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A crítica sutil (mas dura) da China à incoerência e desorientação da diplomacia europeia na questão da Ucrânia

Durante a coletiva de imprensa em 7 de março de 2025, no Centro de Mídia, em Pequim, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, foi questionado sobre a possível participação da China nas negociações para acabar com a guerra na Ucrânia, após o presidente dos EUA, Donald Trump, sugerir que Pequim poderia ajudar […]

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Repórter da Bloomberg, na coletiva de imprensa de Wang Yi, 7 de março de 2025. Crédito: Min Rel Ext da China


Durante a coletiva de imprensa em 7 de março de 2025, no Centro de Mídia, em Pequim, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, foi questionado sobre a possível participação da China nas negociações para acabar com a guerra na Ucrânia, após o presidente dos EUA, Donald Trump, sugerir que Pequim poderia ajudar nesse processo.

Wang Yi reforçou que a China sempre defendeu o diálogo e a negociação como única saída para o conflito e já tomou diversas iniciativas para promover a paz, incluindo um documento de posição e o Grupo de Amigos pela Paz na ONU, ao lado do Brasil e outras nações do Sul Global. Segundo ele, é essencial reconhecer que as causas da crise são complexas e que um acordo de paz precisa ser justo, duradouro e aceito por todas as partes.

O ministro ainda alertou que o conflito poderia ter sido evitado e que lições devem ser aprendidas: nenhuma nação deve garantir sua própria segurança às custas da insegurança de outra. Ele reafirmou que a China continuará a desempenhar um papel construtivo no processo, respeitando as vontades dos envolvidos e buscando uma solução estável e de longo prazo.

A resposta de Wang Yi é uma crítica elegante e sutil à incoerência, desorientação e rigidez que vem caracterizando a diplomacia dos países desenvolvidos na questão da Ucrânia, especialmente a Europa.


Pergunta e resposta na íntegra:

Bloomberg: Foram iniciadas conversas diretas entre os EUA e a Rússia para pôr fim à guerra na Ucrânia. O presidente Trump disse que gostaria de contar com a ajuda da China nesse processo. Que papel a China acha que deve desempenhar nesse contexto?

Wang Yi: A China vem pedindo uma solução política por meio do diálogo e da negociação desde o primeiro dia da crise, e tem trabalhado ativamente pela paz e pressionado por conversações. Logo após a eclosão da crise, o presidente Xi Jinping apresentou quatro pontos sobre o que deve ser feito, uma proposta importante que aponta o caminho para nossos esforços. Assim, a China divulgou seu documento de posição sobre a crise, enviou seu representante especial para a diplomacia de transporte e iniciou o Grupo de Amigos pela Paz nas Nações Unidas, juntamente com o Brasil e outros países do Sul Global. Nossa posição sempre foi objetiva e imparcial, nossa voz sempre foi calma e equilibrada e nosso propósito é criar condições e construir um consenso para resolver a crise.

A China saúda e apoia todos os esforços pela paz. Ao mesmo tempo, também é importante observar a complexidade das causas da crise. Como diz um provérbio chinês, “é preciso mais do que um dia frio para congelar um metro de gelo”. Da mesma forma, o derretimento desse gelo espesso não pode ser feito da noite para o dia. Ninguém ganha em um conflito, mas todos ganham com a paz. A mesa de negociação é onde o conflito termina e a paz começa. Embora as partes relevantes não tenham suas posições totalmente alinhadas, todas elas esperam ter um acordo de paz justo e duradouro que seja vinculativo e aceito por todas as partes envolvidas. Esse é um ponto em comum valioso, e todas as partes devem se esforçar conjuntamente para alcançá-lo. A China está pronta para trabalhar com a comunidade internacional, à luz das vontades das partes envolvidas no conflito, para continuar a desempenhar seu papel construtivo na resolução da crise e na obtenção de uma paz duradoura.

Um último ponto sobre essa questão. A crise da Ucrânia está se arrastando há mais de três anos. Em retrospectiva, a tragédia poderia ter sido evitada. Todas as partes deveriam aprender algo com a crise. Entre muitos outros, a segurança deve ser mútua e igualitária, e nenhum país deve construir sua segurança com base na insegurança de outro. Devemos defender e agir de acordo com a nova visão de segurança comum, abrangente, cooperativa e sustentável, e essa é a maneira de realmente obter paz e segurança duradouras no continente eurasiano e em todo o mundo.

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