Geraldo Alckmin ao lado de João Dória, em evento do Lide — Grupo de Líderes Empresariais (Foto: Ciete Silverio/ A2D)
por Aline Coutinho
Talvez após a vitória de Dória já no primeiro turno na capital paulista, surpreendente porque quebra uma tradição de decisão eleitoral feita em duas etapas, o que mais intrigou nas eleições municipais de ontem foi o número gritante de abstenções, votos nulos e brancos. O que devemos ter em mente é que se tomarmos tanto o discurso vitorioso quanto a taxa de abstenção em conta, o diagnóstico é muito mais sombrio: trata-se da crise da própria política representativa.
Parte do discurso vitorioso de Dória é que ele representa uma espécie de descontinuidade com o jeito de fazer política no Brasil. Ele, o gestor sem nenhuma experiência em cargos executivos, entoou o canto de que por ser administrador e “não político” representaria algo de novo: seria um homem dos negócios, do mercado, não da política.
Agora, notemos que só o percentual de abstenção do eleitorado paulistano chegou a quase 22%. Notemos também que o número de votos arrecadados por Dória não alcança a soma dos votos nulos e brancos com o número de abstenções. Oras, não se trata aqui de uma outra faceta do descontentamento com a política, muito mais que um simples desgosto pela gestão petista anterior?
Na mídia tradicional hoje proliferam manchetes que enfatizam a vitória do PSDB sobre o PT. Se tomarmos os números brutos, sim, há razão no diagnóstico. Mas se prestarmos atenção dos discursos veremos que não é o PSDB quem saiu ganhando, mas o discurso da meritocracia, da eficiência do mercado sobre o estado, de Hayek. É o discurso do apoliticismo, por mais político que ele seja.
Aline Coutinho é professora de sociologia na Universidade de Ottawa
ronaldo rangel
04/10/2016 - 09h52
Essa abstenção monstruosa, tem um vies, de cautela, por que as pessoas que tem cérebro e não estão zikaneados pelo midia GOLPISTAS, estão qyerendo ver mais à frente prá ver se a direita vai resolver a vera, ou enrolation entreguista das riquezas do Brasil. Fico analizando o Suplicy, ele foi o único votado pelas abstenções, que não tinham dúvida no voto, mesmo sendo do PT, e por aí o sinal…
marco
03/10/2016 - 19h42
Senhora Professora.Como para mim,política se faz até nas alcovas,0 que ocorre com o eleitor,é desilusão com PARTIDARISMO POLÍTICO e se expressa em ausências das urnas.Parte dos outros que anulam e votam em branco,também esta ligado a esse fenômeno.Quanto aos eleitores votantes na DIREITA,em sua maioria são portadores de uma doença ,não só no Brasil,como em muitos lugares do mundo,que eu chamo de ACEFALIA INTELECTUAL.E agora,após a anulação dos votos dados à Sra.Dilma,na última eleição,mais se acentua essa DESILUSÃO.Some-se a isso,a percepção que as pessoas normais devem ter,de que um PODER JUDICIÁRIO,composto por um número muito grande de PARASITAS DO ESTADO,e que nem sequer OUTORGA tem,e decidem com seu silêncio cúmplice,as reiteradas quebras da normalidade institucional,com desrespeito à constituição tão custosamente conseguida,me parece até lógica as suas diversas ausências.Para arrematar,a constatação daqueles que tem ainda,cérebros,a proliferação de partidos nanicos que nem programa ou ideologia expressem,contribui para esse fenômeno.Para mim,portanto não me parece estranho,tal comportamento.
label vargas
03/10/2016 - 18h30
O sistema democrático assim como está ,não funciona ,fracassou.Essa é a mensagem ,o descontentamento com um sistema que prioriza o eleitor a cada 4 anos e depois o elimina.Ele tem que ser mudado,já passou da hora.Tanto o político ,quanto o administrativo.É poder demais ,é altíssima a concentração.Tem que ser mudado,sob pena de estarmos participando (e sempre foi assim) de uma farsa.