A China estabeleceu uma meta de crescimento econômico para a aplicação comercial de sua tecnologia nuclear, com projeção de atingir uma produção anual de 400 bilhões de yuans (equivalente a aproximadamente US$ 55,25 bilhões) até 2026. A estimativa representa um avanço significativo em relação aos 240 bilhões de yuans registrados em 2023.
O anúncio foi feito por Li Song, representante permanente da China junto à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), durante reunião do conselho de governadores da entidade, realizada em Viena, na Áustria, na última quinta-feira.
Segundo Li, o plano prevê a expansão do uso da tecnologia nuclear em setores como saúde, agricultura, processamento de alimentos e modificação de materiais. O objetivo é diversificar as aplicações não energéticas da tecnologia atômica e ampliar sua contribuição para o desenvolvimento econômico do país.
Li também afirmou que a China pretende intensificar a cooperação com a AIEA para promover o uso pacífico da energia nuclear em países do Sul Global. O governo chinês tem sinalizado interesse em compartilhar conhecimento técnico com nações em desenvolvimento como parte de sua política externa voltada à transferência de tecnologia.
O tema foi abordado também durante as chamadas “duas sessões”, as reuniões anuais do Congresso Nacional do Povo e da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês, órgãos legislativo e consultivo do país. As discussões incluem diretrizes econômicas e estratégias industriais consideradas prioritárias pelo governo central.
Durante os encontros, parlamentares e representantes de setores estratégicos reforçaram a importância da tecnologia nuclear no planejamento de médio e longo prazo da economia chinesa. Entre os temas debatidos estão a ampliação da infraestrutura industrial, o fortalecimento de políticas públicas e o estímulo à inovação tecnológica.
Han Yongjiang, vice-economista-chefe da Corporação Nuclear Nacional da China e integrante da Conferência Consultiva Política, declarou que a integração da tecnologia nuclear em diversos setores produtivos deve ser aprofundada. A declaração foi divulgada pelo jornal estatal Securities Daily na sexta-feira.
“Embora a indústria de tecnologia nuclear da China esteja crescendo rapidamente, ela ainda está atrás dos países desenvolvidos em termos de escala industrial. Mais melhorias são necessárias em políticas industriais e capacidades de inovação independentes”, afirmou Han, segundo a publicação.
A China tem ampliado o investimento em pesquisa, desenvolvimento e aplicação de tecnologias nucleares com fins não energéticos, como radioterapia, esterilização de produtos agrícolas, preservação de alimentos e engenharia de materiais.
O objetivo do governo é tornar o país competitivo nesse segmento, reduzir a dependência de fornecedores internacionais e gerar valor agregado à produção industrial.
O avanço no setor nuclear também integra a estratégia chinesa de reposicionamento em cadeias produtivas globais. Ao investir em tecnologia própria, o país busca consolidar autonomia em setores considerados estratégicos para sua segurança econômica e tecnológica.
A expectativa das autoridades é que o crescimento da aplicação comercial da tecnologia nuclear contribua para a geração de empregos, aumento da produtividade e melhoria da competitividade industrial.
O governo também avalia que a expansão do setor pode estimular a formação de parcerias internacionais com países interessados em desenvolver suas capacidades tecnológicas.
Nos últimos anos, a China tem intensificado sua atuação junto à AIEA, buscando protagonismo em fóruns multilaterais sobre segurança nuclear, desenvolvimento tecnológico e transferência de conhecimento. O governo chinês defende a ampliação do acesso pacífico à energia atômica, especialmente para países em desenvolvimento.
A meta anunciada para 2026 representa um crescimento superior a 66% em relação ao valor registrado em 2023, indicando uma aceleração no ritmo de investimentos e projetos relacionados à indústria nuclear.
O cumprimento dessa meta depende, segundo especialistas, da capacidade de coordenação entre os setores público e privado, além da implementação de políticas industriais específicas para o segmento.
O governo chinês sinalizou que pretende acompanhar a evolução do setor por meio de metas de desempenho e incentivos fiscais.
A expectativa é que o apoio estatal contribua para a formação de uma cadeia produtiva mais robusta, capaz de atender à demanda interna e, futuramente, disputar espaço no mercado internacional.
Com informações da AIEA e Securities Daily
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