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Europa quer aumentar gastos com defesa, mas ainda não sabe de onde virá o dinheiro

Europa precisará acionar todos os mecanismos para aumentar gastos com defesa. Como chegar a 3,5% do PIB 27 de fevereiro de 2025 A percepção está se consolidando: a Europa precisa se preparar para se defender sem a ajuda dos Estados Unidos. De Friedrich Merz, provável próximo chanceler da Alemanha, a Emmanuel Macron, presidente da França […]

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Zelensky e Ursula von der Leyen

Europa precisará acionar todos os mecanismos para aumentar gastos com defesa.

Como chegar a 3,5% do PIB

27 de fevereiro de 2025

A percepção está se consolidando: a Europa precisa se preparar para se defender sem a ajuda dos Estados Unidos. De Friedrich Merz, provável próximo chanceler da Alemanha, a Emmanuel Macron, presidente da França e defensor da chamada “autonomia estratégica”, líderes europeus têm pedido um aumento nos gastos com defesa. O problema é que poucos apresentam propostas concretas sobre como financiar essa ampliação.

Atualmente, os países da União Europeia gastam cerca de €325 bilhões (US$ 340 bilhões) por ano com defesa, o que representa aproximadamente 1,8% do PIB do bloco. Esse percentual ainda está abaixo da meta de 2% estabelecida pela OTAN em 2014, após a anexação da Crimeia pela Rússia. De acordo com Guntram Wolff, do think tank Bruegel, e Alex Burilkov, da Universidade de Lüneburg, o percentual necessário para garantir a defesa europeia sem apoio americano seria de 3,5% do PIB. No longo prazo, segundo The Economist, os gastos podem chegar a 4% ou 5%. Mesmo a meta inicial de 3,5% criaria um déficit de 1,7% do PIB a ser preenchido.

Apoio à Ucrânia e desafios financeiros

O apoio da Europa à Ucrânia também tem sido limitado. Desde janeiro de 2022, os países da UE gastaram €113 bilhões em assistência financeira, militar e humanitária, o que equivale a apenas 0,2% do PIB do bloco a cada ano. Caso os Estados Unidos retirassem sua ajuda, a Europa precisaria dobrar essa contribuição. O montante necessário, cerca de 0,4% do PIB anual, é metade do que a Dinamarca já destina à Ucrânia e equivale ao que a Finlândia gasta, o que sugere que a meta é viável. No entanto, esse suporte representa apenas uma parte do desafio maior: fortalecer os próprios gastos militares da Europa.

Para atingir os 3,5% do PIB em defesa e substituir a ajuda americana à Ucrânia, a Europa precisaria de um acréscimo de 1,9% do PIB em gastos militares. Três caminhos são possíveis: cortes em outras áreas, aumento da dívida pública ou financiamento via União Europeia.

A primeira opção envolve reduzir despesas ou aumentar impostos. No entanto, os países europeus já estão entre os mais tributados do mundo, tornando essa alternativa impopular. Além disso, os orçamentos nacionais estão sob pressão. A França, por exemplo, comprometeu-se a reduzir seu déficit de 6,1% em 2024 para 4% até 2027. Na Alemanha, o governo de coalizão anterior colapsou devido a impasses sobre cortes orçamentários, e a nova administração enfrentará desafios semelhantes. Reduzir ainda mais os gastos sociais para priorizar a defesa será politicamente delicado.

Dívida e financiamento europeu

Outra possibilidade seria recorrer ao endividamento, ampliando déficits e ajustando as regras fiscais do bloco. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, sugeriu uma “cláusula de escape” para investimentos em defesa, mas isso exigiria uma nova reforma, potencialmente controversa. Além disso, a Alemanha já indicou que qualquer exceção orçamentária só se aplicaria a países que gastam mais de 2% do PIB em defesa, o que excluiria nações como Itália e Espanha.

A terceira alternativa seria criar um fundo de defesa financiado pela UE, seguindo o modelo do fundo de recuperação de €806 bilhões adotado durante a pandemia. O bloco assumiria dívidas a serem pagas com recursos do orçamento europeu. No entanto, essa proposta enfrentaria obstáculos políticos, pois exigiria unanimidade entre os membros da UE. Países como Hungria e Eslováquia, que mantêm laços estreitos com a Rússia, poderiam bloquear a iniciativa. Além disso, a questão de como e onde esse dinheiro seria investido geraria novos debates.

Decisão urgente

Para preencher a lacuna de 1,9% do PIB, a Europa precisará adotar uma abordagem combinada. Os governos nacionais poderiam reduzir outras despesas e aumentar o orçamento de defesa em 0,3% do PIB ao ano, enquanto o restante poderia vir de novos déficits nacionais e da emissão de dívida pela UE. Isso teria impacto direto no próximo ciclo orçamentário de sete anos do bloco.

Diante desse cenário, líderes como Macron e Merz precisarão defender cortes em subsídios agrícolas e em programas sociais para garantir maior integração fiscal na União Europeia. Sem isso, os apelos por autonomia estratégica continuarão sendo apenas retórica vazia.

Fonte: The Economist
Data: 27 de fevereiro de 2025

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