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O desmonte da engenharia brasileira

No site do Clube de Engenharia Desmonte da engenharia nacional O combate à corrupção é essencial e deve ser mantido, mas preservando ao máximo as empresas como um todo Por Francis Bogossian A engenharia nacional está sendo desmontada. A situação do país é extremamente preocupante! Não me lembro de uma época tão atribulada quanto esta. […]

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No site do Clube de Engenharia

Desmonte da engenharia nacional

O combate à corrupção é essencial e deve ser mantido, mas preservando ao máximo as empresas como um todo

Por Francis Bogossian

A engenharia nacional está sendo desmontada. A situação do país é extremamente preocupante! Não me lembro de uma época tão atribulada quanto esta.

Não há investimentos e nem perspectivas para o setor de obras públicas, a curto prazo. O déficit dos governos federal, estaduais e municipais é monumental. Há dívidas do setor público para com as entidades privadas.

A crise que assola o Brasil exige que se busque um consenso em torno de soluções, tendo por base o interesse nacional. Não existe nação forte sem empresas nacionais fortes.

Agiria de modo mais consequente o poder público se, antes de adotar medidas de tal forma drásticas, constituísse comissão notável para estudar o problema e propor uma solução emergencial. Comissão esta que reunisse entidades nacionais de engenharia — tais como a Academia Nacional de Engenharia, os clubes e institutos de Engenharia do Brasil — para, em prazo emergencial pré-estabelecido, apresentar alternativas que visem a preservar a engenharia brasileira, setor fundamental ao desenvolvimento científico e tecnológico, ao progresso, à infraestrutura e à subsistência do país.

O combate à corrupção é essencial e deve ser mantido, mas não pode ser usado para provocar a estagnação da economia nacional. Não se pretende deixar de culpar os comprovadamente ilegais. A proposta a ser estudada teria como meta que as punições aconteçam, preservando ao máximo as empresas como um todo, sem levar ao desemprego profissionais probos, competentes e, ainda, a mão de obra dita “não especializada”, que está sem seu pão a cada dia.

Hoje, o setor que mais atua nas empresas de engenharia, ocupando patrões e empregados, é o de Recursos Humanos, para homologar indesejadas e desgraçadas rescisões contratuais. E já está começando a faltar dinheiro até para isso.

Empresas são formadas, majoritariamente, por profissionais, que aplicam seus conhecimentos e habilidades no desenvolvimento de equipes técnicas formadas e treinadas ao longo de décadas. Estas equipes estão sendo desmanteladas. As construtoras brasileiras, por exemplo, também têm o papel de educar. São estas empresas que empregam mão-de-obra não qualificada e analfabeta. Cursos de alfabetização são comuns nos canteiros de obras, assim como o treinamento dos trabalhadores sem qualificação, que são contratados como serventes e se profissionalizam como pedreiros, encanadores, etc. É por eles que precisamos lutar! Colapsar as empresas brasileiras de engenharia é extinguir nossa soberania.

O Brasil tem extraordinários feitos em ciência aplicada e engenharia, tais como as conquistas do setor elétrico nos últimos 60 anos, o Pró Álcool, a recuperação do cerrado, a produção de petróleo em águas profundas e muitos outros que são referências internacionais. Necessitaria então, realmente, se valer de maciça participação de empresas estrangeiras em nossos projetos de engenharia para sua recuperação econômica?

Francis Bogossian é professor, presidente da Academia Nacional de Engenharia, membro das academias Brasileira da Educação e Pan-Americana de Engenharia e ex-presidente do Clube de Engenharia.

* Esse artigo também foi publicado na seção de opinião do jornal O Globo, no dia 12/05/2017.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Lucio Valente

15/05/2017 - 23h53

Na época trabalhava na SETAL e desde 1988 só para exportação. Com o plano Real e o dólar a 0,9 passei a custar mais caro que um engenheiro alemão. Os projetos foram relocados para a Índia e eu fui demitido.

Lucio Valente

15/05/2017 - 23h49

Esta merda começou com o FHC dolar a 0,9 de Real em 1994.

Joel Araujo

15/05/2017 - 19h27

Eu trabalhei toda a minha vida no ramo da engenharia de montagem industrial. Embora me sinta ainda muito produtivo, estou parado há quase 3 anos. Obrigado, Farsa à Jato! Obrigado juiz Moro e MPF!

Jose Do Carmo da Silva

15/05/2017 - 14h17

ate a friboi os caras querem destrui la


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