Dias atrás, Carlos Alberto Sardenberg, um dos âncoras mais fiéis da Globo, publicou artigo no jornal tentando justificar um recente (e alarmante) sinal de incompetência da empresa. A Globo foi uma das últimas mídias a confirmar a morte de Eduardo Campos. Me pareceu um recado indireto ao Brasil 247, que se vangloriou de ter sido o primeiro veículo a dar o “furo”.
Segundo ele, a Globo não “atira no basso”. Sardenberg tenta provar que a Globo é séria e por isso não publica nenhuma notícia cuja autenticidade não tenha sido intensamente checada antes; e narra um “causo” antigo, de uma notícia escrita com grafia errada (fulano recebeu tiro no “basso”; o certo é “baço”) que havia sido publicada e republicada por vários jornais.
Pois é. A notícia sobre a “delação premiada” de Paulo Roberto Costa está me cheirando exatamente a um “tiro no basso”.
Na sexta-feira, o jornal tascou um manchetão cheio de certeza.
“Ex-diretor da Petrobrás aceita delação premiada”.
Notícia bombástica, não? Naturalmente, foi republicada em centenas de sites na internet.
Eu já escrevi sobre isso ontem, dizendo que a notícia tinha cheiro de factóide, visto que, poucas horas depois de ser publicada, a nova advogada de Costa, Beatriz Catta Preta aparece na mídia negando peremptoriamente qualquer decisão de Costa a respeito. PF e Ministério Público também negaram qualquer acordo.
Ué, temos aqui uma contradição. Os jornais asseveram que Costa aceitou fazer delação premiada, o advogado Nélio Costa inclusive teria abandonado o caso por discordar da estratégia, e depois a advogada nega que haja qualquer decisão a respeito?
Afinal, ele vai delatar ou não?
Pois bem, abro os jornais hoje, à procura de atualização sobre o assunto, curioso como cidadão e blogueiro.
Na Folha e no Estadão, nada. No Globo, há uma notícia na página 11 dizendo que “Delação premiada de Costa deixa base de Dilma aflita”, mas sem entrar no mérito principal da notícia, ou seja, se Costa realmente fará um acordo de delação premiada.
Ainda na página 11, sem destaque, outra notícia sobre o caso. O título é “Advogada diz que ex-diretor vive momento difícil”.
Tadinho.
Vamos ler a notícia, e descobrimos, escondida no meio da matéria, a informação que buscávamos:
“Na última sexta-feira, ela teve um encontro de aproximadamente 30 minutos com seu cliente, mas nega que já tenha iniciado tratativas sobre delação com o Ministério Público Federal (MPF), primeiro passo de uma eventual opção pelo recurso. Segundo ela, ainda caberá ao seu cliente “bater o martelo” pela delação.
– Ele ainda não está decidido. Esta é uma escolha muito pessoal, muito subjetiva.”
Ué, o jornal não havia assegurado que ele o faria, com certeza, na segunda-feira? A certeza não era tanta que se usou uma manchete garrafal na primeira página? Agora o mesmo jornal, na maior cara de pau, diz que Costa “ainda não está decidido”?
A notícia cheira a um tiro no escuro. Se Costa realmente decidir fazer a delação premiada, beleza, está tudo bem. Se não, esquece e muda de assunto. Para que se importar com detalhes insignificantes, não é? O leitor não irá se lembrar. Logo veremos, porém, que a “não-notícia” serve a um propósito político e eleitoral.
Na capa do site da Globo, por exemplo, aparece a Dilma, associada aos “escândalos da Petrobrás”, com o subtítulo: “Presidenta (…) não comenta sobre Paulo Roberto Costa fazer delação premiada”.
Como é que é? A troco de quê ela falaria de uma coisa que ainda não existe? Não se sabe se ele vai falar ou não, não se sabe o que vai falar, não se sabe se vai falar alguma coisa de consistente. Enfim, qual o sentido em cobrar um comentário de Dilma a esse respeito? É como noticiar que Dilma não comentou nada sobre Zé da Silva se separar de sua esposa, omitindo os seguintes fatos: 1) Zé da Silva ainda não tomou nenhuma decisão; 2) Zé da Silva não é casado; 3) Dilma não conhece nenhum Zé da Silva; 4) Zé da Silva não existe.
Isso é jornalismo?
Sardenberg, no afã de agradar seus patrões, encerra o artigo com uma frase gloriosa:
“Tudo isso para dizer que aqui no sistema Globo a gente não atira no basso de ninguém, não faz nada escondido e, sobretudo, não usa anônimos para mexer no perfil dos outros.”
Pausa para rir durante algumas semanas.
A Globo vive publicando denúncias não-confirmadas. A história de Costa é apenas o exemplo mais recente. A certeza sobre um fato não parece ter mais tanta importância para o jornalismo da Globo. Basso ou baço, tanto faz, o importante é dar o tiro.
Quanto a “não fazer nada escondido”, bem, a sonegação fiscal flagrada pela Receita foi uma ação bem escondida, não? E continua escondida até hoje. Tanto é que os jornais do grupo nunca informaram seus leitores sobre a estrepolia da empresa nas Ilhas Virgens Britânicas.
Resta saber se a Globo “usa anônimos para mexer no pefil dos outros”. Pois bem, Sardenberg errou de novo. Bastou-me uma pesquisa rápida para descobrir que um dos IPs da TV Globo, o 200.208.25.68, andou remexendo e corrigindo centenas de páginas da Wikipédia.
O IP da TV Globo mexeu no perfil dos jornalistas Fernando Morais e Fausto Wolff. E fez acréscimos e correções nos perfis de inúmeros artistas, inclusive não-globais, como Renato Russo. Zico, Rui Castro, Fernando Meirelles, Tim Maia, etc, também tiveram seus perfis no Wikipédia modificados por alguém usando o IP da TV Globo.
A alteração mais interessante é a tentativa de minimizar críticas presentes na página do Beyound Citizen Kane (Muito além do Cidadão Kane), um importante documentário da BBC, a TV pública do Reino Unido, que conta a história de Roberto Marinho e suas alianças com a ditadura.
Sardenberg, Sardenberg. O “basso” da Globo está cheio de tiros.
vinícius
25/08/2014 - 22h54
Flávio Dino, candidato a governador do Maranhão, dá um show em entrevista.
http://mariafro.com/2014/08/25/quando-vc-imagina-que-ja-viu-de-tudo-na-tv-que-finge-fazer-jornalismo-se-depara-com-isso/
José Ferreira
25/08/2014 - 18h57
Ela não leu o artigo.
José Ferreira
25/08/2014 - 18h57
Ela não leu o artigo.
Rafael Oliveira de Araujo
25/08/2014 - 11h45
Excelente matéria. Esclarecedora.
Carlos Roberto
25/08/2014 - 07h53
A globo atira no basso do povo desde 89 com Collor e o confisco da poupança, no presente fala que a copa iria mostrar ao mundo nossa incompetência , mas errou, falou da crise do tomate, caos aéreo, crise energética e errou todas.
Everaldo
24/08/2014 - 23h57
Olha que maravilha ouvir isto:
https://www.youtube.com/watch?v=fxT6opZqgdc
Maria
25/08/2014 - 09h41
…vale a pena conferir…maravilha!!
Vitor
24/08/2014 - 23h45
Bom, no aspecto de checar a notícia antes de publicar eu tenho que concordar, o que teve de site por aí que matou a viúva de Eduardo Campos… Inclusive a Carta Capital…
Pena que checam seletivamente as notícias!
Cláudio
24/08/2014 - 20h12
Ah, ia esquecendo. E os factóide de que estudantes vaiaram JB na saída de um bar. Os estudantes, meia dúzia, eram petistas, inclusive com cargos em comissão! De factóide, o Miguelito entende!
Miguel do Rosário
24/08/2014 - 21h31
O que eu tenho a ver com isso? E volto a sugerir, para seu bem, e de jb, a deixar o cara em paz.
Cláudio
24/08/2014 - 20h09
Realmente, de factóide o Miguelito entende. Quem não se lembra do factóide do Miguelito ao excretar vários textos a respeito do fato de Joaquim Barbosa receber salários da UERJ sem trabalhar. E ainda saiu por aí fazendo continhas, estimando que JB já teria recebido um total de 700 mil reais sem trabalhar. Factóide é com o Miguel, o grande jornalista investigativo kkkkk
Miguel do Rosário
24/08/2014 - 21h29
Melhor deixar o jb em paz, não acha? Defender esse cara não é muito recomendável. Esse lance da uerj ainda está mal explicado. Mas o pior é o ape em Miami e a assas bj corp.
Carlos Trindade
24/08/2014 - 20h30
nã acho que seja imbecilidade… muitos de nós, nestes tempos, temos agido compulsivamente, comentando ou compartilhando baseados nos titulos…mais devagar e melhor…
Sergio Santhiago
24/08/2014 - 20h21
Que imbecil essa Sonia Bastos, na pressa de criticar, se deu o trabalho de procurar no dicionário para saber o que é basso… bastaria ter lido o artigo…
Miguel Do Rosario
24/08/2014 - 19h23
sonia bastos basso não existe. o certo é baço. É disso que fala o post.
Sonia Bastos
24/08/2014 - 19h01
procurei, inutilmente, no avô dos burros, o significado da palavra “basso”. Na minha pesquisa, encontrei a página da “Basso Straps” (Basso Couros e Artefatos é uma empresa gaúcha especializada no design e comercialização de Acessórios para Instrumentos Musicais).
guy
24/08/2014 - 15h54
É o mesmo e ele esqueceu que só se formou através do PROUNI do Governo Federal, como eu tambem sou advgado por ter sido financiado pelo ProUni graças a DILMA e LULA.
Dimas A.M.Renó
24/08/2014 - 15h41
A outrora “poderosa” está bastante cambaleante assim como seu inquisidor mor……. ambos com contas a acertar com a RF…..
http://osamigosdopresidentelula.blogspot.com.br/2014/08/bonner-tambem-nao-mostrou-seu-proprio.html
Paulo Reis
24/08/2014 - 17h52
Alguém assistiu hoje o programa Esquenta da Regina Casé? O médico que apareceu em seu programa contando sua história é o mesmo que apareceu no programa do PT ontem…
Jorge Carvalho
24/08/2014 - 17h41
Essa o Cafezinho acertou bem no “basso” podre da Golbo…
Carlos Trindade
24/08/2014 - 17h23
esse cafezinho tem algo mais que jornalismo… é embriagante…ou viciante…
Judith Godinho
24/08/2014 - 17h16
Pois, eu acho que faz tempo que a globo está atirando no “basso.”