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Perspectivas eleitorais para 2012

A força da esquerda no Brasil ainda não se capilarizou nos municípios, onde o conservadorismo ainda predomina.

14 comentários
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(Ilustração: Pollock)

Fiz um estudo das perspectivas para as eleições 2012, e preparei estatísticas e gráficos com dados do TSE para as últimas eleições municipais (2008). De lá pra cá, a mudança principal veio com o PSD, que mordeu nacos da direita, trazendo um bocado de prefeitos para o centro. Os números oferecem um panorama muito instrutivo para quem deseja analisar a situação política, partidária e ideológica do Brasil em 2012.

Confira os gráficos e leia os comentários e análises. Adianto que me supreendi com a força dos partidos conservadores nas prefeituras e câmaras de vereadores. A vitória da esquerda nas três últimas eleições presidenciais ainda não venceu a presença capilar das legendas de direita nos vastos rincões do país.

O post alerta que, em caso de reviravolta política, o conservadorismo poderia formar um bloco fortíssimo, com quase 3 mil prefeitos, contra apenas 550 prefeituras do PT.

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Esta classificação ideológica naturalmente é discutível. Eu usei apenas o meu bom senso e minha opinião pessoal. Algumas siglas que desconheço ficaram de fora, mas elas tem presença insignificante nas estatísticas.

Partidos de esquerda (governista e não-governista): PT, PDT, PSB, PCdoB, PSTU, PCB e PCO.

Partidos de direita: PSDB, DEM, PPS, PP, PSC, PRP.

Partidos de centro: PMDB, PV, PTB, PR, PSL.

O sustentáculo da direita brasileira encontra-se nos municípios. A base da oposição de direita, PSDB, DEM, e PPS, detêm (ou detinham, antes do PSD) 1.411 prefeituras, que conquistaram com 26,67 milhões de votos nominais.

A esquerda governista ganhou 1.250 prefeituras em 2008, ou 30,07 milhões de votos.  O PT sozinho obteve 550 prefeituras.

 

A força do PMDB é muito grande. O partido conquistou 1.193 prefeituras em 2008, com votos nominais de 18 milhões de eleitores. O número mostra que se o partido decidisse apoiar o bloco de direita numa eleição presidencial, teríamos uma eleição bastante competitiva.

Na verdade, as tabelas mostram que um bloco de direita pode se formar a qualquer momento. O PMDB é, de fato, o esteio principal do PT. Se o PMDB pular para oposição, teremos o seguinte bloco:

Um bloco com 2,6 mil prefeitos poderia arrastar o PSB. Aí a situação seria a seguinte:

O PT, com 550 prefeitos, teria que enfrentar um bloco com 2,9 mil prefeitos.

Se analisarmos o quadro de vereadores, temos uma situação onde a direita ainda é mais influente.  PMDB, PSDB, PP e DEM figuram em primeiro lugar no ranking dos partidos com mais vereadores eleitos. Por isso mesmo, o surgimento do PSD, caso tenha sido realmente estimulado por partidos de esquerda, foi um ataque estratégico muito astuto contra as legendas de oposição.

Conclusão: o quadro explica a estratégia de Dilma Rousseff, de conquistar a classe média. É a forma mais segura de trazer o grosso do eleitorado brasileiro, ainda em mãos, no âmbito municipal, do centro e da direita, para a esquerda do espectro político. Claro que a estratégia embute também levar o PT um pouco mais ao centro, num processo dialético.

A força da esquerda no Brasil ainda não se capilarizou nos municípios, onde o conservadorismo ainda predomina. A mídia, acostumada a ver somente o grande quadro nacional, parece não ter despertado para essa realidade.

Não se pode prever ainda a tendência para 2012. A esquerda irá crescer? Pode-se dizer apenas, com alguma segurança, que partidos como o DEM e PPS podem sofrer um declínio, o que é um ponto positivo para as forças governistas. Alguns analistas observam que há sinais, na eleição deste ano, de um desejo de mudança, à diferença do que aconteceu em 2008. Desta vez, o povo quer mudar prefeitos e vereadores. Tal desejo reflete a percepção, ainda que inconsciente, de que as realidades municipais encontram-se em desacordo com o quadro nacional.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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Antonio Olinto

27/06/2012 - 11h53

Francisco, essa pesquisa realmente é uma vigarice. A mídia fez um tremendo escândalo, e agora, aproveitando o rescaldo, faz a pesquisa. Daqui a algumas semanas, esses números devem cair, e na hora que iniciar o horário eleitoral, vai se inverter.

Todos esses insatisfeitos do PT evidentemente vão votar em Haddad. E o tempo de TV será a única maneira de Haddad se defender da mídia aliada a Serra.

    FranciscoD.A.

    27/06/2012 - 21h20

    Opa, em outro post, o Miguelito usa, ora veja, a mesma pesquisa, para tentar dourar uma velha pílula, a dos eternos 35% de PTistas em SP, que, obviamente, rejeitam o Serra, alem de omitir os 59% de eleitores que NAO VOTARAO em nenhum candidato apoiado pelo Maluf.

    Curiosamente essa Gigantesca rejeiçao cai sobre LULA e seu boneco de colete Haddad.

    Afinal, essa pesquisa vale ou nao para vcs?

    Decidam-se, heheheh

      admin

      28/06/2012 - 06h48

      Francisco, o pesquisador faz 300 perguntas sobre Maluf. Isso é orientar a pesquisa. Mas mesmo assim ela tem valor científico para o analista.

        FranciscoD.A.

        28/06/2012 - 13h34

        “…o pesquisador faz 300 perguntas sobre Maluf. Isso é orientar a pesquisa. Mas mesmo assim ela tem valor científico para o analista…”

        300 perguntas?
        Valor científico para o Analista?

        Caro Sr. nem mesmo eu, adversário político , nao desprezo tanto a inteligência de seus leitores, como o Sr. , certamente se maneira intencional, apenas se enrolando em defender o Indefensável, o faz…

          FranciscoD.A.

          28/06/2012 - 13h38

          Corrigindo:

          Certamente, de maneira NAO intencional…

          admin

          28/06/2012 - 13h49

          Eu respeito toda pesquisa, mesmo que perceba pontos tendenciosos, porque ela contém outros dados: espontânea, rejeição, corte por faixa de renda, escolaridade, etc.

          FranciscoD.A.

          28/06/2012 - 14h09

          Se foram feitas 300 perguntas sobre Maluf, como o Sr. diz, quantas perguntas foram feitas sobre Serra?

          1? 50? 100? 299?

          Só para entender o teu conceito sobre o termo “tendencioso”…

          admin

          28/06/2012 - 14h21

          Deixa de ser chato, isso é figura de linguagem.

FranciscoD.A.

27/06/2012 - 07h54

Detalhe para A FRASE DO DIA:

“…Os números indicam que a 59% disseram que não votariam num candidato apoiado por Maluf. Outros 12% seguiriam sua indicação, e 26% seriam indiferentes…”

    spin

    27/06/2012 - 10h41

    Até parece que em SP estará sob um plebiscito não o Kassab/Serra mas o apoio de Maluf ao PT. Que vigarice

FranciscoD.A.

27/06/2012 - 07h26

Puxa, as vezes até eu me incomodo em SEMPRE conseguir ler bem as situaçoes e SEMPRE ter razão.

Lula despenca.
Os PTistas estão abandonando o barco.

O PT ruma para um final melancólico.
.
http://g1.globo.com/politica/noticia/2012/06/64-dos-petistas-rejeitam-apoio-de-maluf-em-sao-paulo-diz-datafolha.html

elsonfidofilo@hotmail.com

27/06/2012 - 07h15

Não acredito que o PMdB, um partido fisiológico pularia do barco, é mais fácil eles se aliarem a oposição para dar um golpe, isso sim é plausível. Uma coisa é certa, o PT fará mais prefeitos nestas eleições, pois tem a seu favor dois políticos bem avaliados pelo eleitorado e isso conta como apoio de peso.

FranciscoD.A.

27/06/2012 - 00h35

Adoro seus estudos “embasados”, hehehehe..

Conte-me mais sobre como o PT está abdicando de dezenas de candidaturas a Prefeituras (só nas capitais, ja sao 13 dentre 27) para tentar desesperadamente manter suas parcerias políticas???

Analises,…. HAUAHAUHAUHAHAHU O Sr. é um fanfarrão, Miguelito….

Helena Vargas

26/06/2012 - 22h46

Esse vídeo do Lula, na reunião com PCdoB, é engraçado.

http://www.conversaafiada.com.br/tv-afiada/2012/06/26/lula-cerra-foge-ate-de-enchente/


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