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Estilo truculento de Merz pode dificultar formação de coalizão na Alemanha

O líder conservador Friedrich Merz, vencedor das eleições nacionais na Alemanha, enfrenta dificuldades para formar uma coalizão governamental. Seu estilo autoritário e pouco conciliador tem gerado atritos, inclusive dentro de seu próprio partido. Poucas horas após a vitória do seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), Merz enviou um memorando ao governo interino, exigindo que nenhuma […]

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O candidato conservador alemão a chanceler e líder do partido União Democrata Cristã (CDU), Friedrich Merz, participa de uma coletiva de imprensa após as eleições gerais em Berlim, Alemanha, em 24 de fevereiro de 2025. REUTERS/Fabrizio Bensch/Foto de arquivo

O líder conservador Friedrich Merz, vencedor das eleições nacionais na Alemanha, enfrenta dificuldades para formar uma coalizão governamental. Seu estilo autoritário e pouco conciliador tem gerado atritos, inclusive dentro de seu próprio partido.

Poucas horas após a vitória do seu partido, a União Democrata-Cristã (CDU), Merz enviou um memorando ao governo interino, exigindo que nenhuma decisão política significativa fosse tomada sem consulta prévia à sua equipe. O gesto foi interpretado como uma tentativa de impor controle imediato sobre o governo do atual chanceler Olaf Scholz, do Partido Social-Democrata (SPD).

Embora a cooperação entre governos de transição seja comum na Alemanha, a atitude de Merz foi considerada inusitada. O jornal Bild, um dos mais vendidos do país, destacou o episódio com a manchete: “Conservadores querem colocar Scholz na coleira!”.

Desafios para a formação de governo

A vitória da CDU com 28,5% dos votos não garante a Merz a posição de chanceler. Para isso, ele precisa formar uma coalizão com maioria parlamentar. Como o partido excluiu qualquer aliança com a extrema direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que ficou em segundo lugar com 20,8%, a única alternativa viável seria o SPD.

Entretanto, a relação entre Merz e os social-democratas se deteriorou nas últimas semanas. Integrantes do SPD demonstram resistência a uma coalizão liderada pelo conservador, citando seu estilo confrontador. O próprio co-líder do SPD, Lars Klingbeil, alertou que Merz precisará moderar seu tom se quiser garantir apoio.

Liderança assertiva ou autoritarismo?

Aliados de Merz defendem que seu perfil forte é necessário diante dos desafios econômicos e da incerteza geopolítica, especialmente com o risco de redução do apoio dos Estados Unidos à Europa sob o governo Trump.

Críticos, no entanto, apontam que sua postura lembra mais a política disruptiva norte-americana do que o modelo de coalizão da Alemanha. Exemplo disso foi um documento de 31 páginas enviado por Merz ao parlamento, questionando a neutralidade política de organizações civis que receberam financiamento público. A medida gerou reações negativas entre líderes de partidos como os Verdes e o SPD.

O instituto de pesquisa política Eurointelligence comparou as ações de Merz às de Elon Musk, referindo-se à sua disposição de cortar gastos públicos de forma drástica.

Recuos estratégicos

Durante a campanha, Merz precisou recuar em algumas de suas declarações mais polêmicas. Em janeiro, ele propôs um plano rígido para restringir a imigração, afirmando que sua futura coalizão teria que aceitá-lo sem concessões. Entretanto, já suavizou sua posição, reduzindo o número de deportações inicialmente previstas.

Na política externa, Merz também se contradisse. Em outubro, afirmou que a Alemanha deveria impor um ultimato de 24 horas à Rússia para interromper ataques contra a Ucrânia, ameaçando fornecer mísseis de longo alcance a Kiev. Dois meses depois, negou que tenha feito tal exigência.

A postura agressiva de Merz preocupa até mesmo aliados dentro da CDU, que temem que sua abordagem possa inviabilizar negociações com o SPD e criar um vácuo de liderança em um momento crítico para a Alemanha.


Autor: Andreas Rinke e Sarah Marsh
Data: 28 de fevereiro de 2025
Fonte: Reuters

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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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