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O livro de Cunha e a implosão do governo Temer

 (Foto: Lula Marques) Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho Ontem, ao informar que pretendia escrever um livro, Cunha deu a impressão de que iria redigir uma delação premiada.  Aliás, foi em tom de ameaça que notificou os colegas sobre suas intenções literárias. Ameaça com sabor de chantagem. Trata-se, portanto, da melhor literatura criminal, […]

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 (Foto: Lula Marques)

Por Bajonas Teixeira, colunista de política do Cafezinho

Ontem, ao informar que pretendia escrever um livro, Cunha deu a impressão de que iria redigir uma delação premiada.  Aliás, foi em tom de ameaça que notificou os colegas sobre suas intenções literárias. Ameaça com sabor de chantagem. Trata-se, portanto, da melhor literatura criminal, já que, segundo diz a letra da lei, chantagem é crime.

Como se vê, mesmo quando se dedica às lides da cultura, Cunha não deixa de praticar a sua arte preferida, a coação. Foram diversas as ocasiões em que brandiu ameaças contra seus antigos companheiros de vida política. Ao longo dos últimos meses, como mostramos em dois artigos – A cunhalada pelas costas e A quinta ameaça de Cunha –, a chantagem foi o método adotado para manter a fidelidade dos ex-amigos.

A última delas saiu no blog de Lauro Jardim, em 14 de agosto, e noticiava que Cunha mandou um recado para Temer em forma de parábola. Em resumo:

“O recado que Temer ouviu pode ser resumido na espécie de parábola que foi transmitida a ele pelo emissário.

— O Eduardo me disse: ‘era uma vez cinco amigos que faziam tudo junto, viajavam, faziam negócios…. então, um virou presidente, três viraram ministros e o último foi abandonado’… E que isso não vai ficar assim.”

Está claro que Cunha, como já havia feito outras quatro vezes, procurava intimidar Temer e seus colaboradores políticos fazendo-os trabalhar em benefício da sua causa, isto é, a de escapar  de qualquer punição na Câmara.

Hoje no Painel do UOL, e com bastante destaque na home, estava a constatação de Eduardo Cunha de que foi traído pelos amigos: ‘Temer não fez nada por mim’:

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O ódio pela humilhante derrota, o desespero com o que está por vir, junto com o sentimento de traição, podem levar Cunha a cumprir a promessa de morrer atirando. O livro que ontem disse que planejava escrever – em dois meses, contanto com sua boa memória e com o tempo livre que teria, se cassado – é uma evidente menção à desforra pretendida.

Seria, é evidente, um ótimo presente para os que estão defendendo a democracia contra o golpe, essa tal denuncia bomba contra o governo Temer. Uma constelação muito interessante de elementos estaria então desenhada: junto com a desaceleração da Lava Jato, o fortalecimento da tese do golpe, e a inclusão sem escapatória de Temer e seu grupo em denuncias de corrupção, fechariam um cerco contra o golpe.

Ontem uma grande manchete no UOL trazia o título “Sem vocação penal, STF desacelera o ritmo da Operação Lava Jato”. Uma tese interessante quando se constata que o STF foi muito ágil para punir o PT no mensalão, apesar dessa pretensa “ausência de vocação penal”. Já o “fortalecimento da tese do golpe”, foi enunciada pelo próprio Cunha como uma consequência óbvia de sua cassação.

Caso então, ao lado dessas duas constatações, uma enxurrada de denúncias da parte de Cunha entrasse em cena, não seria o fim do governo Temer e, consequentemente, do golpe?

Sem descartar essa possibilidade, o fato, contudo, é que a ausência de um ingrediente decisivo – a cumplicidade da mídia – provavelmente impedirá que as coisas evoluam nesse sentido. A mídia foi muito amiga de Cunha enquanto ele foi o agente principal para a realização do impeachment. Depois disso, as coisas mudaram. Exagerando, ele fez ontem a seguinte queixa contra a Globo:

“Não são meus erros que estão levando à cassação, o que está levando à cassação é a política. Fui cassado pela conjunção, pela TV Globo, que fez campanha contra mim. É muito difícil aguentar um ano inteiro de campanha da TV Globo, como ela fez”.

A verdade é que nas últimas semanas, a Globo não foi nada simpática a Cunha. E esse é o ponto principal: por comprometedoras que sejam as futuras revelações de Cunha, sem o auxílio da mídia, estarão fadadas a não surtir qualquer efeito, servindo apenas como ilustração do antigo ditado segundo o qual “Praga de urubu magro não pega em cavalo gordo”. Ainda mais agora que, chegando à conclusão de que é um tribunal de recursos, o STF descobriu que não tem vocação penal.

 

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Comentários

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luis castro

13/09/2016 - 23h56

Duvido que Cunha vá fazer delação para favorecer o PT e ferrar com seus ex-aliados. A manchete de O Globo de hoje “Cunha é cassado e vai ser julgado por Moro” sinaliza para o que vai acontecer. Cunha é o Roberto Jefferson da vez, este último foi preso no mensalão para poderem prender José Dirceu, agora o primeiro vai ser preso no petrolão para prederem Lula. Cunha vai assumir toda a culpa para livrar mulher e filha, assim como Jefferson ele não tem saída, passa algum tempo na cadeia depois vai para o semi-aberto e estará livre com toda sua fortuna. O golpistas liderados pela Globo não vão deixar Lula livre para ganhar a eleição de 2018, isso seria nadar, nadar e morrer na praia. Cunha não vai fazer nada que prejudique o golpe, pois isso seria o seu fim, toda sua família seria presa. Por essa razão, ele vai preso por Moro para que esse possa depois prender Lula. Quem viver verá.

Luiz Baptista

13/09/2016 - 23h00

Uma coisa que acredito que o cunha perdeu foi o “timing” para uma eventual delação que poderia servir para ele continuar mantendo sob coação os seus cento e tantos minions na câmara.
O placar dilatado da cassação onde, salvo raras exceções como o infame paulinho da força, revela que a canalhada que o apoiou no golpe agora pode utilizar a famosa afirmação que “não existem provas” para se safar no futuro. Como entre bandidos a palavra de um, ou de outro, não vale nada mesmo e o cunha já vai estar em adiantado estado de decomposição judicial, a menos que existam provas contundentes – não vai dar em nada, como de hábito.
Além disso já deve ter sido avisado que uma queima de arquivo, com esposa e filha incluídas, pode ser providenciada, caso ele continue a fazer gracinha. O exemplo recente do laranja do eduardo campos em Pernambuco, não deixa dúvida que esse é um expediente muito utilizado nessas horas escabrosas.
O tempo vai ficando cada vez mais curto para esse cretino entregar algo de interesse que valha alguma coisa pros seus futuros justiceiros. Ele não é um cara de segundo escalão, como os diretores ladrões da Petrobrás, mas está caminhando rapidamente para o rebaixamento.
Interessante notar, que num cenário desses, pessoas como o interino traíra poderão ser queimados a qualquer momento. Acho que essa vai ser a tábua de salvação para os últimos achaques desse bandido.
Afinal de contas ele mesmo afirmou que seria lembrado como “aquele que tirou dois presidentes do poder”.
Continua a novela e Fora temer !!!

marco

13/09/2016 - 22h19

Pois o S.T.F. é somente TRIBUNAL PENAL,para punir os que não são do SEU PARTIDO.Qualquer partido serve para o S.T.F, desde que seja ,da DIREITA.Somente,os PARTIDOS PRÓ BURGUESIA.


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