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Por que não confio na delação de Delcídio

Delação em si não vale nada, sobretudo do jeito que é feita na Lava Jato, arrancada com base em tortura.  A Lava Jato, já entendemos, faz um jogo calculado de delações.  Poderíamos até criar um novo conceito: a matemática política das delações.  E Aécio, pelo visto, virou a bucha tucana da Lava Jato.  O tucano […]

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Delação em si não vale nada, sobretudo do jeito que é feita na Lava Jato, arrancada com base em tortura. 

A Lava Jato, já entendemos, faz um jogo calculado de delações. 

Poderíamos até criar um novo conceito: a matemática política das delações. 

E Aécio, pelo visto, virou a bucha tucana da Lava Jato. 

O tucano queimado no fogo da inquisição para dar aparência "legal" à Lava Jato. 

É um pião sacrificado como isca para pegar peças maiores do adversários: bispos, torre, rainha, rei…

De qualquer forma, a bagunça se torna completa. 

A história em torno dos vazamentos de Delcídio é um exemplo. Ele delatou Aécio, mas a capa da Veja era contra Lula e Dilma. 

Diante de vazamentos tão criminosos, não deveria ser sequer homologada. 

Na verdade, a "delação" de Delcídio é um depoimento de um sujeito desesperado para sair do Abu Ghraib de Sergio Moro. 

Recuso-me a chancelar essa agressão aos direitos constitucionais de cidadãos brasileiros, sejam executivos, políticos ou qualquer tipo de cidadão. 

As denúncias que temos ouvido cada vez mais, e não é de hoje, é que há tortura, ameaça de tortura e terrorismo penal altíssimo para os réus, na Lava Jato. 

Sergio Moro segue a linha mediavalesca de Joaquim Barbosa e as condenações são de décadas. As sentenças são mera confirmação de condenções pre-determinadas, seguidas por uma exposição midiática crudelíssima, onde até detalhes íntimos de informações trocadas entre familiares são jogados na mídia, como forma de chantagem estatal contra o acusado. Não há chance nenhuma para a defesa, apesar das inúmeras falhas do processo. 

Essas delações, reitero, não valem nada enquanto não forem corroboradas com provas. 

Com provas autênticas, e não com teorias, literatura, ou narrativas cuidadosamente costuradas para dar substâncias a conspirações políticas.

No caso de Aécio, trata-se da mesma denúncia feita por vários outros delatores. Há inquéritos do Ministério Público ainda em aberto sobre o caso, ou pelo menos que nunca foram solucionados. E ajuda a confirmar a chamada Lista de Furnas, documento que a mídia esconde criminosamente do público, apesar de mostrar em capa de jornal até ficha falsa da presidenta Dilma.

Mesmo assim, pode não ser nada.  

Pode ser invenção de Delcídio, que conhecia a história da Lista de Furnas, e a delação pode ter sido combinada entre o advogado de Delcídio e os conspiradores. A delação contra Aécio seria apenas um contrapeso para chancelar delação contra petistas. 

Não confio em mais nada nessa Lava Jato. 

 

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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