Jornalista apresenta 10 pontos importantes para compreender as recentes decisões do Supremo Tribunal Federal.
No Jornal GGN
Xadrez das 10 Questões para entender o Supremo
Como um cidadão normal, razoavelmente informado, analisaria nossa Suprema Corte.
Questão 1 – como o Supremo conseguiu esquecer que uma ordem sua foi desrespeitada e manteve Renan Calheiros no cargo de presidente do Senado?
Resposta – Através de uma gambiarra do inflexível Celso de Mello, o decano que se tornou o mais inflexível dos Ministros do Supremo mas que, também, não é de ferro. Seu argumento jabuticaba foi que Renan permaneceria no cargo, mas não poderia se habilitar à sucessão presidencial.
Em palavras mais vulgares, “com camisinha, pode”.
Questão 2 – por que o Supremo avalizou o golpe contra uma presidente eleita e refugou ante o presidente do Senado?
Resposta – Porque o presidente do Senado tinha nas mãos a definição da urgência da Lei do Abuso de Autoridades e dos salários acima do teto. E Dilma tinha nas mãos o Ministro José Eduardo Cardozo. Pela mesma razão que um transeunte bate o pé ante um poodle, mas não ante um pitbull. E também porque não queriam atrapalhar a tramitação da PEC 55 e da reforma da Previdência.
Uma terceira hipótese, mais banal, é que amarelaram ao se defrontar com o poder de fato.
Questão 3 – como o Ministro Luís Roberto Barroso compatibilizou seu apoio à PEC 55 – que a Globo apoia e cuja tramitação poderia sofrer solução de continuidade com o afastamento de Renan – com a condenação do gesto de Renan – que a Globo também condena?
Resposta – Simples. Fora da sessão, deu uma declaração bombástica à imprensa contra Renan. Na sessão, absteve-se de votar, alegando suspeição (o advogado da Rede em tempos longínquos trabalhou no seu escritório). Ficou com a Globo na condenação retórica à Renan e na abstenção, para não haver risco de quórum a favor da liminar.
Questão 4 – como o Supremo, que analisava o decoro de Renan, não recebendo um oficial de Justiça, trata do decoro de Gilmar Mendes atacando violentamente um colega?
Resposta – Hipotecando solidariedade retórica ao colega e não avançando em nenhuma providência legal contra o agressor, dessas bem óbvias, como denunciar Gilmar por quebra de decoro, ou por suspeição, ao avançar opinião em processos que caberia a ele julgar.
Questão 5 – como o Supremo conseguirá compatibilizar sua preocupação em acatar a voz das ruas, com sua retórica de não se deixar influenciar pela voz das ruas e, ao mesmo tempo, atender aos reclamos das ruas?
Resposta – Com um discurso vazio da presidente Carmen Lúcia, do qual a mídia extrairá uma frase de efeito, dando destaque em manchete e, ao mesmo tempo, evitando dar o discurso na íntegra para não estragar a construção da imagem da grande tribuna. Infelizmente, Carmen Lúcia não recorreu nenhuma vez à falácia da falsa dicotomia: ou Justiça ou guerra; ou guerra ou paz. E outras frases de grande repercussão, como o crime não vencerá a Justiça, onde um juiz for destratado, eu também sou; Independência ou Morte – perdão, o brado não é dela.
Questão 6 – como os doutos Ministros diferenciaram o caso Eduardo Cunha do caso Renan Calheiros, o primeiro perdendo o cargo e o mandato e o segundo sendo mantido?
Resposta – a desculpa foi que Eduardo Cunha estava criando dificuldades para as investigações e Renan – que se recusou a receber o oficial de Justiça com a intimação – não.
Questão 7 – o que o Procurador Geral da República Rodrigo Janot quis dizer com a reiteração da frase de que “pau que dá em Chico dá também em Francisco”?
Resposta – Que “pau que dá em Lula dá também em Luiz Ignácio”. Porque Chico e Francisco se referem à mesma pessoa, do mesmo modo que Lula e Luiz Ignácio, entenderam? Ficaria fora de lógica dizer que “pau que dá em Lula dá também em Aécio”, ou Serra, ou Alckmin, porque são pessoas distintas. Não entenderam? Não faz mal: o que importa é bola na rede.
Questão 8 – o que os doutos Ministros teriam a dizer das demonstrações públicas e explícitas de intimidade entre o juiz Sérgio Moro e possíveis réus da Lava Jato, como Aécio Neves?
Resposta – eles são jovens e têm direito de se confraternizar.
Questão 9 – porque até hoje o Supremo não analisou o mérito do impeachment, respondendo à ação proposta (tardiamente, como é de seu hábito) pelo ex-Advogado Geral da União José Eduardo Cardoso?
Resposta – Porque consideraram não haver o periculum in mora, ou seja, perigo em demorar a tomar uma decisão. Revogação da Constituição de 1988, mudança do modelo institucional, guerra entre poderes, crise econômica, avanço do estado de exceção, PM soltando bombas, invadindo igrejas, são fatos do cotidiano. Afinal, como diz o ilustre iluminista Luís Roberto Barroso, o novo normal é o estado de exceção.
Questão 10 – porque esse Xadrez faz blague e não leva o Supremo a sério?
Resposta – Eles que começaram.
Maria Thereza G. de Freitas
09/12/2016 - 09h14
quando será que os excelsos vão se mancar e pedir as contas?
17Abril2016
09/12/2016 - 00h26
A unica coisa boa nessa estoria foi ver a cara de trouxa dos coxas golpistas. Vao ter que engulir o Renan-Barbudo.kkkk
Luís CPPrudente
08/12/2016 - 23h57
O STF perdeu a credibilidade, a seriedade, a legitimidade ao permitir o golpe contra Dilma. Esse STF se tornou um antro de canalhas, de covardes, de pilantras. É um circo bem ruim. Eles se permitiram serem desqualificados e não podem reclamar disto.
Gilberto Alves
08/12/2016 - 21h17
Quando sera que eles começarao a limpar a bunda com a TOGA?
vera vassouras
08/12/2016 - 21h48
Depende. No Brasil, quando o rei nomeou o primeiro desembargador que, por sinal, era um escravocrata.
Mar Philos
09/12/2016 - 04h07
mas a toga serve justamente para esconder as merdas e as devidas flatulências que evidenciariam esta Suprema Tosquice Fétida que alguns ainda insistem em chamar de “justiça” ?
viva o brazzzil zz z
Luís
08/12/2016 - 21h14
O golpe tem como sócio, o Judiciário. É por isso que os golpistas estão sempre seguros e debochadamente sorridentes.
vera vassouras
08/12/2016 - 21h48
Acorda! O Judiciário É O GOLPE.
Charles
08/12/2016 - 20h37
Kkkk, adorei. Sinceramente, eu queria era ver a cara do Cunha, preso em Curitiba, vendo Renan se mantendo no cargo, mesmo afrontando o STF, e ele lá abandonado, sendo que o precedente que usaram com ele poderia ter sido usado em Renan. Fosse eu o Cunha, mesmo que a torre do Moro não queira aceitar a superdelação dele, eu começaria a dar ordens a advogados e familiares para vazar informações. Cunha foi abandonado na beira da estrada, não entendi ainda porque tá tão quieto ultimamente.
vera vassouras
08/12/2016 - 21h52
O texto de um humor finíssimo é a prova de nossa genialidade, portanto, quem afrontou quem? Afronta é manter monarcas dentro de uma (suposta) democracia.