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Conspiração judicial sofre a sua primeira grande derrota

  Se o juiz Sergio Moro nunca leu Montesquieu, o ministro Teori Zavaski fez questão de mostrar que leu, gostou e entendeu. Trecho de seu voto, ao mandar Moro abrir os portões das masmorras do Paraná. “(…)não consta ter o paciente (do Habeas Corpus concedido ontem) se disposto a realizar colaboração premiada, como ocorreu em […]

14 comentários
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ScreenHunter_5710 Apr. 29 13.00

Moro, recebendo propina, publicamente, da Globo.


 

Se o juiz Sergio Moro nunca leu Montesquieu, o ministro Teori Zavaski fez questão de mostrar que leu, gostou e entendeu.

Trecho de seu voto, ao mandar Moro abrir os portões das masmorras do Paraná.

“(…)não consta ter o paciente (do Habeas Corpus concedido ontem) se disposto a realizar colaboração premiada, como ocorreu em relação aos outros. Todavia, essa circunstância é aqui absolutamente irrelevante, até porque seria extrema arbitrariedade – que certamente passou longe da cogitação do juiz de primeiro grau e dos Tribunais que examinaram o presente caso, o TRF da 4ª Região e o Superior Tribunal de Justiça – manter a prisão preventiva como mecanismo para extrair do preso uma colaboração premiada, que, segundo a Lei, deve ser voluntária (Lei 12.850/13, art. 4º, caput e § 6º). Subterfúgio dessa natureza, além de atentatório aos mais fundamentais direitos consagrados na Constituição, constituiria medida medievalesca que cobriria de vergonha qualquer sociedade civilizada.

*

Teori foi educadíssimo e elegante, como convém a um ministro do Supremo. Felizmente, os tempos das truculências verbais já se foram com Joaquim Barbosa, de triste memória.

Mas a elegância pode ferir mais que uma ofensa. E Teori entendeu que, diante dos arbítrios midiáticos de Sergio Moro, era importante defender alguns princípios básicos da nossa Constituição democrática. E o primeiro deles é não condenar ninguém antes de lhe proporcionar amplo direito de se defender.

Regrinha básica que Roma e Grécia implantaram há alguns milhares de anos, mas que, de vez em quando, o nosso Judiciário (com chancela de uma mídia que deveria ser guardiã de valores democráticos) parece esquecer.

O recado de Teori não poderia ser mais claro. Não se pode prender ninguém para “forçar” delação premiada. Isso é o que fazia a Santa Inquisição.

Isso “constituiria medida medievalesca”.

Ora, era justamente isso que Moro, promotores e delegados do Paraná vinham tentando fazer.

Na verdade, conseguiram com Paulo Roberto Costa – que depois mudou ou retificou o seu depoimento – após a República do Paraná ameaçar prender sua família inteira.

Conseguiram com Pedro Barusco e Alberto Youssef, ambos doentes.

O problema é que essas delações não são confiáveis. Se fossem confiáveis, porque não “prender preventivamente” o senador Aécio Neves, se Youssef declarou que ele recebia mesada de US$ 120 mil, através do esquema entre a Bauruense e a Furnas?

Não se pode combater corrupção violando os princípios fundamentais de uma democracia. Até porque seria um falso combate, uma farsa, que não combateria nada.

A República do Paraná – essa “força-tarefa” que reúne Moro, alguns promotores, alguns delegados e mídia – queria manipular as delações, para atingir Dilma e, sobretudo, Lula.

Era uma conspiração judicial infame. Que ainda não sabemos se falhou, porque eles têm muita força, e estão determinados.

Mas sofreram um profundo revés com a decisão de Teori de botar os pingos nos is.

Falta agora soltar o Vaccari e sua mulher, pois se eles são culpados (e que eu saiba, ainda vigora em nossa democracia o princípio da presunção da inocência), podem esperar a sentença e os recursos em liberdade, como deveria ser a regra para todo cidadão brasileiro perseguido, justa ou injustamente, pelo Estado.

 

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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José Buscapé da Silva

17/06/2015 - 11h56

Napoleão Bonaparte, durante as batalhas, sempre usava uma camisa vermelha. Assim, se fosse ferido, os soldados não notariam o seu líder sangrando, e continuariam a lutar com o mesmo ímpeto.
Dois séculos depois, inspirada no grande general francês, Dilma só usa calça marrom.

JOSE JORGE

14/06/2015 - 11h14

Não é possível que um juizinho de primeira instância, comprovadamente alienado a partido político de extrema direita, defensor das teses e modus operandi neofascistas, seja maior que a Constituição Brasileira e do que os Ministros do SUpremo Tribunal Federal. Esse juizinho de primeira instância, cabo eleitoral comprovado em defesa dos interesses dos criminosos do PSDB, não pode ficar ditando regras ao seu bel prazer, fazendo perseguições seletivas e desrespeitando acintosamente a Constituição Brasileira. Até porque, ninguém até hoje explicou porque esse processo está sendo conduzido na republiqueta do Paraná, quando na verdade ele tem dimensão nacional.

    joaoluiz

    16/06/2015 - 08h25

    Concordo em gênero número e grau. Esses juizes kerem mais é aparecer…por que não agem da mesma firma para fazer justiça com um desgracado que ganha salário minimo…e não tem saude educação e nem segurança. Por que não foi atras de efuardi azeredo que ficou bem kietinho e calado em mg para não ser importunado? E por que não se vai atras de emissoras comerciais que burlam a lei com transmissores ilegais e tb transmissões mas vivem correndo atras de radio vomunitarias? Na verdade não kerem ver o povo livre…enquanto esses fdp de deputados fisiologistas e senadores canalhas trabalharem em beneficuo próprio será sempre assim…pais corrupto e justiça de merda…

Anônimo

02/06/2015 - 17h09

esse moro é um fanfarrão.

vera maria braz

03/05/2015 - 01h54

Se considerava essas prisões irregulares por que só agora toma atitude?

Muito estrago já foi feito. Essa demora foi bem conveniente!

Barbas de molho…

George Everton

30/04/2015 - 03h25

Juiz vagabundo

Flávia

29/04/2015 - 22h08

Um dia alguém disse que eras um poeta falido, lembras??? Que bom que é um jornalista maravilhoso e ainda é um belo poeta Miguel do Rosário…

Sérgio

29/04/2015 - 19h57

Foi um tapinha de luva. Só que luva de boxe, com uma bola de ferro dentro. Teori foi irônico ao cubo no trecho “que certamente passou longe da cogitação do juiz de primeiro grau e dos Tribunais…”. Você não estava nem pensando num absurdo desses, não é Dr. Moro? Vixe…

Luciano Mendonça

29/04/2015 - 16h51

Alguém viu o Careca por aí? Moro, procurando o Careca…

Luciano Mendonça

29/04/2015 - 16h50

Seguir apenas lei é uma vitória diante de tanto descalabro.
Pra mim, Teori salvou a Lava Jato a colocando num prumo de legalidade.
Há procuradores falado demais, dando a entender que as delações voluntárias (como dita a lei) são colhidas mediante coação – prisão para confessar crime e delatar outros fatos em busca de pena menor para crimes já apurados. Um saco sem fundo.
De nada valeria a Lava Jato a prosseguir assim, com essas táticas de Guantanamo, a não ser para serem anuladas todas as delações colhidas mediante coação.

Mariano S Silva

29/04/2015 - 16h45

Cadê o careca, Moro?

Sidnei Brito

29/04/2015 - 16h25

O título do post poderia ser “O iluminista X o medieval”

Vitor

29/04/2015 - 14h37

Se Reinaldo Azevedo concorda com o Supremo, eu sou contra !!!
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-segredo-de-aborrecer-e-dizer-tudo-supremo-apenas-seguiu-a-lei-ao-conceder-habeas-corpus/

Pior é que tem gente que usa esse tipo de argumento tosco…


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