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Sua Excelência, o Presidente – A mente brilhante de um cérebro decorativo

Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho Ninguém vai chegar ao ponto de dizer que Temer é um sem cérebro, mesmo porque Eduardo Cunha já disse que ele tem um cérebro, dotado até de nome próprio, Moreira Franco. No entanto, apesar disso, as tiradas de Michel Temer, na maioria das vezes meio absurdas, dão […]

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Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho

Ninguém vai chegar ao ponto de dizer que Temer é um sem cérebro, mesmo porque Eduardo Cunha já disse que ele tem um cérebro, dotado até de nome próprio, Moreira Franco.

No entanto, apesar disso, as tiradas de Michel Temer, na maioria das vezes meio absurdas, dão a impressão de um vazio mental desolador. A palavra ‘mediocridade’ parece eufemismo para o grau de ausência que se nota quase a cada uma das suas intervenções. O interessante é que o terno e a gravata, mais a condição de homem branco com poder e posição, iludem as pessoas e, mesmo entre seus adversários, são poucos os que atentam para esse pequeno detalhe da psicologia presidencial.

O silêncio pétreo, que dava um ar de severidade e continência, durante toda sua longa temporada de vice, agora está explicado. Quando ele fala, além daqueles “rrr” passadista (o chamado ‘r’ brando, como vibrato da língua), da substituição do “il” pelo “ile” (“mile e novecentos”), e outras preciosidades de antanho, coisa de narrador dos anos 50, o que mais se destaca é a pobreza do vocabulário, a frases descosidas, e as repetições desnecessárias.

Do ponto de vista do conteúdo, é o desastre absoluto. Exemplos e mais exemplos estão se avolumando diante dos nossos olhos. Um dos momentos notáveis foi na abertura dos Jogos Paraolímpicos, em que ele, em meio às vaias, deu um show:

“Os parolímpicos Rio 2016”. Isso foi tudo que ele conseguiu dizer. Atropelado pelo nervosismo, perdeu o autocontrole e esqueceu que devia dizer: “Como presidente do Brasil, declaro abertos os jogos Paraolímpicos Rio 2016”. A observação dessa performance é uma aula sobre os recursos intelectuais e afetivos do atual presidente. Recomendo fortemente que o leitor veja e reveja. AQUI.

Na sua primeira viagem internacional como presidente, no encontro do G20, Temer desprezou os protestos contra ele no Brasil, se referindo com desdém a “aquelas 40, 50 pessoas que quebram carros”. Logo depois, tivemos 100 mil pessoas nas ruas.

Agora, em Nova York, ele tem abusado dos seus dotes intelectuais, fazendo declarações que soam certamente risíveis para os seus ouvintes. Uma delas virou manchete principal na Folha/UOL:  Brasil vive estabilidade política “extraordinária”, diz Temer

Apesar de estar falando para uma plateia muito instruída e bem informada de empresários americanos, Temer lançou mão como se vê, de uma fanfarronada típica de quem se dirige a uma plateia ignorante e desprovida de senso. É evidente que a ninguém passou despercebido a qualidade e o estofo do homem que, para conseguir investimentos, estava disposto a mentir na cara dura.

Talvez até aceitassem se dissesse que o Brasil, apesar das turbulências momentâneas, possui sólidas instituições democráticas. Também seria mentira, já que o golpe só avançou destruindo aquelas instituições democráticas, mas, pelo menos, não lançaria mão de um exagero boçal e contrário à realidade que todos percebem. O que deixa claro mais uma peculiaridade de Temer: nutrir cumplicidade com base em toscas dissimulações da verdade.

A mesma baboseira, adornada com outros ingredientes, aparece na declaração em que explica o que teria motivado o impeachment de Dilma:

“E há muitíssimos meses atrás, 10, 12 meses, nós lançamos até, eu ainda vice-presidente, lançamos um documento chamado ‘Uma Ponte Para o Futuro’, porque nós verificávamos que seria impossível o governo continuar naquele rumo. E até sugerimos ao governo que adotasse as teses que nós apontávamos naquele documento chamado ‘Ponte para o futuro’. E, como isso não deu certo, não houve adoção, instaurou-se um processo que culminou agora com a minha efetivação como presidência da república.”

Primeiro é interessante ressaltar o exagero hiperbólico, de quem evidencia manter uma relação problemática com a realidade: “E há muitíssimos meses atrás, 10, 12 meses”. Bem, 10, 12, meses não são tantos meses atrás assim que justifiquem essa expressão hiperbólica. Depois, há 12 meses atrás, em setembro de 2015, o governo Dilma já estava com o destino traçado, e sob fogo cerrado dos golpistas.

A dificuldade de pensamento lógico, e concatenação, que chamamos acima de descostura, fica clara aqui:

“E há muitíssimos meses atrás, 10, 12 meses, nós lançamos até, eu ainda vice-presidente, lançamos um documento chamado ‘Uma Ponte Para o Futuro’.”

Por que lembrar, balbuciando e repetindo palavras, ao ouvinte que “há muitíssimos meses atrás”, ele era “ainda vice-presidente”? Como não seria, se ficou mais de cinco anos como vice? Esses não são exatamente os indícios de uma mente brilhante.

E vale lembrar ainda outra pérola, dessa breve temporada em Nova York, que foi o dito de Temer segundo o qual nunca ouviu falar de corrupção porque era só um vice decorativo. Certamente, quando essa aventura golpista chegar ao seu fim, e as responsabilidades foram cobradas, não será de surpreender se Temer disser que não foi responsável pelo golpe, que  não pensou em nada, porque era só um cérebro decorativo.

Caros leitores, Os convido a visitar e curtir a página MÁQUINA CRÍTICA. Nosso desejo é mobilizar o pensamento crítico em favor da democracia, sem esquecer outros temas e debates que importam. Ps: Continuaremos normalmente nossa colaboração com O Cafezinho, que está nos apoiando nesse projeto. Abraços,

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Comentários

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Marco Sousa

26/09/2016 - 02h56

Decorativo
só para atos governamentais, é claro, porque para MANCOMUNAR traições e
golpes é o primeiríssimo, não tem nada de decorativo.

Celso Junqueira

23/09/2016 - 14h45

Ele é na verdade, o Michel “Naftalina” Temer.


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