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Trump defende início frenético de mandato em discurso ao Congresso, sob vaias de democratas

WASHINGTON, 4 de março (Reuters) – O presidente Donald Trump afirmou ao Congresso, na noite de terça-feira, que “a América está de volta” após reformular a política externa dos Estados Unidos, iniciar uma guerra comercial e demitir dezenas de milhares de funcionários públicos em seis semanas conturbadas desde seu retorno ao poder. O discurso, no […]

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WASHINGTON, DC - 04 DE MARÇO: O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa em uma sessão conjunta do Congresso no Capitólio dos EUA em 04 de março de 2025 em Washington, DC. O vice-presidente JD Vance e o presidente da Câmara Mike Johnson (R-LA) aplaudem atrás dele. Win McNamee/Pool via REUTERS

WASHINGTON, 4 de março (Reuters) – O presidente Donald Trump afirmou ao Congresso, na noite de terça-feira, que “a América está de volta” após reformular a política externa dos Estados Unidos, iniciar uma guerra comercial e demitir dezenas de milhares de funcionários públicos em seis semanas conturbadas desde seu retorno ao poder. O discurso, no horário nobre, gerou protestos de democratas, alguns dos quais deixaram o plenário em repúdio.

A fala ocorreu após um segundo dia de turbulência nos mercados financeiros, impulsionada pela imposição de novas tarifas sobre México, Canadá e China. Com 100 minutos de duração, o discurso foi o mais longo já registrado de um presidente ao Congresso, segundo o The American Presidency Project.

Líderes globais acompanharam atentamente a fala de Trump, especialmente depois de sua decisão de suspender toda a ajuda militar à Ucrânia, em uma reviravolta drástica na política externa norte-americana. A medida, anunciada após uma tensa reunião com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy, gerou preocupações entre líderes europeus sobre uma possível guinada de Washington em direção a Moscou.

Promessas econômicas e polêmicas políticas

Trump dedicou poucos minutos à política externa, mencionando a possibilidade de um acordo mineral com a Ucrânia e afirmando que recebeu “sinais fortes” de que a Rússia estaria disposta a negociar a paz. “Não seria lindo?”, questionou.

O presidente também reiterou promessas vagas de pacificação no Oriente Médio e ampliação dos Acordos de Abraão, estabelecidos durante seu primeiro mandato.

No campo econômico, Trump prometeu equilibrar o orçamento federal, ao mesmo tempo em que propôs uma agenda agressiva de cortes de impostos que pode adicionar mais de US$ 5 trilhões à dívida pública, que já ultrapassa os US$ 36 trilhões. O Congresso precisará elevar o teto da dívida ainda este ano para evitar um possível calote.

Protestos democratas e embates no Congresso

O discurso teve a marca dos comícios de campanha de Trump. Ele atacou duramente seu antecessor, Joe Biden, chamou imigrantes criminosos de “selvagens” e prometeu proibir o que chamou de “ideologia transgênero”. As falas, muitas vezes recheadas de dados questionáveis, provocaram reações intensas da oposição.

Democratas exibiram cartazes com frases como “Sem rei!” e “Isto NÃO é normal!”. Cerca de metade dos parlamentares do partido abandonou o plenário antes do fim do discurso. O deputado texano Al Green foi retirado à força após se recusar a sentar-se.

Trump ironizou a reação da oposição. “Olho para os democratas à minha frente e percebo que não há absolutamente nada que eu possa dizer para fazê-los felizes, fazê-los se levantar, sorrir ou aplaudir”, declarou.

O evento aconteceu no mesmo local onde, quatro anos antes, apoiadores de Trump invadiram o Capitólio na tentativa de reverter a vitória de Biden nas eleições de 2020.

A réplica democrata foi feita pela senadora moderada Elissa Slotkin, que comparou Trump a um dos ícones do Partido Republicano. “Como alguém que cresceu na Guerra Fria, fico feliz que fosse Reagan, e não Trump, o presidente nos anos 1980. Trump teria nos feito perder a Guerra Fria”, afirmou.

Mais tarifas e elogios a Elon Musk

Trump elogiou o bilionário Elon Musk e seu Departamento de Eficiência Governamental, responsável por reduzir mais de 100 mil cargos federais, cortar bilhões em ajuda externa e fechar agências inteiras. O presidente afirmou que Musk identificou “centenas de bilhões de dólares em fraudes”, um número muito acima das estimativas oficiais. O empresário, presente no evento, recebeu aplausos entusiasmados dos republicanos.

Trump reafirmou a intenção de impor novas tarifas em 2 de abril, aumentando a tensão nos mercados financeiros. “Outros países nos exploraram com tarifas por décadas. Agora, chegou a nossa vez de usá-las contra eles”, declarou. Entretanto, muitos republicanos permaneceram sentados diante da proposta, evidenciando as divisões internas do partido.

As tarifas sobre México e Canadá, de 25%, e sobre importações chinesas, de 10%, ampliaram as preocupações sobre a economia. O índice Nasdaq caiu mais de 9% desde seu recorde de dezembro. Apesar disso, Trump não mencionou a recente queda do mercado, focando suas críticas na inflação e culpando Biden pelo aumento do preço dos alimentos.

Agenda ambiciosa e impactos fiscais

Trump pediu ao Congresso a aprovação de um plano de US$ 4,5 trilhões para estender cortes de impostos, reforçar a segurança na fronteira e financiar deportações em massa. Ele celebrou a redução no número de prisões na fronteira com o México em fevereiro, que atingiu o menor nível já registrado.

O plano econômico republicano prevê cortes de US$ 2 trilhões em gastos ao longo de uma década, impactando setores como educação, saúde e serviços sociais. Especialistas do Comitê para um Orçamento Federal Responsável estimam que a proposta de Trump pode custar entre US$ 5 trilhões e US$ 11,2 trilhões nos próximos dez anos.


Autor: Bo Erickson, Steve Holland e Joseph Ax
Data: 5 de março de 2025
Fonte: Reuters

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