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Usinas nucleares: o silêncio ensurdecedor de decisões sem debate

no Clube de Engenharia É sabido nos meios científicos e técnicos que no suprimento de energia, assim como o século 19 foi dominado pelo carvão, o século 20 pelo petróleo, o presente século será mais e mais dominado pelo combustível nuclear. Daí o interesse das principais potências do planeta em controlar o acesso a ele. […]

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no Clube de Engenharia

É sabido nos meios científicos e técnicos que no suprimento de energia, assim como o século 19 foi dominado pelo carvão, o século 20 pelo petróleo, o presente século será mais e mais dominado pelo combustível nuclear. Daí o interesse das principais potências do planeta em controlar o acesso a ele.

Aqui, o setor nuclear ganhou um silencioso destaque nas últimas semanas no Congresso Nacional, em função da tramitação das Propostas de Emenda Constitucional (PEC) 122/07 e da PEC 41/11, apensada à primeira. Silencioso, porque após longos nove anos, entre arquivamentos e desarquivamentos, as propostas receberam, sem alarde, em 12 de maio último, parecer favorável do relator da Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania e chegarão em breve ao plenário.

Trata-se de um raro movimento do Legislativo em relação à área nuclear. Mas não é positivo; tampouco é neutro.

As mudanças propostas põem a perder quase seis décadas de esforços que levaram o país a, desde a década de 1980, integrar o seleto grupo de países que domina todo o ciclo do combustível nuclear, ao lado de Alemanha, China, Estados Unidos, França, Holanda, Índia, Irã, japão, Paquistão, Reino Unido e Rússia. Dono de uma das maiores reservas naturais de urânio do mundo, o país passou a dominar, após a construção da Fábrica de Combustível Nuclear em Resende/RJ, o ciclo nuclear completo em escala industrial.

Desde então, detém a tecnologia e as ferramentas necessárias para a autonomia na produção do combustível, a se concretizar após a conclusão de Angra 3. Trata-se, pois, de injustificável alienação de soberania, consubstanciada na exclusão do monopólio da União para a construção e operação de reatores nucleares para fins de geração elétrica (PEC 122/07) e na vedação à construção e instalação de novas usinas que operem com reator nuclear no país, permitindo entretanto as atividades das usinas já existentes e em construção (PEC 41/2011).

As emendas constitucionais em apreço têm por objetivos inviabilizar a produção industrial de combustível nuclear no país, e possibilitar a privatização das usinas nucleares existentes, ora operadas pela Eletronuclear. Deixarão o país, caso aprovadas, mais uma vez à mercê de interesses externos. São iniciativas que se somam ao ataque ao Pré-Sal, à atualização do Código de Mineração para favorecer mineradoras multinacionais, à proposta de permitir a compra indiscriminada de terras por estrangeiros, à de “privatizar o
que for possível” relegando-nos à condição de fornecedores de matérias-primas para o mundo. É a volta ao Brasil Colônia.

Longe de sermos xenófobos, preocupa-nos o nosso futuro como nação. Em face da sua extensão territorial, dos seus recursos naturais e da sua população, o Brasil, que já é hoje uma das 10 maiores economias do mundo, não pode renunciar sem mais nem menos à sua soberania. Capitais produtivos externos são bem-vindos, pois aqui geram empregos, pagam impostos e nos auxiliam no desenvolvimento tecnológico,
desde que, contudo, subordinados aos interesses nacionais. Os que deles querem abrir mão, não pensam no Brasil. Merecem nosso repúdio.

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Comentários

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Rita Lama

22/06/2016 - 05h19

A única coisa que me consola, um pouco, é saber que, mais dia, menos dia, justiça será feita e os criminosos serão punidos…

Octavio Filho

22/06/2016 - 01h01

http://altamiroborges.blogspot.com.br/2016/06/os-herois-com-pes-de-barro-do-mbl.html

Interessante!

Os heróis com pés de barro do MBL

João Luiz Brandão Costa

21/06/2016 - 18h31

Não conheço um só país do mundo – salvo os EUA, onde mesmo o privado é, redundantemente, americano, e tem timbre e chancela do governo – que os interesses relacionados à energia nuclear estejam em mãos estranhas ao mais alto interesse nacional. Trata-se, obviamente, de caso da mais alta segurança nacional. Ainda mais hoje, em dias de terrorismo em, escala planetária. Pode existir, como existem, administração, pesquisa e exploração conjuntas, como no caso de França e Alemanha. Mas tudo bem amarradinho. Deixar esses porra-loucas e bando de corruptos meterem o bedelho nisso é a crônica da catástrofe anunciada. Mas acho que dessa vez, vão quebrar os dentes. Deve ter gente com gemada nos ombros, de olho na brincadeira.

    Alexandre Moreira

    21/06/2016 - 19h08

    Está coberto de razão João Luiz. Esse maldito congresso conduzido pelos interesses escusos deste governo interino, vão entregar nossos recursos naturais a preço de banana e inviabilizar para sempre nossos sonhos de ser uma nação livre e independente.

    Octavio Filho

    22/06/2016 - 00h01

    Infelizmente, tem gente com gemada nos ombros dando cobertura ao Temer e vigiando o Lula.

    Jst

    22/06/2016 - 19h39

    temos um informante dos EUA como presidente e um preposto dos mesmos no ministério das relações exteriores.
    Vamos ser saqueados e voltaremos 50 anos na história. Agora somos governados por ladrões.
    A lava jato não era para acabar com a corrupção? Como os maiores ladrões que já pisaram esta terra derrubaram uma presidenta honesta e estão agora no poder? Gostaria de saber o que a turma da lava jato tem a dizer sobre este fato.


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