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The Intercept: Jereissati, o milionário que acelera a reforma trabalhista no Senado

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil Do Intercept. Quem é o empresário milionário que fez a reforma trabalhista passar irretocada em comissão do Senado Por Helena Borges UM REPRESENTANTE PATRONAL: empresário dono de companhias em diferentes áreas, com um patrimônio estimado em aproximadamente R$400 milhões, acionista com investimentos em diversos bancos dentro e fora do país. O […]

48 comentários
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Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Do Intercept.

Quem é o empresário milionário que fez a reforma trabalhista passar irretocada em comissão do Senado

Por Helena Borges

UM REPRESENTANTE PATRONAL: empresário dono de companhias em diferentes áreas, com um patrimônio estimado em aproximadamente R$400 milhões, acionista com investimentos em diversos bancos dentro e fora do país. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) é o presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), onde foi concluída ontem a primeira fase de discussões e análises da Reforma Trabalhista no Senado. Sob seu comando, a Comissão levou as discussões a toque de caixa, a leitura de relatórios foi cortada e todas as possíveis emendas ao projeto de lei foram vetadas. Agora, ele se volta para o plenário, para onde retornará também a proposta da reforma, após passar pelas comissões de Assuntos Sociais (CAS) e de Constituição e Justiça (CCJ). Entender quem é Jereissati é entender as possibilidades que o futuro da reforma reserva aos direitos dos trabalhadores brasileiros.

O sobrenome incomum é de origem sírio-libanesa e se tornou sinônimo de riqueza, sendo homônimo da holding familiar. Tasso nasceu em dezembro de 1948 em Fortaleza e foi para o Rio de Janeiro estudar administração na Fundação Getúlio Vargas, berço da escola neoliberal no Brasil. Depois de formado, voltou para Fortaleza, onde presidiu o Centro Industrial do Ceará (CIC) no início da década de 80. O Centro funcionava como pólo de convergência de industriais e empreendedores, onde eram organizados fóruns de debates das questões econômicas, sociais e políticas da região e do país.

Foi no CIC que surgiu o convite do então governador do Ceará, Gonzaga Mota, para entrar na política, em 1985. Inicialmente vinculado ao PMDB, pouco após a criação do PSDB, em 88, ele migrou para o partido que hoje preside pela terceira vez. Junto a ele, filiou-se também Ciro Gomes, seu colega desde o início na política, que após anos afastado agora se reaproxima e inclusive defende o nome de Jereissati para possíveis eleições indiretas.

Os interesses das elites produtivas continuam sendo defendidos por ele até hoje, principalmente na Comissão do Senado que preside, que tem entre suas missões emitir pareceres sobre a política econômica nacional, tributos, e até mesmo a escolha de membros importantes da equipe econômica do governo, como os Ministros do Tribunal de Contas da União, o presidente e os diretores do Banco Central.

Tucanato

Jereissati é da velha-guarda do PSDB. Um nome mais discreto que os de Fernando Henrique Cardoso e José Serra, mas não necessariamente menos poderoso. Apesar de ter sido cotado inúmeras vezes para a candidatura à Presidência do país, se limitou a presidir o partido e a operar nos bastidores.

Eleito presidente do PSDB pela primeira vez em 1991, cargo que manteve até 1993, convidou para sua equipe a economista (e agora também advogada) Elena Landau. Após a eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994, na qual Jereissati trabalhou arduamente, Landau se tornou diretora de Desestatização do BNDES. Ela comandou as privatizações federais no governo Fernando Henrique Cardoso de 1993 a 1996.

Em 2011, após uma “frustração” da economista com a política — “ficava frustrada a cada eleição quando as privatizações não eram defendidas”, afirmou ela em entrevista ao jornal Valor Econômico —, Jereissati a procurou novamente para que eles realizassem o retorno de nomes ligados à equipe de FHC e do Plano Real após três derrotas consecutivas em eleições presidenciais (2002, 2006 e 2010). Tasso pode não ser o nome que encabeça as chapas de eleição do PSDB, mas é ele quem faz a ponte com o mercado financeiro para recrutar a equipe econômica.

Negócios em família

Enquanto isso, seu irmão Carlos, dois anos mais velho, foi enviado para estudar economia na Mackenzie, em São Paulo. Lá fez raízes e começou criar em 1966 um império no mercado de shopping centers que hoje se chama Iguatemi: são 17 unidades distribuídas pelo país. Seu filho, que também se chama Carlos, é hoje o presidente da empresa e deu entrevistas no início do ano deixando claro que, segundo seus interesses, a Reforma Trabalhista seria a mais urgente.

É importante saber quem é o irmão de Tasso, principalmente porque grande parte de sua fortuna veio da privatização das teles — um projeto icônico do governo de FHC que Tasso ajudou a eleger. Carlos fundou um consórcio com a Andrade Gutierrez (hoje investigada na Lava Jato) e a Inepar (hoje em recuperação judicial) que, apesar de não ter nenhuma empresa familiarizada com o setor de telecomunicações, recebeu a concessão da Tele Norte Leste em 1998. Sob seu comando, a Tele Norte Leste tornou-se o que atualmente é a empresa de telefonia móvel Oi.

O próprio Tasso possui empresas de comunicação — duas emissoras de televisão e oito emissoras de rádio, todas no Ceará. Ele declarou um patrimônio de R$389 milhões em sua última eleição, em 2014. Segundo um levantamento do jornal O Globo, no período em que ficou afastado da política, entre 2010 e 2014, sua fortuna cresceu em 512%. A decisão pela aposentadoria foi por ter perdido a eleição ao Senado, fato que foi indiretamente comemorado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula. “Agradeço de coração a eleição dos senadores que vocês elegeram e me fizeram um favor tremendo”, disse o ex-presidente e desafeto de Jereissati em comício em Caucaia, a 50 km de Fortaleza.

Ao se retirar da política, em 2010, o cearense ainda atacou a presidente eleita Dilma Rousseff: “ela não tem a menor condição de governo e nem psicológica”.

Doações milionárias

Sua campanha de retorno, em 2014, contou com doações generosas da Contax-Mobitel S.A, de R$1 milhão. A Contax faz parte do Grupo Jereissati Participações SA. É claro que Tasso não negou a ajuda de outros integrantes do ranking de ricaços brasileiros. Recebeu R$150 mil, por exemplo, doados diretamente por Alexandre Grendene Bartelle, o 20º maior bilionário do país, dono da empresa Grendene.

Também consta na lista a Solar, uma das 20 maiores fabricantes de Coca-Cola do mundo e a primeira com acionista brasileiro: a Calila Participações, do Grupo Jereissati. Foi da Solar que saiu a maior doação de campanha para Jereissati: R$1,5 milhão. A empresa tem 12 mil empregados, que seu site chama de “colaboradores”, que trabalham em 13 fábricas e 36 centros de distribuição.

Defensor da Reforma Trabalhista — que está sendo relatada por seu colega de partido, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) —, o político e empresário Jereissati pressionou para que o projeto fosse votado logo e com o mínimo de mudanças o possível. Ou seja, sem emendas que protejam pelo menos em parte os direitos dos trabalhadores. No dia 30 de maio, ele deu o relatório da reforma como lido durante uma sessão conturbada que impediu a conclusão da leitura – o que prejudica o debate, já que o texto não foi completamente exposto. Na terça, dia 6 de junho, a Comissão concluiu a votação sem alterações. Ela segue agora para apreciação das Comissões de Assuntos Sociais e de Constituição, Justiça e Cidadania.

A missão de Tasso continua sendo aprovar a reforma, agora no plenário, o mais rápido possível e com o menor número de emendas, apesar da reprovação absoluta por parte da população, retratada inclusive em pesquisa popular da própria casa. No entanto, segundo Jereissati, a reforma segue sendo o caminho, e “o Brasil depende de que nós continuemos a trabalhar e dar, ao processo de reformas, seguimento”. Resta deixar claro de que segmento do Brasil que ele fala: dos 172 mil que possuem mais de R$1 milhão em suas contas, como ele, ou dos 207 milhões de brasileiros restantes.

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Luis Edmundo

Luis Edmundo Araujo é jornalista e mora no Rio de Janeiro desde que nasceu, em 1972. Foi repórter do jornal O Fluminense, do Jornal do Brasil e das finadas revistas Incrível e Istoé Gente. No Jornal do Commercio, foi editor por 11 anos, até o fim do jornal, em maio de 2016.

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Comentários

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Francis Barrozo

08/06/2017 - 23h42

Esse que alguns meios querem enfiar goela a baixo como o salvador da pátria.

Jota

08/06/2017 - 08h41

Dica para o Cafezinho, investigar os escandalos do Banco do Estado do Ceará (BEC) na gestão Tasso foi levado de Banco sólido para bancarrota e o BNB na administração do seu braço direito, Bayron Queiroz, o seus aliviados fizeram a limpeza.

Nilton Nascimento da Silva

08/06/2017 - 11h01

Leia: “A privataria tucana”. A família Jereissati e as falcatruas das privatizações e enriquecimento ilícito.

Sueli Ribeiro

08/06/2017 - 04h14

Qual o interesse dele?

Argemiro Assis Filho

08/06/2017 - 02h24

Tasso além de oportunista, é mais inteligente que a grande maioria. Ele sabe que a sacanagem vai acabar e que está na hora de satisfazer seus interesses. Está sempre na surdina.

Jorge Frederico Zarth Becker

08/06/2017 - 02h09

As reformas em passos largos são do mercado financeiro e não em benefícios da população. #FORATEMER

Cris Leme

08/06/2017 - 01h52

Empresários brasileiros defendem a escravidão
Simples assim

Américo Cattabriga

08/06/2017 - 01h20

Os acionistas da Telemar não são mais os mesmos da OI. Os Jereissati e a Andrade Gutierrez, saíram fora, quando da incorporação da Brasil Telecom. Agora eles continuam milionários, pois venderam a Coca Cola do Nordeste, para o bilionário mexicano.

Iaponira Paiva

08/06/2017 - 01h07

Quando governador do Ceará quase mata os funcionários do estado.

Rui Barbosa Jr.

08/06/2017 - 00h58

Queria que algum dia levantassem o véu de Machado desse neocoronel.

Fabiano França

07/06/2017 - 21h55

Lucrou e muito com o desmanche da TELEBRÁS, tocado por FHC e Sérgio Mota.

Luiz Paulo Reis

08/06/2017 - 00h55

Amississimo de Ciro Gomes…

Maria Madalena Lopes

08/06/2017 - 00h50

Inacreditavel como eles conseguem enganar com tanta facilidade parte do povo brasileiro. Acorda minha gente!

Eva Monteiro

08/06/2017 - 00h45

Esse é o dono da Oi e ainda tem idiotas falando que a Oi é do Lulinha. O senador do PSDB esse é o dono! !!!

Sérgio Gilmar Schneider

08/06/2017 - 00h15

O povo votou na maioria dos deputados e senadores da elite, eles agora estão defendendo os interesses deles… Simples assim.

Paulo Soares

07/06/2017 - 23h50

Bem feito para quem aqui do Ceará voto nesse traidor

Elaine21

07/06/2017 - 20h39

Esses dias, o Senado Federal recebeu um manifesto de 17 dos 26 Tribunais Superiores do Trabalho no sentido de que essa reforma fere frontalmente os direitos dos trabalhadores ( direitos estes duramente conquistados )em pelos menos 50 pontos. O manifesto foi entregue diretamente para o Presidente do Senado.
Simplesmente estão ignorando, isso é de uma crueldade sem paralelo na história da República Brasileira.
Bando de lesa-pátria.

carlos

07/06/2017 - 20h27

Quem não conhece Tasso Jereissati, acesse a revista IstoÉ 1610, e o blog rastreadores de impurezas, segundo essas o maior assalto a banco não foi o do B anexo Central coincidência a sede do banco é em Fortaleza, foi assalto ao BNB, através do fundo Finor, leiam basta pesquisar.

HOCUS POCUS

07/06/2017 - 19h57

QUEM COLOCA ESSE EMPRESÁRIO FDP (TODOS SÃO)LÁ É O POVO POBRE E IMBECIL QUE ADORA VOTAR EM PATRÃO.
TEM É QUE SE FO…………DER !!!!!!!!!!,
,

Domenico Ranz

07/06/2017 - 22h36

Democracia verdadeira é a solução. Aproveitar os espaços que temos e devemos exercer pressão , fazer manifestações, ocupar desde as câmaras municipais até o congresso e ir exigindo que trabalhem para o povo ,para a vida acima da acumulação do Capital. Há muitas ações que podem ser postas em ação para que isso se realize.

José Alexandre Farias

07/06/2017 - 22h28

E ainda tem otário que o acha um “grande político”!!!

O Profeta

07/06/2017 - 18h18

Tudo o que for aprovado por este governo será cancelado no próximo governo trabalhista.
Assim será.

Paulo Ribeiro

07/06/2017 - 21h16

AÍ É O VELHO RATO BRANCO.

Marlene Glaucia

07/06/2017 - 21h10

Nunca prestou. ..

Zilma Oliveira

07/06/2017 - 20h49

Satanás dos infernos raça de víboras.

Marilene Flores

07/06/2017 - 20h45

Luiz Henrique Zaidan

07/06/2017 - 20h42

O pior são os eleitores dele que vão continuar querendo ser escravos!

Tarcisio Rodrigues

07/06/2017 - 20h32

esse ecanalha .

Telma Magalhães

07/06/2017 - 20h29

Onde nós vamos parar!!??

João Alexandre

07/06/2017 - 20h27

ERRO DA REPORTAGEM: TASSO SÓ NO IGUATEMI FORTALEZA INVESTIU NOS ÚLTIMOS DOIS ANOS 350 MILHÕES!!
NA VERDADE É UM BILIONÁRIO!

Mario Washington Wallace Fajardo

07/06/2017 - 20h18

A reforma trabalhista, assim com a previdenciária, são necessárias, independentemente de quem as apoie ou não.

    Robin

    07/06/2017 - 20h45

    Mas claro que são necessárias… senão, como os empresários irão aumentar mais ainda seus lucros, né?

    Robin

    07/06/2017 - 20h46

    Mas claro que são necessárias… afina, como os empresários vão aumentar mais ainda seus lucros, né?

    Jairo Vaz

    07/06/2017 - 23h46

    Será?

    Cristiano Andrade Siqueira

    08/06/2017 - 00h25

    Reformas em todos os sistemas do nosso país são necessárias, pensando assim porquê não se fala primeiro em reforma política, retirada de privilégios extremamente desnecessários ou ao menos uma auditoria da dívida pública que é quem mais honera o já pesado estado???

    Domenico Ranz

    08/06/2017 - 09h25

    Certo. Mas precisa sempre que vai fazer isto, perguntar a favor de quem será de fato a reforma? Porque sempre haverá a turma poderosa dos mais ricos ,que realmente mandam, querendo levar vantagem para ganhar mais sobre o povo trabalhador. Lembre,_ sempre que dinheiro é poder.

C.Poivre

07/06/2017 - 17h11

Mais um tucanalha do PSDB (Partido dos Social-Delinquentes do Brasil) cujos filiados são protegidos, blindados, defendidos e considerados INIMPUTÁVEIS pelo nosso degradado sistema judicial.

Francisco Paulino

07/06/2017 - 20h06

Quando chegarem na privatização do BEC vão encontrar de onde saiu os milhões dele.

Sara Carvalho

07/06/2017 - 20h05

Lisa Carvalho

Thiago Silva

07/06/2017 - 19h50

Lixooo

Paulo L Maia

07/06/2017 - 19h50

Ué, mas o dono da Oi nao era o Lulinha.

    Pyna Ceballos

    07/06/2017 - 20h11

    Nos povao já rimos a muito tempo … Dilminha … Lulinha ?? ????

Celia Mendes

07/06/2017 - 19h43

Milionário, dono de prédios, beethpark etc, etc, etc… no Ceará.

Tiago Carneiro

07/06/2017 - 19h34

E ainda tem uns pseudo esquerdas, como Ciro e Camilo (governador tucano do PT-CE) apoiando esse cidadão…

Rosa Santos

07/06/2017 - 19h28

Safado

Domenico Ranz

07/06/2017 - 19h25

Mas há muitos poderosos acima dele, dando ordens para retirar diretos do trabalhador e outras medidas para acumulação de riquezas para os RICAÇOS.

    Marcelo Carvalho

    07/06/2017 - 21h50

    e tem pobre que apoia!

Domenico Ranz

07/06/2017 - 19h21

Isso que é cabrito na horta do trabalhador!!!!


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