanto as forças de esquerda para animar a militância, como as capas de revistas da direita raivosa, oferecendo imagens fúnebres do líder moribundo que, para desespero dos editorialistas, ousa crescer ainda mais nas pesquisas de intenção de votos. Lula diz estar pronto para ser preso, talvez o sacrifício necessário para que a politização no sistema de justiça seja desmascarada.
Do ponto de vista do direito, a crítica reage incansável na tarefa de denunciar a chicana entre setores do Poder Judiciário, do Ministério Público, da Polícia Federal, respaldados pela mídia seletiva. Constrange perceber a unanimidade orquestral dos votos de compadrio de desembargadores que parecem ter saído de um happy hour no Country Clube de Curitiba, produzindo um julgamento mais abrangente na exceção do que o da sentença de piso do “colega” Sérgio Moro.
É exasperante constatar que funcionários públicos investidos na função de administrar a justiça possam, ignorando normas e princípios legais consolidados, produzir um resultado que afeta diretamente o direito de uma sociedade escolher o seu soberano representante. Afeta até mesmo o direito de não escolher este candidato, comprometendo a sanidade do processo eleitoral.
Esse é um dilema para toda a esquerda, entender as consequências da politização de setores do judiciário e a falta de limites de um poder descontrolado. No entanto, concordo com os criminalistas que entendem ser necessário insistir na análise técnica. Mesmo conscientes da intensa seletividade, é fundamental analisar a atecnia do judiciário de exceção para constatar os abusos propositais de uma decisão inquisitorial e primitiva aos olhos do mundo. E não é necessário ir muito longe, basta o socorro das fontes mais elementares da teoria do direito, as que exigem “não mais que o mínimo” de tecnicidade, para perceber que o tribunal alimentou o monstro, confirmou a decisão fora do direito e deu azo ao potencial disciplinar e paradidático que já produz vítimas e algozes em outras jurisdições.
Faço parte de um grupo de juristas que esmiuçou o que chamamos de “sentença anunciada contra Lula”, buscando entender o fundamento de uma decisão que, já sabíamos, seria condenatória. Escrevemos mais de uma centena de artigos para alertar a percepção de uma deriva autoritária no direito, com o uso da guerra jurídica que desfigurou as operações de combate à corrupção e promoveu julgamentos políticos, afastando a “Operação Lava-jato” das garantias do devido processo legal. Muitos de nós, crédulos, estávamos esperançosos numa sentença reformada pelo Tribunal, tanto pela falta de tecnicidade – (in)competência de juízo, dosimetria da pena fixada muito além do comum, delações e ausência de nexo causal e de provas – como pela vasta violação principiológica do justo processo, o desrespeito ao estado de inocência, o uso de provas ilícitas, a violência às prerrogativas, a condução escandalosamente parcial do juiz-acusador de primeiro grau, o desrespeito ao princípio da “paridade de armas”, regra medieval que remonta a ordem da cavalaria como sustentáculo de legitimidade de um julgamento justo até mesmo no direito da guerra.
Aliás, é tudo tão espantoso que não seria exagero preferir o ius in bello como forma de melhorar as chances do ex-Presidente. O direito penal de Curitiba, como agora também o de Porto Alegre, excedeu qualquer limite reconhecido nos marcos internacionais de proteção a um acusado, decidindo condená-lo por ser quem é e não pelo que ele fez ou deixou de fazer. Um julgamento pernóstico, agarrando-se em falsa erudição e nos estrangeirismos para embelezar a leitura dos votos em rede nacional, estigmatizando o acusado, atacando-o institucionalmente como ex-Presidente, atingindo-o na própria honra, de familiares, amigos e alcançando também o Partido dos Trabalhadores.
Dos 300 jornalistas credenciados para assistir ao julgamento, 53 eram estrangeiros. Aos olhos do mundo, a democracia do Brasil está em decadência, um espetáculo lamentável de um velho mundo político, uma sociedade de castas onde os dirigentes não obedecem às mesmas leis dos miseráveis (Le Monde). Um editorialista do The New York Times, Mark Weisbrot, resumiu os elementos técnico-políticos do julgamento, entendendo que a democracia brasileira está sendo empurrada para o abismo não apenas pela manobra do golpe contra Dilma Rousseff, mas também pelo protagonismo de um judiciário persecutório e espetacular, em aliança com setores da imprensa. O manifesto que denuncia o risco de fraude nas eleições já ultrapassou as 250 mil assinaturas de intelectuais do mundo inteiro, escandalizados com a falta de decoro dos funcionários públicos da justiça que, valendo-se de seus cargos, agem como um tribunal político com o fim de retirar um candidato e tudo o que representa da corrida eleitoral.
No campo jurídico, portanto, nos perguntam o que fazer a partir da definição da fase colegiada de lawfare, se vale insistir na técnica para escancarar ainda mais as nulidades e os vícios, se ainda há expectativa junto ao próprio TRF4, ou se devemos choramingar, junto aos ministros do silêncio da Suprema Corte, alertando para o senso de responsabilidade diante do iminente incêndio de ânimos nas legitimas vítimas desse processo anunciado de destruição democrática.
Tendo a pensar que a resposta está muito distante da articulação de uma comitiva de expertos em visita à Presidência do Supremo que, aliás, já sinalizou, após sair de reunião com representantes da Shell, Coca-Cola, Souza Cruz, Siemens, que fará ouvidos moucos. Ora, sabemos que o processo contra Lula está longe de ser somente uma batalha jurídica. Somos conscientes de que é apenas encenado no palco das legitimidades togadas de plurais majestáticos. Tomando distância, é evidente que o processo tem muito mais a ver com a des-democratização das sociedades mundiais e as ofensivas para desarmar soberanias.
Para compreender o que move a roda de golpes que atinge o Brasil, já tendo passado pela fase do golpe parlamentar e agora na etapa jurídica, é preciso emprestar as ferramentas de análise da sociologia e da ciência política, de autores como Laval e Dardot que descrevem “a nova razão do mundo”, a racionalidade neoliberal a corromper todas as esferas da existência humana, indo do individual ao estatal, passando por novas formas de gestão do capitalismo financeiro que borram a separação entre público e privado, entre direito público e direito privado, entre funcionário público e empresário-lobista, entre Estado e mercado.
Eis as pistas para entender a incomparável crise de regressão de direitos e a razão pela qual sociedades inteiras em vias de catástrofe não resistem eficazmente ao que lhes pode acontecer. Naquilo que interessa vincular à crise brasileira e ao jurídico, é impressionante perceber as modificações e a submissão do direito à racionalidade privada nas últimas décadas, do direito administrativo tecnocrático ao direito penal do inimigo, passando pela modernização flexibilizadora do direito do trabalho e pela submissão do direito constitucional aos princípios da austeridade e da eficiência econômica.
A Escola de Chicago já pregava, em meados do século XX, a necessidade de formar juízes e convencê-los, por meio de cursos e seminários, das teses da desregulação do setor privado em favor de um laissez-faire absoluto. Controlar as cortes e os tribunais arbitrais passou a ser meta para a lex mercatoria em busca de um poder ilimitado que, juntamente com o controle da mídia e das forças armadas, garantiriam o triunfo do capitalismo contemporâneo. Registre-se, um capitalismo extremamente agressivo, que prescinde de qualquer acordo democrático e cuja faceta política é o neoconservadorismo nacionalista.
Vendo-se a partir dessa moldura ampliada, há razões de sobra para a iminente prisão de Lula ou ao menos a sua inabilitação jurídica para concorrer ao pleito de 2018, o que não ocorrerá sem grande oposição das forças democráticas que já demonstram farta disposição para o confronto. De toda a sorte, após a grotesca perseguição jurídica, Lula sai maior, mais altivo, e seguirá liderando processos democráticos dentro e fora do país, auxiliando a pensar instrumentos revogatórios das reformas austericidas e propondo projetos restauradores dos direitos usurpados.
(*) Doutora em Direito, professora da UFRJ, diretora do Instituo Joaquín Herrera Flores – IJHF.
Pedro Cândido Aguarrara
02/02/2018 - 14h17
CIDADÃOS BRASILEIROS NÃO DEVEM ACATAR DECISÕES DE UM JUDICIÁRIO POLITIZADO E CARTELIZADO!!!!
Decisões POLÍTICAS de juízes POLÍTICOS, como Sérgio Moro, os desembargadores do TRF4 e alguns ministros do STJ, NÃO DEVEM NEM PODEM SER ACATADAS PELO CIDADÃO BRASILEIRO!!!
Quem apequena o STF é o próprio STF na medida que não cumpre o seu DEVER de defender a Constituição e as garantias dos cidadãos.
O GOLPE só aconteceu devido à COMPLACÊNCIA COM O GOLPE do STF!!!
Sérgio Moro, TRF4 e STJ FORMARAM, SIM, UM CARTEL de juízes de DIREITA com o objetivo de CRIMINALIZAR os políticos de esquerda. Delações só eram aprovadas se o delator falasse algo de Lula, Dilma ou do PT!!! Se não falasse ficava PRESO!! Os vazamentos eram SELETIVOS!!!
O processo do apartamento de Lula não tem NADA a VER com Petrobrás e não podia ir para Sérgio Moro!!. De que adiantaram os argumentos jurídicos??? As instâncias superiores, como TRF4 E STJ, IGNORARAM OS ARGUMENTOS JURÍDICOS PORQUE ESTÃO EM CARTEL!!!
Quando os juízes formam um CARTEL e vão CONDENAR DE QUALQUER JEITO de que adiantam ARGUMENTOS JURÍDICOS????!!!
O CORDEIRO PODE ARGUMENTAR JURÍDICAMENTE COM O LOBO???
De que adiantaram TODAS AS ARGUMENTAÇÕES JURÍDICAS mostrando que as pedaladas fiscais não eram crimes de responsabilidade????
STF se omitiu e permitiu um GOLPE DE ESTADO!!!
Então, Ministra, não me venha com essa conversinha de que eu tenho que acatar decisões de uma JUSTIÇA INJUSTA!!!
A SENHORA está é defendendo a politização do judiciário brasileiro e deveria ser AFASTADA DAS SUAS (DIS) FUNÇÕES!!
Ministra Carmem, nosso país está caminhando para a LUTA ARMADA!!!!
Com cidadãos civis pegando em ARMAS!!!!
Eu, que nunca fui sequer processado, aos 67 anos, que não tenho nem mesmo MULTA DE TRÂNSITO, ando pensando nisso!!!!
Porque sinto que só voltaremos a andar na Lei, com a Lei e dentro da Lei, como dizia Ruy, quando policiais federais, juízes e procuradores envolvidos com POLÍTICA PARTIDÁRIA começarem a cair crivados de balas nas ruas!!! Como na Itália dos anos setenta com as Brigadas Vermelhas!!
A PIOR DAS TIRANIAS É A DE UM JUDICIÁRIO POLITIZADO E CARTELIZADO!!
maximino antonio da costa abou raad
02/02/2018 - 13h56
Assim tanto para Fidel, será também para com o Lula.
“A história me absolverá”:
Defesa de Fidel Castro irá fazer 65 anos.
Em 16 de outubro de 1953, o jovem advogado Fidel Castro pronunciava a sua autodefesa, após ser preso pelo assalto ao quartel Moncada, em Cuba, – quando tentou derrubar o então presidente e ditador Fulgêncio Batista. “A história me absolverá”, foi a última frase proferida pelo líder da Revolução Cubana e como ficou conhecido o documento que reúne este célebre discurso, que irá completar 65 anos.
“A justiça devia estar muito doente para convocar aos ilustres magistrados de tão alto tribunal para trabalhar em um quarto de hospital”, disse Fidel que estava sob custódia no Hospital Civil Saturnino Lora (uma manobra do governo para afastar a opinião pública do processo judicial). Do pequeno quarto, cheio de militares hostis, o comandante fez a própria defesa baseada no artigo 40 da Constituição de 1940, que considerava legítima a resistência para preservar o direito conquistado para os indivíduos e a nação.
“Em que país está vivendo o senhor promotor? Quem disse que nós promovemos uma revolta contra os poderes constitucionais do Estado? (…) Constituição legítima é aquela que emana diretamente do povo soberano”, disse Fidel em seu juízo.
O advogado falou sobre o problema da terra, da industrialização, da educação, da habitação e da saúde do povo cubano. Ali, Fidel anunciou a erradicação do latifúndio, o confisco de todos os bens dos estelionatários de todos os governos e seus sucessores e herdeiros. “A História me Absolverá” se converteu no programa de trabalho do movimento revolucionário e da insurreição armada contra a tirania de Batista.
Durante o seu juízo, Fidel enfatizou que o autor intelectual do assalto ao Moncada era, na verdade, José Martí (fundador do Partido Revolucionário Cubano), porque os revolucionários tinham o propósito de refundar a República de acordo com seus ideais. Ele denunciou também a crueldade dos excessos da sangrenta ditadura de Batista, que acrescentou à lista de abusos e ultrajes o assassinato de numerosos rebeldes que participaram do assalto ao quartel Moncada.
Na ocasião do ataque, o jovem advogado e seus companheiros não conseguiram a vitória, mas suas ideias haveriam de triunfar. E agora, 60 anos depois, o motivo é de comemoração pela anistia do tempo ao líder cubano que, em 1953, disse: “Me condenem, não importa. A história me absolverá”.
Messias Franca de Macedo
02/02/2018 - 13h45
TRF4 – Desembargador Gebran fala sobre a Lava Jato em fórum no Reino Unido
21 de junho de 2016
O desembargador federal João Pedro Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), foi um dos participantes do Brazil Forum UK 2016, que reuniu nomes expressivos de diversas áreas de atuação do Brasil para debater os fatores da crise atual no país e as soluções possíveis. O encontro promovido pela London School of Economics (LSE) aconteceu na sexta-feira e no sábado (17 e 18/6), em Londres e em Oxford (UK).
(…)
Gebran Neto foi um dos palestrantes, juntamente com nomes como o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luis Roberto Barroso e o ex-Advogado-geral da União Luis Inácio Adams. Participaram também o deputado federal Alessandro Molon (RJ), jornalistas correspondentes internacionais no Brasil, o diretor da Folha de S.Paulo Otavio Frias Filho, o economista Pérsio Arida e o filósofo Luiz Felipe Ponde, entre outros debatedores.
Lava Jato na pauta do encontro internacional
O magistrado relator dos recursos da Operação Lava Jato no TRF4 falou na manhã de sábado (18/6), na Universidade de Oxford, no painel: As regras da lei e dos institutos legais no Brasil- como as instituições e seus representantes podem lutar contra a corrupção no país?
Gebran Neto dividiu o painel com os procuradores da República do Ministério Público Federal (MPF) Deltan Dallagnol e Paulo Roberto Galvão de Carvalho, e a advogada Esther Mirian Flesch.
(…)
Gebran também chamou a atenção sobre o olhar diferenciado a respeito da prova, avaliando que em crimes sofisticados como os da Operação Lava Jato, os indícios e as provas indiretas não podem ser considerados de menor importância. “O Judiciário está dando respostas positivas para a sociedade, mudando paradigmas. A crise é uma janela de oportunidades”, afirmou.
FONTE: http://www.diarioinduscom.com/trf4-desembargador-gebran-fala-sobre-lava-jato-em-forum-no-reino-unido/
Messias Franca de Macedo
02/02/2018 - 12h27
VÍDEO SENSACIONAL, PEDAGÓGICO E HISTÓRICO
Advogado bota fogo em livros de Direito
E não botou uns desembagrinhos na fogueira
02/02/2018
https://www.facebook.com/padualeite.pt.13000/videos/1373840696094971/
Messias Franca de Macedo
02/02/2018 - 12h39
Azenha, confira no site do STF que a Ministra Cármen Lúcia omitiu a informação de que existe sim um pedido de pauta para o plenário julgar a questão do comprimento antecipado de pena após a condenação em 2ª instância. O Ministro Marco Aurélio em despacho do dia 04/12/2017 na ADC 44 fez esse requerimento.
A Ministra Cármen Lúcia se não incluir em pauta é por vontade política e não por inexistência de ação sobre o tema.
http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAndamento.asp?incidente=4986729
Comentário proferido por Ruy
em
‘Criminalistas gaúchos pedem ao ministro Marco Aurélio liminar que impediria prisão antecipada de Lula’
01/02/2018 – 22h23
FONTE [LÍMPIDA!]: http://www.viomundo.com.br/politica/criminalistas-pedem-ao-stf-liminar-que-impediria-prisao-antecipada-de-lula.html
evaldo cunha Ciríaco
02/02/2018 - 12h17
vou apenas repetir o que escreveu Norberto Bobbio sobre os fascista.
“o fascista fala o tempo todo em corrupção. fez isso na Itália em 1922, na Alemanha em 1933 e no Brasil em 1964. Ele acusa, insulta e agride, como se fosse puro e honesto. Mas o fascista é apenas um criminoso comum, um sociopata que faz carreira na política. acescento, e na função pública.
No poder, acrescento (executivo; legislativo; judiciário e ministério público) essa direita não hesita em torturar, estuprar e roubar sua carteira, sua liberdade e seus direitos. Mais do que a corrupção, o fascista pratica a maldade “
jose carlos lima
02/02/2018 - 12h04
Luta pela anistia a Lula
Copie e cole
Se Lula for preso, já estou avisando que meu voto será no candidato de Lula, e que este candidato coloque como proposta de campanha anistiá-lo e retirá-lo das masmorras da Guatánamo do Moro após guilhotinado por condenação política….e também votarei no candidato a deputado e senador que me garanta isso.
https://www.youtube.com/watch?v=pfCf2Ue5GrI