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Quanto mais maltrapilho, mais o governo Temer se qualifica para o trabalho sujo de destruir a democracia brasileira

(Foto: Beto Barata) Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho Quanto mais andrajoso e miserável, mais o governo Temer se adequada ao serviço que as elites esperam dele. Quanto mais desmoralizado e mais rebaixado ao rés do chão, mais fará para merecer o beneplácito das elites que estão por trás do golpe. O trabalho […]

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(Foto: Beto Barata)

Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho

Quanto mais andrajoso e miserável, mais o governo Temer se adequada ao serviço que as elites esperam dele. Quanto mais desmoralizado e mais rebaixado ao rés do chão, mais fará para merecer o beneplácito das elites que estão por trás do golpe. O trabalho sujo a ser executado é o de destruir todas as conquistas sociais e trabalhistas que começaram, em razão das lutas dos anos 20 e 30, a ser alcançadas nos anos 40 (a Consolidação das Leis do Trabalho, CLT, é de 1943).

Em especial, é dever de casa dado aos golpistas destruir todas as conquistas sociais consignadas na Constituição de 1988. Enfim, a missão é criar um Saara social onde antes havia oásis recentemente plantados contra as desigualdades absurdas, que tornaram o Brasil tristemente célebre como o país mais desigual do mundo.

A tarefa, portanto, é a de destruir a democracia e, para isso, haveria uma paga.

Da parte do governo Temer e de seus rapazes, as expectativas iniciais eram de contar com a vista grossa das elites para fazer a pilhagem e levar o butim. Um plano 100% Ali Baba. Para isso Temer, depois de esbravejar que iria arrebentar com as redes sociais e dar uma dura em quem o chamasse de golpista, jogo de cena dos primeiros dias, começou logo a falar em conciliação nacional.

Por conciliação ele entendia diminuir o barulho, evitar manifestações, e criar “a confiança” para trazer os investidores internacionais. A chegada dos grandes negócios significaria farta coleta de migalhas lançadas no chão para a canalha que se apoderou da máquina do estado.

Mas para sair redondo, esse plano contava com o mínimo de atrito com os movimentos sociais. Sua pregação falou muito em apaziguar o país e em “estabilidade”. O que Temer entende por estabilidade disse na entrevista no Roda Viva ao comentar uma pergunta sobre prisão de Lula:

“Se você me perguntar se o Lula for preso, se isso causa problema para o governo? Acho que causa, não é para o governo, é para o país. Acho que haverá movimentos sociais. Toda vez que você tem movimento social de contestação especialmente a uma decisão do Judiciário, isto pode criar uma instabilidade”

“Estabilidade”, portanto, significa não dar motivos aos movimentos sociais, já que quando “você tem movimento social isso pode criar uma instabilidade”.

Portanto, para manter os movimentos sociais relativamente mornos e avançar no seu programa, Temer ganhou distância imediata das questões mais repugnantes como, por exemplo, a Reforma Trabalhista. Nem de longe desistiu delas, mas se esmerou em mentir nas entrevistas e deixa-las para o momento em que já tivessem tudo amarrado e os petrodólares entrando à rodo.

Temer sempre teve medo dos movimentos sociais. Mas a resistência ao golpe mostrou não ter compreendido isso. Chegou-se a falar em evitar protestos para não dar motivos que servissem a radicalizar o regime de exceção.

O caso Geddel e a denúncia de Calero, brigas típicas da ralé vingativa, causou o entupimento dos canos de drenagem e a subida à superfície do esgoto do submundo. Apressados e afanosos, os faxineiros entraram em cena com baldes e panos de chão. FHC e Aécio, eles também com os rabinhos bem presos, deixaram a cena do crime quase mais suja do que antes, mas criaram a ilusão de apoio.

De fato, ao correr para condenar as gravações, Aécio não contribuiu para limpar mas para encobrir um pouco da lambança com uma nova, e grossa, camada de detritos. De todo modo, ficou a dívida de Temer ao ser resgatado do fundo do poço e quem agora deve, em parte, sua sobrevida ao PSDB.

Temer vive agora sob a vigilância do cetro do PSDB, ou melhor, da vassoura tucana usada para descaracterizar a cena do crime. Por isso, terá que fazer tudo que se pede dele. O PMDB tornou-se um agregado submisso ao PSDB. E, com isso, a recompensa pelos serviços golpistas prestados às elites brasileiras, a “merenda” como devem dizer na gíria deles, vai encolher bastante.

As reformas, como ontem já anunciava a Folha, serão tocadas na correria para agradar a turma do andar de cima. Uma matéria do jornal informou, mas nem precisava porque isso é óbvio demais, que Temer apostará na “ofensiva política das reformas para reverter desgaste na política”.

Isso significa que o cronograma terá que ser mudado. Temer perdeu  o poder de ditar o tempo das reformas, e deixar as mais ofensivas para depois de amarrar todas as negociatas com os investidores, de dentro e de fora.

Ele terá que meter a mão nos vespeiros antes, e isso vai ter um efeito negativo sobre sua estratégia. A “estabilidade” com que contava, ou seja, a atração fácil do capital internacional, será a primeira a ser prejudicada. Além disso, despertando a ira dos movimentos sociais (que já deviam estar irados há muito tempo, é essa a verdade) vai reduzir suas chances de êxito. Reduzir até suas chances de chegar ao final dos seus dois anos de mandato.

A cara de velório da coletiva do domingo, em que usando o pretexto de barrar a aprovação do caixa 2, serviu na verdade como uma tentativa de dar explicações sobre o caso Geddel, reflete o baque sofrido.

Temer terá que mudar de método. A mentira compulsiva com que respondeu à maioria das questões que lhe foram postas em entrevistas nos últimos tempos – sobre a previdência, sobre a reforma trabalhista, sobre o fim da correção do salário mínimo para aposentados, sobre a idade mínima para aposentadorias, etc. – não vai mais colar.

A fase do confronto terá início em breve. O PSDB está por trás, cobrando a fatura do apoio e, ao mesmo tempo, empurrando o PMDB para ser o boi de piranha de 2018. O programa desse partido, UMA PONTE PARA O FUTURO, do qual FHC debochou dizendo que virou uma pinguela, na verdade é agora o programa de transição do PSDB.

“Programa”, aliás, só o nome, porque com esse pessoal ‘programa’ é só um amontoado de palavras bem sonantes. O programa real é a pilhagem e o desmonte de todas as políticas sociais conquistadas no país desde as lutas do início do século XX. Esse é o real programa. A inércia das esquerdas, talvez porque partes delas estejam associadas ao PMDB, como assessores, como associados e como cúmplices em governos estaduais, em inúmeras prefeituras pelo país todo, é o que verdadeiramente explica o sucesso do programa do golpe. A começar pela aprovação da PEC 55 em primeiro turno ontem no Senado.

O programa da pilhagem e destruição da democracia e do estado brasileiro deve ser visto, cada vez mais, como o programa do PSDB que foi entregue ao  PMDB para ser executado.

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Maria Thereza G. de Freitas

30/11/2016 - 11h58

acho impossível o usurpador não saber que será descartado, depois que fizer o trabalho mais sujo. Os tucanos estão esperando há 14 anos pra voltar desfrutar plenamente as benesses do Estado, estão babando. Não vai ser um anão moral e político que irá impedi-los.


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