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Nova pesquisa Ibope: Temer estaciona abaixo de 10% de ótimo/bom

(Foto: Beto Barata / PR? Fotos Públicas) Temer e o dígito solitário Por Jose Roberto de Toledo, no Estadão 17 Abril 2017 | 00h15 Ótimo e bom ao longo do tempo: prefeitos, governadores e presidente Michel Temer chegou a um dígito de popularidade. Nova pesquisa nacional do Ibope, publicada aqui com exclusividade, mostra o presidente […]

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(Foto: Beto Barata / PR? Fotos Públicas)

Temer e o dígito solitário

Por Jose Roberto de Toledo, no Estadão

17 Abril 2017 | 00h15


Ótimo e bom ao longo do tempo: prefeitos, governadores e presidente

Michel Temer chegou a um dígito de popularidade. Nova pesquisa nacional do Ibope, publicada aqui com exclusividade, mostra o presidente com 9% de ótimo ou bom. É um ponto a menos do que em março, e quatro a menos do que em setembro. A tendência de queda continuada é anterior à Lista de Fachin. A pesquisa fechou antes de as delações da Odebrecht com citações a Temer e oito ministros seus explodirem nas mídias tradicionais e sociais.

Defensores do presidente costumam dizer que a desaprovação é geral, que a revolta é contra todos os políticos. Pode ser, mas com Temer é pior, bem pior. A taxa de ótimo e bom dos governadores é mais do que o dobro da do presidente: 22%. E a dos novos prefeitos, quatro vezes superior à de Temer: 37%.

Mais importante é que, comparando-se esses resultados com os de dezembro de 2015 (última vez que o Ibope avaliou as três esferas de governo ao mesmo tempo), Temer é o único em baixa. Na média nacional, o ótimo e bom dos governadores cresceu três pontos, e a dos prefeitos aumentou de 24% para 37%. O salto de 13 pontos se explica pelo fato de os prefeitos recém-eleitos terem sido empossados há cem dias. Mas os governadores estão há mais tempo no poder do que o presidente, alguns com governos quebrados.

A amostra da pesquisa não permite extrair recortes estaduais, mas, mesmo no Sudeste, onde o Rio de Janeiro passa pela mais grave crise fiscal de sua história, a taxa de ótimo e bom dos quatro governadores é, na média, o dobro da de Temer: 17% a 8%. No Nordeste, então, é uma lavada: 33% a 5% para os governadores. Comparar a popularidade de Temer com a dos prefeitos nordestinos é covardia: 44% a 5%. Também no Sudeste, 35% a 8%.

Por que Temer é tão mais impopular que prefeitos e governadores?

Embora em sua gestão a diferença de popularidade seja maior do que na da antecessora, ele já pegou a Presidência em baixa. Em abril de 2015, quando Dilma Rousseff ainda estava no Planalto, o ótimo/bom presidencial já era metade do dos outros governantes. Temer ampliou esse gap de popularidade por três motivos: desemprego maior, renda menor e reforma da Previdência.

Pesquisa Ibope/CNI mostrou que, em março, o noticiário sobre mudanças na aposentadoria despertou mais do que o dobro da atenção que as notícias sobre corrupção e Lava Jato. Raro, o fato sugere que parte da população entendeu que o governo pretende atrapalhar sua vida. Somem-se a dificuldade recorde de conseguir emprego e a diminuição da renda familiar vinda do trabalho e está explicado porque quase 60% dos mais pobres e dois terços dos nordestinos acham Temer ruim ou péssimo.

Quando Dilma chegou a um dígito de ótimo/bom, na primavera de 2015, o então vice fez a profecia autorrealizável de que seria difícil para ela manter-se no cargo por mais três anos. Apesar de ele acrescentar que não mexia uma palha para virar presidente, a declaração de Temer virou manchete, seu aliado Eduardo Cunha deflagrou o impeachment e Dilma caiu em sete meses. Cabe perguntar: por um ano e nove meses, dá para segurar?

É mais provável que sim do que não. Por ao menos cinco razões. Embora crescente, a taxa de ruim/péssimo do atual governo (56%) ainda é bem menor que a do pior momento de Dilma (70%, em dezembro de 2015). Empresários querem que Temer fique para aprovar reformas. Embora decrescente, a maioria do governo no Congresso ainda é expressiva. O presidente da Câmara não é Eduardo Cunha, mas o genro do secretário-geral da Presidência.

O quinto motivo é o principal: o presidente não tem um vice dizendo abertamente ser difícil ele se manter no cargo com um único e solitário dígito de popularidade. Para Temer sair antes do palácio é preciso haver alguém querendo entrar logo.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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KIKO

18/04/2017 - 04h04

ESFREGANDO NA CARA DE VOCES MAIS UMA VEZ A APROVAÇÃO DO GOVERNO DILMA MESES ANTES DO IMPECHEAMENT: 5%(CINCO POR CENTO) TA BOM OU QUEREM MAIS???

    wanderley kusma

    18/04/2017 - 17h29

    Kiko, sua mamãe a DONA FLORINDA já te disse, quando alguém pedir sua OPINIÃO fique CALADO, e quando alguém não pedir continue CALADO.

fernandooedson

17/04/2017 - 21h20

Difícil afirmar que reformas drásticas, duradouras e pouco debatidas, e que traz um impacto significativo na vida da população de um país, seja a alternativa encontrada para as crises económicas. Principalmente em um cenário caótico instalado nos poderes executivo, legislativo e judiciário.

” Convém questionar, reformas são;
– Em nome de quê?
– Em nome de quem?
– A quem realmente beneficia? ”

Garantir a formação e educação, investimento em inovação e tecnologias, combater seriamente a sonegação e corrupção, desonerar a produção são algumas alternativas possíveis para enfrentamento de crises.

Um país que buscar ser civilizado e almeja crescimento, direitos trabalhistas, previdenciários e sociais, são conquistas que deveriam ser garantidos e ampliados, mudanças neste processo somente seriam bem recebidas no campo da desburocratização e modernização.

Indio Tupi

17/04/2017 - 16h50

Tenho acompanhado as históricas reportagens sobre as delações gravadas de quase uma centena de executivos da construtora Odebrecht. Chamou-me a atenção a do patriarca da empresa. Teria afirmado que todo o esquema revelado está “institucionalizado”. Acrescentou, ainda: “.. o que me entristece é que a imprensa toda sabia”. Se essa prática é generalizada há tanto tempo, onde estavam os custosos aparatos Judiciário e policial? Dado os montantes envolvidos com essa única empreiteira, a quanto não chegarão as “contribuições” das demais construtoras e dos setores agropecuário, comercial, de mineração, petróleo, de serviços, exportador, industrial e financeiro? Este, aliás, o principal beneficiário do pagamento de juros da dívida pública que, no período de 1995 a 2015, atingiu a cifra estonteante de R$ 3,4 trilhões, graças às taxas de juro reais recordes, de cerca de 10% a.a., fixadas pelo “independente” Banco Central do Brasil. Pagamentos que não escandalizam nenhum órgão do Estado. Apenas em 2015, os gastos orçados para educação, saúde, desenvolvimento social, transportes e para cobrir o déficit da previdência chegaram a R$ 405 bilhões, cerca de 20% inferiores aos R$ 502 bilhões destinados ao pagamento de juros da dívida pública. Por sinal, única rubrica orçamentária excluída de qualquer controle pelas reformas do governo que, coadjuvado pelos congressistas que o capital pode comprar, colocou os gastos sociais em camisa de força, fazendo-nos regredir à pré-cidadania. Estará esperando que, quais servos da gleba, o povo pagará essa conta docilmente?


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