Em um estudo divulgado em 2024 pelo Instituto Australiano de Política Estratégica (ASPI), foi revelado que, ao longo de 20 anos, a China superou os Estados Unidos em 57 das 64 tecnologias consideradas críticas para o desenvolvimento econômico e militar global. Em 2007, os EUA lideravam em 60 desses setores, mas atualmente mantêm a liderança em apenas sete.
O estudo analisou as inovações científicas e tecnológicas com base em pesquisas de alto impacto e patentes publicadas e registradas por universidades, laboratórios de pesquisa, empresas privadas e agências governamentais.
De acordo com a análise, a China se destaca em uma série de áreas de tecnologia de ponta, ultrapassando os EUA em setores essenciais, como a fabricação de circuitos integrados avançados, processos de usinagem de alta especificação, motores de aeronaves, drones, enxames de robôs colaborativos, baterias elétricas, energia fotovoltaica e comunicações por radiofrequência avançada.
Por outro lado, os Estados Unidos mantêm uma posição de liderança em apenas três áreas: processamento de linguagem natural, computação quântica e engenharia genética.
Essas tecnologias estão relacionadas a campos de alta complexidade, mas as investigações apontam que a China tem avançado consideravelmente nessas frentes, reduzindo a diferença tecnológica entre os dois países.
O relatório atribui grande parte desse progresso à estratégia de desenvolvimento tecnológico “Feito na China 2025”, implementada pelo presidente Xi Jinping.
A iniciativa tem como objetivo a elevação da China à posição de liderança em várias áreas tecnológicas, com foco na pesquisa e desenvolvimento (P&D) em setores chave.
O governo chinês tem investido massivamente em P&D, proporcionando um fluxo significativo de financiamento estatal direto para o avanço de tecnologias emergentes e disruptivas, transformando esses investimentos em um plano estratégico para alcançar a “supremacia tecnológica”.
Recentemente, a China também causou um grande impacto no setor de inteligência artificial com o lançamento do DeepSeek, um sistema de IA que oferece desempenho superior a um custo significativamente menor em comparação com concorrentes estabelecidos, como o ChatGPT, desenvolvido pela OpenAI.
O DeepSeek, além de ser mais rápido e acessível, também é de código aberto, o que gerou preocupação no Vale do Silício, onde muitas empresas tecnológicas se viram desafiadas pela rapidez do avanço chinês nesse setor.
O lançamento do DeepSeek provocou uma reação negativa nos mercados financeiros, com o índice Nasdaq Composite, que acompanha as ações de empresas de tecnologia dos EUA, registrando uma queda superior a 3% no dia 28 de janeiro de 2025.
Algumas empresas do setor, particularmente aquelas envolvidas com inteligência artificial, enfrentaram perdas de até 17% em suas ações, refletindo o impacto da crescente popularidade da IA chinesa e suas implicações para o mercado global.
A mudança no equilíbrio de poder tecnológico global, conforme ilustrado pelo estudo do ASPI, aponta para uma reconfiguração das dinâmicas econômicas e políticas nos próximos anos.
A crescente vantagem tecnológica da China em várias áreas chave pode influenciar diretamente o cenário internacional, especialmente em um momento em que as tensões geopolíticas entre os dois maiores economias do mundo continuam a aumentar.
Essa situação reflete a rápida ascensão da China como líder em tecnologias críticas, enquanto os Estados Unidos, que outrora estavam na vanguarda do avanço tecnológico, enfrentam o desafio de preservar sua competitividade frente a uma China cada vez mais inovadora e assertiva em suas políticas de desenvolvimento tecnológico.
Com a continuação do investimento chinês em áreas estratégicas, incluindo inteligência artificial, energia renovável, e manufatura avançada, espera-se que a disputa tecnológica entre os dois países intensifique ainda mais, com implicações significativas para o futuro das relações comerciais e políticas globais.
Com informações do Sputnik
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