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Conexão PIG: a guerra da blogosfera na literatura!

Publicarei um capítulo por semana, à moda dos folhetins de antigamente. O primeiro já está no ar.

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Sempre que eu reflito sobre o poder da mídia no Brasil, eu penso com tristeza nos percalços de nossa literatura. A blogosfera e a própria dinâmica da internet conseguiram quebrar o monopólio midiático sobre o debate político, mas a esfera cultural permanece muito dependente dos jornalões. É uma situação que a prejudica tragicamente, porque lhe sufoca a liberdade, visto que esses meios não admitem que haja reflexão realmente crítica sobre eles mesmos. Ou seja, a mídia, uma dimensão fundamental da sociedade contemporânea, tornou-se um tabu na literatura e, por consequência, no cinema.

Os escritores no Brasil vivem uma situação melancólica. Como vendem pouco, vivem na esperança de poderem se tornar cronistas de algum grande periódico, o que é outra razão que acaba por levá-los a excluir qualquer crítica à mídia de suas narrativas. A maldição de Lima Barreto, que estreou na literatura com Recordações do Escrivão Isaías Caminha, uma ácida crítica à rotina de um grande jornal, ainda continua espalhando terror e medo. Por conta do ódio que despertou nos barões da mídia de sua época, Lima terminou a vida na miséria, praticamente se suicidando aos 41 anos, de tanto beber cachaça.

Na verdade, a literatura no Brasil tem vários tabus. Não reflete sobre a mídia e tampouco sobre a política, pelas mesmas razões.

Eu comparo a opressão brasileira à liberdade norte-americana. Escritores como Philip Roth, Gore Vidal, Paul Auster, Tom Wolfe, fazem constantes alusões à política e à mídia. 

Isto gera consequências nefastas para a cultura e a política. A cultura se empobrece, se aliena, se afasta das fontes mais ricas e complexas da realidade. Esse tipo de coisa afeta severamente a produção artística de um país. Quando se estuda a história da arte, vê-se como seus grandes momentos refletem uma delicada e complexa teia de circunstâncias políticas, e que qualquer mudança nestas pode acarretar o aniquilamento quase súbito dos impulsos psicosociais que produziam sua vitalidade estética. De um dia para outro, cidades como Atenas, Florença ou Roma deixam de ser o centro artístico do mundo para se tornar cidades vazias culturalmente.

A política, por sua vez, também perde muito ao se afastar da cultura. Torna-se burocrática, enfadonha, envelhecida e, por fim, corrupta.

Pensando nisso, além do anseio de escrever ficção, que traz uma liberdade extraordinária para produzir situações e refletir sobre elas, eu resolvi escrever um romance cujo pano de fundo será a guerra de comunicação que vivemos.

Só que há um outro problema, tão grave como todos os demais. A enorme dificuldade para se produzir literatura no Brasil, em termos práticos, de tempo e recursos para fazê-lo.

Daí que cheguei a uma solução que, teoricamente, remove todos esses empecilhos.

Conexão PIG será escrito com auxílio dos próprios leitores, que pagarão um valor quase simbólico para ter acesso ao blog onde o romance será publicado. Publicarei um capítulo por semana, à moda dos folhetins de antigamente. O primeiro já está no ar.

Entre no site e confira se a ideia lhe interessa!

http://www.conexaopig.com/

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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