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Desemprego cai a 4,7% em dezembro

Se a mídia quisesse trazer a notícia sob um aspecto positivo, poderia dizer o seguinte: desemprego no Brasil atinge uma das menores taxas do mundo. É a verdade. Parece que apenas a Coréia do Sul apresenta uma taxa menor: 3%.

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Não sou o dono da verdade. Quando eu errar, farei o mea-culpa por aqui sem constrangimento. Dessa vez, porém, acertei, e não me orgulho porque foi muito fácil. No início desta semana, os jornais deram destaque, na primeira página, à “queda” de 23% na geração de emprego em 2011. O meu raciocínio leva em conta uma matemática simples. Os próprios analistas entrevistados pela imprensa repetem isso, mas os editores parecem que não dão muita bola para o dizem suas fontes. Há uma tese a ser comprovada, a de que o Brasil vai mal e ter de ir mal, com essa obsessão vale torcer a notícia a seu bel prazer.

Minha tese é simples, dizia. Se o desemprego cai muito, isso significa que há menos gente procurando emprego, se há menos gente, então haverá menos geração de emprego. Não é possível gerar emprego senão há gente procurando emprego. A menos que os agentes de emprego invadam as casas das pessoas e peguem crianças, doentes e idosos, forçando-os a trabalhar.

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Ontem foram divulgados os números do desemprego do IBGE. Como de praxe, o único jornal que deu a notícia positiva na capa (embora sem destaque) foi o Estadão. Globo e Folha esconderam.

O Globo, ao menos, botou-a na capa do caderno de economia, junto a uma série de belos infográficos. A Folha manteve-a escondida na página A6, mostrando somente um gráfico. A Folha, desesperada por achar algum aspecto negativo, dá destaque à seguinte informação:

Os dados mostram que a taxa de desemprego foi mais elevada entre os jovens. Entre os com 15 a 17 anos, o índice chega a 23%.

Um jovem de 15 anos deve estar na escola, e não trabalhando.

Se a mídia quisesse trazer a notícia sob um aspecto positivo, poderia dizer o seguinte: desemprego no Brasil atinge uma das menores taxas do mundo. É a verdade. Parece que apenas a Coréia do Sul apresenta uma taxa menor: 3%.

O Globo ainda publica uma notinha sobre as “diferenças entre Caged e IBGE”, na qual tenta explicar a “aparente incoerência” entre os números do Caged, que mostra queda no saldo de empregos em 2011 em relação ao ano anterior, e os dados do IBGE, que trazem o menor desemprego da história. O Globo tenta diminuir o IBGE… quando na verdade, os dados do IBGE tem qualidade estatística bem superior ao do Caged, porque incluem também os empregos sem carteira assinada e os trabalhos executados por conta própria.

Bem, de qualquer forma, não é momento de reclamar da mídia, e sim de comemorar e analisar de perto esses números. Reproduzo abaixo os infográficos do Globo.

 

 

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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