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Nassif: No aniversário do golpe, é hora de avaliar o papel da Globo na democracia brasileira

No Jornal GGN No aniversário do golpe, é hora de avaliar a Globo, por Luís Nassif Luis Nassif SEX, 01/09/2017 – 06:30 ATUALIZADO EM 01/09/2017 – 08:12 Peça 1 – os antecedentes do processo de concentração da mídia Em 10 de novembro de 1996, em minha coluna na Folha, sob o título “A globalização da […]

8 comentários
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No Jornal GGN

No aniversário do golpe, é hora de avaliar a Globo, por Luís Nassif

Luis Nassif
SEX, 01/09/2017 – 06:30
ATUALIZADO EM 01/09/2017 – 08:12

Peça 1 – os antecedentes do processo de concentração da mídia

Em 10 de novembro de 1996, em minha coluna na Folha, sob o título “A globalização da mídia”, alertei para os efeitos das novas tecnologias no mercado de mídia, e os riscos de uma concentração excessiva de poder nas mãos da Globo.

Dizia:

Nos próximos anos, será a vez de a mídia entrar na dança da modernização e das grandes fusões que estão marcando a imprensa, em nível mundial.

No Brasil, será um dos últimos setores a sentir na própria carne os efeitos da globalização. E o resultado final poderá ser bom tanto para a mídia como para o Brasil, desde que se estabeleça um equilíbrio nesse jogo.

(…) Se não houver reação dos demais grupos, essa acumulação de forças poderá provocar o monopólio virtual da comunicação no Brasil, algo que não interessa nem aos concorrentes nem ao Brasil.

Mesmo que em seu segmento de atuação, individualmente, cada concorrente tenha uma operação específica mais competente ou, no mínimo, competitiva em relação à Globo, a soma de forças do complexo poderá desequilibrar a competição em todas as frentes, seja em jornal, editora ou televisão.

É essa ameaça que deverá levar nos próximos anos, inevitavelmente, a dois processos complexos. Numa ponta, a uma ampla política de fusões e alianças estratégicas, entre grupos nacionais e estrangeiros, da qual resultará novos supergrupos de comunicação.

Na outra, a uma batalha política para colocar limites ao poder da Globo, já que há o risco concreto de que assuma o controle virtual da mídia no país.

Houve reação imediata de outros grupos ao meu artigo.

O presidente do grupo Silvio Santos, Luiz Sebastião Sandoval, me contratou para uma palestra para os principais executivos e, para minha surpresa, queria me enviar para análise os planos estratégicos das quatro maiores empresas do grupo. Disse-lhe que não era consultor e, além disso, trabalhava para uma emissora concorrente, a TV Bandeirantes.

Ele me explicou a razão do convite. Queria que eu ajudasse a levantar argumentos que permitissem aos executivos convencer Silvio Santos sobre a necessidade de se preparar para o novo tempo.

Do lado da Folha, Otávio Frias de Oliveira me incumbiu de um trabalho complicado. Queria que eu intermediasse uma proposta de aquisição de parte do capital da Rede Bandeirantes, que ele e Roberto Civita, da Abril, pretendiam fazer para João Saad, o proprietário. Ainda não tinha havido o rompimento entre ambos, por conta da capitalização da UOL.

Conseguiu me indispor com herdeiros dos dois lados. Mas valeu pelo enorme prazer de testemunhar dois pioneiros da mídia – Frias e Saad – relembrando episódios políticos, especialmente do período Ademar.

João Saad me ofereceu a ancoragem do Jornal da Band e o papel de consultor do filho Johnny, que estava retornando ao grupo após um período afastado. Com problemas com minha empresa, a Dinheiro Vivo, e porque o convite feriu suscetibilidades do Johnny, acabei recusando a proposta. Retornando de Nova York, Paulo Henrique Amorim assumiu a ancoragem.

Ainda fui mensageiro de outra proposta de parceria, do jornal O Dia, que pretendia assumir a TV Bandeirantes do Rio de Janeiro.

Enfim, conto apenas o que testemunhei. Devem ter havido mais movimentos expressivos visando fusões e incorporações, mas nenhum frutificou, devido ao caráter eminentemente familiar das empresas de mídia. O fato de um simples artigo ter despertado tantas reações era o retrato do clima do aturdimento dos grupos de mídia, ante o novo mundo que se descortinava.

Na época, estava no auge a tiragem dos jornais. Havia recursos em caixa para facilitar operações de fusão e incorporação. Mas o ranço familiar falou mais alto.

Mais à frente, a Globo acabou tomando a iniciativa e se associando aos jornais paulistas em projetos de menor relevância, com o Estadão em um portal de imóveis e com a Folha no jornal Valor, aproveitando a queda da Gazeta Mercantil.

Peça 2 – a queda dos grupos de mídia
Nos anos seguintes, a Globo avançaria em todos os níveis.

Consolidaria a CBN no setor de rádios, dominaria o conteúdo das TVs a cabo, se apropriaria de fatias cada vez maiores do bolo publicitário, lançaria um novo portal, o G1.

O único grupo que conseguiu competir, ainda que em nível menor, foi a TV Record, graças ao modelo de negócios com a religião. Para sobreviver, as demais redes tiveram que alugar horários para religiões e se arrastar com audiências medíocres.

Na campanha pelo impeachment – que se iniciou no longínquo 2005, quando Roberto Civita implantou na Veja o estilo Murdoch – a Globo sempre foi o grupo mais esperto. Deixava Veja e Folha montarem os factoides e se limitava a repercutir no Jornal Nacional, evitando de se contaminar o estilo assumido por ambas as publicações.

Com todos os veículos seguindo a mesma linha editorial, a Globo assumiu o comando. Nenhum deles teve o tirocínio do velho Frias que, nos anos 80, ousou o contraponto de tirou uma geração de leitores do Estadão.

Enquanto os demais veículos teimavam em atacar as migalhas aos blogs independentes, a Globo conseguia avançar com a voracidade de um ogro sobre as verbas publicitárias públicas e privadas.

Nesse período, a Abril foi caindo, a ponto de hoje em dia trocar uma sede monumental na Marginal Pinheiros por um prédio pequeno no Morumbi. Perdeu o bonde da Internet devido à resistência dos editores de papel.

O Estadão não conseguiu se viabilizar como jornal, nem como rádio, sustentando-se agora no pioneirismo da Agência Estado. A Folha sentiu os mesmos problemas dos demais jornais impressos e a UOL acabou se salvando com prestação de serviços e a grande sacada de criar seu próprio meio de pagamento.

Enquanto isto, Google e Facebook avançam cada vez mais sobre a publicidade interna.

Alguns anos atrás, um jornalista com acesso aos irmãos Marinho comentava sua preocupação com o enfraquecimento dos demais grupos. Acabaria por expor de maneira perigosa a concentração de poder em torno da Globo.

Peça 3 – o ponto de não retorno

Não se sabe o que ocorreu de lá para cá. Os Marinho passaram a se afastar cada vez mais da condução editorial e comercial do grupo. E o comando foi entregue a um grupo de jornalistas que decidiu viver intensamente o presente, sem nenhuma preocupação com a perpetuação da organização.

A Globo se tornou uma máquina de destruição das instituições, em um processo permanente de exibição de músculos, de construção midiática da realidade, atropelando leis, abrindo espaço para a desmoralização dos Três Poderes, estimulando o uso selvagem do direito penal do inimigo.

Culminou com a iniciativa inédita de convocar a população para passeatas pró-impeachment e de montar a dobradinha com a Lava Jato para instrumentalizar politicamente as delações e os indícios da operação.

O aniversário do golpe é, portanto, ocasião adequada para se analisar o papel das Organizações Globo na destruição da ordem institucional.

Com exceção da mídia venezuelana, não se tem notícia de um grupo de mídia que tenha abusado tão imprudentemente de seu poder sobre a opinião pública.

Deve-se à Globo, mais do que a qualquer outro personagem, a entronização de uma quadrilha no poder e, com ela, as negociatas que campeiam a torto e a direito no Congresso, as ameaças sobre a Amazônia, o desastre final das contas públicas em função de uma política econômica irresponsável, da qual a Globo é a principal avalista.

Nem a reação posterior à quadrilha a absolverá do crime de uma desestabilização política tão grande que gerou até ameaças tipo Bolsonaro. Isso porque, no plano psicossocial, a Globo teve papel central na disseminação no ódio, que se refletiu diretamente no comportamento da Polícia Militar e no aumento expressivos dos autos de resistência, na consolidação do direito penal do inimigo, na caça aos resistentes, na desmoralização final da justiça, na destruição das principais políticas sociais, e, agora, na queima irresponsável de ativos nacionais.

Ler o final do artigo no GGN

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Maju Gomes

03/09/2017 - 15h52

Bom pra vc é esse que tá aí. ..não é mesmo??? Aproveita então ??

Rodrigo Galasso Mota

02/09/2017 - 14h13

A Globo é o maior canal comunista do Brasil
Exemplos: Novelas e programa da Fátima Bernardes

Carrie Coleman

02/09/2017 - 07h37

1 ANO de coxinhas que cagaram em cima e não aprendereram absolutamene nada!

Carrie Coleman

02/09/2017 - 07h36

1 ANO de coxinhas que cagaram em cima e não aprendereram absolutamene nada!

LUIZ TAVE

01/09/2017 - 14h17

O SUPREMO È` O RESPONSAVEL PELO GOLPE NO BRASIL ! POR MUITO MENOS 11 DE SETEMBRO E` E SEMPRE SERA` A VOZ DO SILENCIO ! ! ! GOLPISTAS , CANALHAS , VAGABUNDOS , PERSEGUIDORES , QUERO VER SE A MIN CARMEN LUCIA VAI TER A CORAGEM DE ASSISTIR O FILME DOS ALGOZES DE CURITIBA !

JULIO CEZAR DE OLIVEIRA

01/09/2017 - 14h09

OLHEM O TAMANHO DO ABSURDO,UMA MIDIA QUE DE REPENTE,TEM TODOS SEUS ESFORÇOS CONCENTRADOS EM DAR UM GOLPE EM UMA PRESIDENTE,QUE TEVE COMO PRINCIPAL CRIME,NÃO APOIAR UM BANDIDO E DESVIOS NA PETROBRÁS,SEU PRINCIPAL ERRO FOI ACREDITAR NA JUSTIÇA BRASILEIRA.
AGORA,DEPOIS DE TUDO,MUDA COMPLETAMENTE SUAS PROGRAMAÇÕES,COM PROGRAMAS
POPULARES,INCLUINDO O POVÃO NAS PROGRAMAÇÕES,ESQUECENDO ATÉ O LULA.
ORA ORA,QUANTA DIFERENÇA,NÃO SERIA MELHOR QUE ESSAS PESSOAS FOSSEM HOMEM SUFICIENTE,E VIESSEM A PÚBLICO PESSOALMENTE PEDIR DESCULPAS NÃO AO LULA,MAS AO POVO BRASILEIRO.

Jorge Nascimento Nascimento

01/09/2017 - 13h01

    Emerson Pfernandes

    01/09/2017 - 22h00

    copiaram a montagem?eita nóis!kkk!


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