O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) usou suas redes sociais nesta segunda-feira, 3, para criticar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e, em um posicionamento controverso, defender a ditadura militar.
A publicação, que focou na premiação do filme “Ainda Estou Aqui” no Oscar, também incluiu insinuações sobre a existência de uma “ditadura real” no Brasil e ameaças direcionadas a Moraes.
No post, Eduardo Bolsonaro se posicionou contra o filme brasileiro, que tem como temática a resistência democrática à ditadura militar, ao atacar a figura de Eunice Paiva, esposa de Rubens Paiva, um dos ícones dessa resistência.
O deputado questionou a relevância de se insurgir contra uma ditadura que, segundo ele, não existe mais, enquanto acusou o governo atual de estar realizando uma “ditadura real” que estaria, segundo ele, prendendo cidadãos inocentes.
“Insurgir-se contra uma ditadura inexistente é fácil, rende bastante bajulação da ‘elite’ plutocrata, superficial e niilista. Difícil é ter coragem para se insurgir contra a ditadura real, que está por aí prendendo mães de família, idosos e trabalhadores inocentes. Ah…, isso exige fibra moral e coragem para arcar com os altos custos envolvidos”, escreveu o parlamentar.
Na sequência, o deputado intensificou sua retórica, direcionando críticas diretas a Alexandre de Moraes, ministro do STF, com um tom de ameaça.
Ele afirmou: “Esse silêncio, de vocês, cúmplices, não será quebrado. Mas o nosso, com toda firmeza moral, eu quebro, estou disposto a arcar com esse custo: Alexandre de Moraes, iremos punir você. Acredite, você irá pagar por toda a maldade que cometeu, custe o que custar”.
A postagem gerou reações imediatas, tanto dentro quanto fora do Congresso Nacional.
Em resposta, o deputado federal Rogério Correia (PT-MG), um dos autores do pedido para que a Justiça determine a apreensão do passaporte de Eduardo Bolsonaro, se manifestou publicamente.
“Solicitei apreensão do passaporte de Eduardo Bolsonaro por conspirar contra a justiça e o país. Na resposta, em postagem transcrita abaixo, voltou a defender a Ditadura Militar, proclamar a estratégia de golpe continuado e ameaçou Alexandre Moraes, justificando eventual prisão”, afirmou Correia, em sua própria publicação.
A ameaça de Eduardo Bolsonaro ao ministro do STF é vista por muitos como um episódio que agrava ainda mais a tensão entre o Legislativo e o Judiciário, especialmente em um momento em que o Supremo Tribunal Federal tem sido alvo de críticas e ataques por parte de membros do governo e aliados.
A postura de Bolsonaro é interpretada como uma tentativa de galvanizar a base de apoio mais radical e, ao mesmo tempo, desafiar a autoridade de Moraes, que tem se posicionado de forma contundente em diversas decisões de grande repercussão política.
O cenário, no entanto, também reflete a crescente polarização política no Brasil, em que figuras do governo, como Eduardo Bolsonaro, buscam amplificar a retórica de oposição às instituições democráticas, enquanto outros membros da oposição e de movimentos civis alertam para os riscos de enfraquecer o sistema de Justiça e os direitos civis no país.
A postura de Eduardo Bolsonaro é a mais recente de uma série de ataques direcionados ao STF e a outros órgãos de controle, com o objetivo de contestar decisões que envolvem membros do governo e figuras políticas alinhadas.
A reação de Rogério Correia e a discussão sobre a possível apreensão do passaporte de Eduardo Bolsonaro são parte de um movimento mais amplo de enfrentamento das posições mais radicais adotadas por membros do governo.
Este tipo de confronto é acompanhado com atenção tanto por aliados políticos quanto por observadores externos, que veem esses episódios como indicadores das dificuldades políticas que o Brasil enfrenta neste momento, especialmente em relação à relação entre os três poderes.
A situação também levanta questões sobre os limites da liberdade de expressão e a utilização das redes sociais por figuras públicas para emitir ameaças e críticas diretas a membros do Judiciário.
Em um contexto democrático, tais declarações geram debates sobre até que ponto a liberdade de expressão pode ser usada para contestar as instituições sem comprometer o respeito às leis e à ordem pública.
As próximas semanas podem revelar mais desenvolvimentos sobre essa situação, especialmente com a contínua movimentação de processos jurídicos que envolvem figuras do governo, como Eduardo Bolsonaro, e a reação de outros membros do Congresso e do Judiciário, que seguem observando de perto os desdobramentos dessa disputa.
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