O Partido da Globo e seu projeto
por João Sicsú
publicado 21/05/2017 00h30, última modificação 21/05/2017 00h14
O partido dos fisiológicos e patrimonialistas é acéfalo, não tem projeto próprio, aderiu implacavelmente ao projeto do partido da Globo
Nos últimos anos se conformaram três correntes políticas no Brasil, que fazem articulações, propaganda, agitação e tentam formar bases sociais. Mas só há dois projetos. Primeiro, existe o partido da Globo e dos maiores bancos privados com parte do Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal. Segundo, o partido integrado pelos políticos fisiológicos e patrimonialistas filiados ao PMDB, PSDB, DEM e a outros penduricalhos menores. E, por último, há a corrente dos partidos políticos de esquerda, centrais sindicais e movimentos sociais.
Embora tenhamos três correntes, temos apenas dois projetos. O partido dirigido pela Globo defende os interesses das multinacionais, dos banqueiros e dos rentistas. A frente de esquerda, sindical e de movimentos sociais defende um projeto de crescimento econômico, com geração de empregos, distribuição de renda e inclusão social. Tal projeto é nítido quando está na oposição e impreciso quando é governo. O partido dos políticos fisiológicos e patrimonialistas é acéfalo, não tem projeto próprio, aderiu implacavelmente ao projeto do partido da Globo.
O PSDB fisiológico dos dias de hoje é muito diferente do PSDB pensante dos anos 1990. E o PMDB fisiológico de hoje é mais diferente ainda do que era o autêntico PMDB dos anos 1980. O partido dirigido pela Globo tem caminhado junto com os políticos fisiológicos e patrimonialistas. Sempre estarão unidos para combater a esquerda através de tentativas de cooptação, perseguição, criminalização ou prisão de seus quadros, líderes e movimentos. E sempre estarão unidos para dar golpes chamados de impeachment (em 2016) ou de revolução (em 1964).
O projeto do partido da Globo tem sido bem-sucedido nos últimos anos. Conseguiram disseminar a ideia de que sempre é preciso conter gastos públicos (o objetivo é que sobrem recursos para serem transferidos aos bancos e aos rentistas). Essa ideia parecia adormecida ao final do ano de 2010. Mas voltou com força a partir do ano seguinte. Ao longo dos anos posteriores foi ganhando mais força, até que começou a derrubar os investimentos públicos e a reduzir direitos sociais.
O partido da Globo fez grandes jogadas políticas especialmente desde 2013, passando pelo o golpe de 2016, até os dias de hoje. Ampliou ao máximo o leque de alianças e constituiu bases sociais. Todos cabiam dentro do projeto do golpe: Eduardo Cunha, Sérgio Cabral, Aécio Neves, os patos da Fiesp, classe média com camisa da CBF, evangélicos e muito mais. Todos unidos contra o modelo do governo Dilma que até podia entregar parte do que era requerido (e que não era pouco), mas sempre deixava a porta aberta para o projeto da esquerda, das centrais sindicais e dos movimentos sociais.
“Quem dirige o golpe é o partido da Globo. O seu projeto é antinacional e antidesenvolvimentista”
O partido da Globo apostou no golpe e venceu. Quem dirige o golpe é o partido da Globo. O seu projeto é antinacional, antissocial e antidesenvolvimentista. Cunha, Temer, Aécio, Maia, os patos da Fiesp e tantos outros são marionetes acéfalas. Manda quem comanda o judiciário, o Ministério Público, a Polícia Federal e o maior veículo de comunicação do País.
O partido da Globo apostava em Temer, mas sempre com desconfiança. Afinal, o presidente ilegítimo pertence a um agrupamento que tem interesses considerados menores e é reconhecidamente frágil pelo passado que lhe é inerente. Embora funcione como um partido, a Globo desmoralizou os partidos políticos que têm formato tradicional e achincalhou a política porque uma organização antidemocrática não pode conviver com a política que somente é exercida, em sua plenitude, na democracia.
No mundo real nem todas as variáveis estão sob pleno controle. Um movimento do partido da Globo, embora controlado, atingiu Temer. A gravação de Temer com o dono da JBS é arrasadora, fere, possivelmente, de morte o presidente ilegítimo. Cada passo desse processo foi elaborado e organizado pelo partido da Globo. Dentro do mesmo processo, o PSDB foi desmoralizado. Desnorteado, tentou deixar Temer sozinho no governo, mas percebeu que ficaria sozinho também. O partido da Globo não lhe acolheria, pelo menos agora.
Abriu-se, então, o caminho para que o projeto do partido da Globo atingisse o seu auge colocando na cadeira da presidência um tecnocrata, um dos seus. O partido da Globo não emplacaria um tecnocrata defendendo o seu projeto em eleições diretas. O voto popular rejeitaria as reformas e a limitação de gastos reais nas áreas da saúde e educação, por exemplo. O caminho do partido da Globo é o colégio eleitoral e a retomada da votação das reformas por parte das marionetes.
No momento, o partido da Globo quer alguém do seu agrupamento para sentar na cadeira da presidência da República – piloto e carro, ambos, da mesma equipe. Henrique Meirelles é o grande operador do projeto do partido da Globo dentro do governo. Atualmente, está na cadeira de ministro. Mas poderá ocupar um superministério ou, até mesmo, a presidência da República. A outra opção da Globo é Cármen Lúcia, que é do braço do judiciário do partido. Devidamente autorizado, Meirelles já anunciou ao mercado financeiro que continuará neste ou no próximo governo.
O partido da Globo já aprovou o congelamento real de gastos públicos pelos próximos 20 anos. Já aprovou a terceirização irrestrita. E avançava nas reformas da Previdência e trabalhista. Entretanto, o projeto do partido da Globo sofre fortes resistências da esquerda. Portanto, continuarão os enfrentamentos e ataques contundes à esquerda, às centrais sindicais e aos movimentos sociais.
Nas próximas semanas e meses, ficará ainda nítido que só existem, de fato, dois agrupamentos sólidos, dois projetos e um bando de marionetes desnorteadas. E os embates serão: eleições diretas versus colégio eleitoral, condenação de Lula versus defesa de Lula, reformas engavetadas versus retomada das votações. As marionetes voltarão a sobreviver tão logo sejam úteis ao partido da Globo.
Não deixarão, porém, de ser apenas marionetes.
Jatia
22/05/2017 - 13h54
Análise interessante! Ainda tem muita água para rolar por “debaixo” dessa ponte podre que interliga mídia nefasta e política miserável.
Edy Ribeiro
22/05/2017 - 08h51
O pobjeto da Globo é eles aprovar as reformas para livrar a Globo de pagar o que deve para previdência mais de um milhão e ferrar com o trabalhador.
Virgilio Roma
21/05/2017 - 23h08
Nao entendo como a bancada do PT nao pede punicao ao Juiz Sergio Moro por obstrucao de justica ao barrar as perguntas de Eduardo Cunha.
Maria França
22/05/2017 - 00h48
A globo é a mais corrupta de todos e fica falando mal dos outros! Cara-de-pau!!!
Rogéria Maria Gomes
21/05/2017 - 19h21
Achei sensacional a analise. É tudo jogo de cartas marcadas vamos a caminho do grande finale. Quem vencerá? A boca do funil está apertando, o partido da globo ou a esquerda? Tabuleiro de xadrez a postos.
Antonio Normandio Teixeira Antonio
21/05/2017 - 21h45
Quem quer que seja que mexe com os podres de lula, dilma e pt torna-se inimigo dos cumpanheirus deles!
Simone Dos Santos
21/05/2017 - 21h15
Para entender a Globo
A Globo, como ela própria confessou em editorial, era entusiasta do governo Temer por sua agenda de reformas e também, isso inconfessado, pelas generosas verbas de publicidade que Temer liberou para as mídias decadentes e que tanto precisavam de dinheiro nesse momento de crise.
A reviravolta das revelações contra Temer e a opção editorial da Globo pela renúncia ou impeachment se dá por duas razões claras. Em primeiro lugar, a Lava Jato é hoje a principal notícia do país. A Globo, desde o início, é o veículo preferencial dos vazamentos. Essas notícias rendem grande audiência e verbas que ampliam sua publicidade.
Recusar os vazamentos levaria a Globo a perder sua preciosa fonte. A entrega das informações do MP ao jornal O Globo e à emissora de tevê foi feita na ofensiva de Janot contra Temer e Aécio para derrotar esses dois adversários. Os vazamentos são inseparáveis da estratégia do Procurador-Geral, pois são por ele controlados. Para a Globo, era pegar ou largar. Ela precisava dar sustentação a Janot em sua briga ou perderia a primazia nos vazamentos.
Outro fator essencial é dado pelo mercado financeiro. A situação de Temer frustrou qualquer expectativa de que o governo consiga levar as reformas adiante. Ao contrário, já se considerava que Temer estava enfraquecido no Congresso e demonstrando grandes dificuldades na tramitação da reforma Previdenciária e mesmo em aprovar a reforma trabalhista no Senado.
Temer não interessa mais à Globo porque, no mercado, é considerado incapaz de entregar o que prometeu.
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Para-entender-a-logica-e-o-timing-da-Lava-Jato/4/38135
Simone Dos Santos
21/05/2017 - 21h14
Para entender a lógica e o timing da Lava JatoBrasil é vítima da ação perversa de quatro cavaleiros do apocalipse: políticos, empresários, burocratas e mídia. Se isso persistir, o poço seguirá sem fim
O destino do país e da Presidência da República depende fundamentalmente do povo nas ruas, mas, neste momento, há duas coalizões principais que se digladiam na disputa pelo poder. Nenhuma delas é popular. Nenhuma cogita eleições diretas já.
Uma coalizão é a do grande acordo nacional. Essa é a coalizão comandada por Temer, que assumiu o comando do país com o afastamento de Dilma e que tem como base política o PMDB, o PSDB e o DEM, e como base jurídica o grupo do Supremo conformado por Gilmar e Alexandre de Moraes. Essa coalizão tinha como programa “estancar a sangria” dos políticos e do mercado. Estancar a sangria política seria encerrar a Lava Jato, controlar o Supremo, o Ministério Público e a Polícia Federal. Estancar a sangria econômica seria estabilizar a economia do País e aplicar um programa de reformas que transfira renda dos trabalhadores para as empresas, por meio de duras reformas.
A outra coalizão é a da Lava Jato, que tem como agenda principal fortalecer o poder do Ministério Público, da Polícia Federal e do Judiciário sobre os destinos do País. O que quer essa coalizão? O mesmo que os políticos, guardadas as devidas proporções: poder, prestígio e dinheiro. O mote principal desse projeto é o combate à corrupção, mas o interesse fundamental desses grupos é garantir o controle sobre decisões essenciais ao país e a remuneração de suas corporações em níveis que, internacionalmente, não têm paralelo.
Ambas as coisas estão interligadas. Quanto mais poderosas essas corporações se tornam, impulsionadas pela agenda do combate à corrupção, maior a justificativa para que elas sejam muito bem remuneradas e blindadas inclusive quanto a relações promíscuas que estabelecem com o setor privado.
http://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Para-entender-a-logica-e-o-timing-da-Lava-Jato/4/38135
Selma Paschoal
21/05/2017 - 20h55
Análise irretocável
Ausônia Schelini
21/05/2017 - 20h53
CARTA CAPITAL??? Argh
Graciela Pozzo
21/05/2017 - 20h36
Rogéria Gomes
21/05/2017 - 22h46
Nesse caso é fora todos
Maurizio Prati
21/05/2017 - 20h24
Essa pergunta é maravilhosa. Quem vai responder?
Jadiel Batista Vitor
21/05/2017 - 20h15
Uma provocação: se o Partido dos Trabalhadores e suas linhas auxiliares estão tão certos da vitória de Lula em 2018, qual o motivo de pedirem eleições antecipadas que sequer estão na Constituição?
Bom, sabemos que as pesquisas que colocam Lula na frente são tão conclusivas quanto a pesquisa Datafolha que colocou Luiza Erundina como favorita para a prefeitura de São Paulo em 2016. É um cenário onde um candidato já definido enfrenta nomes que são apenas cogitados. Também se trata de um nome já definido na extrema-esquerda, onde se vota em massa em um nome independente de suas obras. As pesquisas têm sido muito exóticas também no que tange aos adversários mencionados. O Datafolha chegou a colocar três tucanos de uma vez concorrendo com Lula, um tirando voto do outro. Adicionaram ainda Sérgio Moro, que sequer é político. Foram dois coelhos acertados com uma cajadada: reforçaram a narrativa de que a Operação Lava Jato tem caráter político e diluíram os votos contrários a Lula, que conta com uma rejeição de 45% do eleitorado.
Não obstante, a extrema-esquerda fez festa com os números que foram compilados para induzir o eleitor ao erro. A mensagem das pesquisas era a mesma que os Borg repetiam a exaustão em Star Trek: resistir é inútil. Não adianta criticar Lula, torcer pela Lava Jato ou votar contra: ele voltará para o Terceiro Advento e esmagará a oposição de forma impiedosa.
O furo disso pode ser identificado na tentativa de se aplicar uma rasteira na Constituição por meio da aprovação da proposta de emenda constitucional do deputado Miro Teixeira, da Rede. O texto estabelece eleições diretas para a substituição de um presidente cassado. Trata-se não só de um parlamentarismo paraguaio, como também de uma tentativa de desestabilizar o país e devolver o poder a extrema-esquerda por meio das opções Ciro, Lula ou Marina. Tanto é verdade que todos estes apoiam este remendo golpista. Tanto é verdade que todos estão em campanha antecipada para tal, sendo que só Lula possui musculatura para reunir em torno de si os vermelhos e voltar para o Planalto.
Mas daí fica a pergunta: ele não tinha tanta certeza de que seria eleito em 2018 nos braços do povo? Qual é a razão de novas eleições agora? Se uma eleição acontecesse agora, Lula estaria na frente – mas seria conduzido ao Planalto apenas pela massa de extrema-esquerda que devota a ele uma lealdade canina. Não seria Lula com a Força do Povo que supostamente o ama. Vale lembrar que a simples menção a 2018 já invalida tanto a tese do golpe quanto a tese de que precisamos de “Diretas Já”. Primeiro porque em um cenário de golpe, não há preparação para novas eleições. Quando um governo golpista assume o poder, o povo é vítima de censura, prisões arbitrárias, tiro, porrada e bomba. Não se permite que a oposição discuta eleições ou que as atividades políticas corram de maneira livre. Sobre novas eleições, o fato de afirmarem que não podemos esperar até 2018 evidencia a normalidade democrática: teremos eleições diretas já em outubro de 2018. Qualquer coisa diferente disso é invencionice, é fraude intelectual, é enganação, é golpe. E não passará.
Claudio Anael
21/05/2017 - 18h19
Jadiel, o motivo é muito simples… Do jeito que a destruição avança, não haverá mais o país Brasil ao final de 2018. Isso aqui vai virar uma grande porto rico.. e eu desconfio que você gosta dessa idéia.
Toninho Pereira
21/05/2017 - 20h13
É por isso que eu vou votar no Mito BOLSONARO.
Simone Dos Santos
21/05/2017 - 21h14
Mico
Toninho Pereira
21/05/2017 - 21h42
Olha aí Simone Dos Santos cara de sapo.
Laercio Ferreira
21/05/2017 - 19h51
A GLOBO E SÓ UM MARIONETE DOS IMPERIALISTA DE PLANTÃO EM BRASÍLIA ,E NA TRANSNACIONAIS DO PAÍS , UMA AGENTE NAPALM EFEITO LARANJA DA ESCOLHA DO PRÒXIMOS CORRUPTOS DOA PLANALTO CENTRAL DA NEO COLÔNIA??
Roselaine Chiari Cesarino
21/05/2017 - 19h44
O partido da globo merece uma CPI pelo conjunto da obra.
Jadiel Batista Vitor
21/05/2017 - 19h42
Cara, que mané Globo, até Ministra está na boca de sapo de vocês. Ela está na linha sucessória natural. Rodrigo Maia está todo fundido
na lava jato, Eunicio também, logo quem a assume é a Ministra, segundo a constituição! Assim sendo, ela convoca eleições indireta, também segundo a CF. Agora querer mudar a CF para provocar uma “eleição direta” ai é um golpe, para tentarem eleger Lula e ele se livrar da prisão. Só bandido nesse PT.
Selena Selene Perola
21/05/2017 - 19h43
https://www.facebook.com/100004059703763/videos/1155236281288351/
Simone Dos Santos
21/05/2017 - 21h12
Se você cair de de quatro, relincha com certeza
Elza Pereira
21/05/2017 - 19h33
#DiretasJá
Sirlei Moura
21/05/2017 - 19h31
Estão todos no jogo com a globo. Porque a globo agora quer detonar o Temer.A globo não quer as DIRETAS JÁ.
Aguinaldo Oliveira
21/05/2017 - 19h26
Essa Carmem Lucia dá medo de olhar para ela. Vampira Mãe.