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Bom desempenho de setores de alta complexidade gera expectativa de renascimento da indústria nacional

Setores mais sofisticados da indústria nacional, como bens duráveis e bens de capital, voltam a registrar forte crescimento em janeiro. Após décadas de estagnação e declínio, a indústria nacional está renascendo? Há pouquíssimo tempo atrás, a resposta a essa pergunta será imediata e peremptória: um sonoro e melancólico NÃO! Assim mesmo, em caixa alta e […]

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Jovens de até 24 anos formam a maior parte dos ingressantes / Imagem ilustrativa
Indústria cria 70,4 mil vagas de emprego em janeiro, 51% do total / Divulgação

Setores mais sofisticados da indústria nacional, como bens duráveis e bens de capital, voltam a registrar forte crescimento em janeiro.

Após décadas de estagnação e declínio, a indústria nacional está renascendo? Há pouquíssimo tempo atrás, a resposta a essa pergunta será imediata e peremptória: um sonoro e melancólico NÃO! Assim mesmo, em caixa alta e com exclamação.

Desde o final da década de 80, o Brasil vinha registrando um acelerado processo de desindustrialização. Parte disso era explicada por mudanças tectônicas na divisão internacional do trabalho, que impactou o planeta inteiro, causadas pela entrada violenta da China no mercado mundial de manufaturados.

Mas nem tudo poderia ser atribuído a isso, sobretudo quando se notava que alguns países, como Alemanha, Coreia do Sul e Vietnã, para citar alguns, avançavam de maneira formidável nessa nova etapa da história econômica global. Hoje em dia, por razões geopolíticas muito específicas, a Alemanha parece ter se descolado desse grupo e vive um ciclo de declínio industrial preocupante.

Dessa vez, todavia, temos indícios promissores de que a indústrial nacional está se recuperando. Se ela resistir a essa última onda de apertamento dos juros, deflagrada pelo Banco Central, poderemos estar diante de um verdadeiro renascimento industrial no país.

Os números divulgados hoje, 11 de março de 2025, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), autorizam alguns prognósticos otimistas, sobretudo quando examinamos os os setores mais sofisticados da indústria: bens de capital e bens de consumo duráveis.

No acumulado dos últimos 12 meses, de fevereiro de 2024 a janeiro de 2025, a produção de bens de capital teve um expressivo avanço de 9,6% em relação aos 12 meses anteriores. Já os bens de consumo duráveis cresceram impressionantes 11,7% nesse mesmo período, refletindo o aquecimento da demanda por automóveis e eletrodomésticos.

Outros setores de alta complexidade também tiveram desempenhos notáveis no acumulado dos últimos 12 meses.

A fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias avançou 13,4% em comparação com os 12 meses anteriores.

A produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos cresceu 13,3% no mesmo período, enquanto máquinas, aparelhos e materiais elétricos registraram alta de 13,1%.

A indústria moveleira também teve um crescimento significativo, com aumento de 10,1% em relação ao período anterior. Esse crescimento reforça a retomada do setor produtivo nacional, com maior dinamismo nos segmentos de maior valor agregado.

Na comparação com janeiro de 2024, a produção industrial de janeiro de 2025 registrou alta de 1,4%, marcando o oitavo resultado positivo consecutivo.

Mais uma vez, os bens de consumo duráveis lideraram a expansão, com crescimento de 16,6% em relação a janeiro de 2024. Os bens de capital também tiveram um desempenho expressivo, com alta de 8,2% na mesma comparação.

Entre os setores que mais cresceram na comparação entre janeiro de 2025 e janeiro de 2024, a produção de produtos têxteis teve o maior avanço, com alta de 17,5%. Máquinas, aparelhos e materiais elétricos cresceram 14,5%, enquanto máquinas e equipamentos tiveram expansão de 14,1%. A produção de veículos automotores, reboques e carrocerias subiu 13,4% na mesma comparação, consolidando a recuperação da indústria automobilística.

Já na variação mensal, a indústria interrompeu três meses seguidos de queda e manteve-se estável (0,0%) na passagem de dezembro de 2024 para janeiro de 2025, evidenciando um processo de adaptação após o impacto das paralisações típicas de fim de ano. O setor de máquinas e equipamentos teve alta de 6,9% e reverteu a perda registrada em dezembro, enquanto a produção de veículos cresceu 3,0%.

Apesar da recuperação de diversos segmentos, alguns setores ainda enfrentam dificuldades. No acumulado dos últimos 12 meses, a produção das indústrias extrativas recuou 0,9% em relação aos 12 meses anteriores, impactada por paralisações em plataformas de petróleo e menor extração de minério de ferro. No mesmo período, a impressão e reprodução de gravações teve queda de 2,5%, enquanto a fabricação de produtos do fumo recuou 1,5%.

Na comparação entre janeiro de 2025 e janeiro de 2024, as indústrias extrativas registraram uma queda ainda maior, de 5,2%, influenciada principalmente pela redução na extração de petróleo e minério de ferro. Outros setores também tiveram quedas expressivas, como a produção de bebidas (-5,1%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,8%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,1%).

Embora os desafios persistam em algumas áreas, os dados indicam que a recuperação da indústria tem ganhado força. Os segmentos de bens de capital e bens duráveis seguem liderando o crescimento e consolidando um novo ciclo de expansão do setor produtivo no Brasil.

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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