Abastecimento de água pela rede geral chega a 32,3% dos domicílios rurais em 2023
Em 2023, 85,9% dos domicílios tinham acesso à rede geral de abastecimento de água. Em áreas urbanas, esse percentual era de 93,4%, enquanto nas rurais era de 32,3%. Em todas as grandes regiões, a principal fonte de abastecimento era a rede geral, variando de 60,4%, na Região Norte, a 91,8%, na Região Sudeste. Considerando apenas as áreas rurais, no entanto, nenhuma região alcançou 50%, e a região Nordeste se destacou por atingir o percentual de 43,9% de domicílios com rede geral como a principal forma de abastecimento de água. As informações são da Pnad Contínua: Características dos domicílios e moradores, divulgada hoje (20) pelo IBGE.
“Historicamente na série da pesquisa, o percentual de domicílios rurais na Região Nordeste com abastecimento de água por rede geral tem sido maior que o restante do Brasil. Em estados como Sergipe e Bahia, essa proporção é superior a 50%. Esses percentuais evidenciam os resultados de políticas públicas realizadas ao longo dos anos em combate à seca na região, políticas essas que levam anos para surtir efeito”, pontua Willian Kratochwill, analista da PNAD Contínua.
Entre os domicílios localizados em áreas urbanas, observou-se que 93,4% tinham a rede geral como a principal forma de abastecimento de água em 2023, variando de 70,2%, na Região Norte, a 96,4%, na Sudeste. Com exceção da Região Norte, em todas as demais regiões, mais de 90% dos domicílios em situação urbana tinham a rede geral como a principal forma de abastecimento de água.
No Brasil, o uso de poço profundo ou artesiano (7,6%), de poço raso, freático ou cacimba (2,7%), de fonte ou nascente (1,9%), bem como de outra forma (1,9%) como o principal meio de abastecimento apresentaram estimativas inferiores a 10%.
A Região Norte assinalou os maiores percentuais de domicílios em que a principal fonte de abastecimento de água era poço profundo ou artesiano (20,7%), ou poço raso, freático ou cacimba (11,3%). A Região Nordeste, por sua vez, apresentou o maior percentual de utilização de outra forma de abastecimento (5,4%), sendo 1,9% a média nacional desse tipo de proveniência.
De forma geral, a maior parte dos domicílios rurais brasileiros recorriam a outras formas de abastecimento de água: 29,8%, por poço profundo ou artesiano; 12,8%, poço raso, freático ou cacimba; 13,2%, fonte ou nascente; e 11,9% eram abastecidos, principalmente, por outra forma, incluindo rios, açudes e caminhão-pipa.
“Os dados apresentados agora pela PNAD Contínua são de 2023, seguindo a série histórica da pesquisa e sua última reponderação, que ocorreu em 2022. Uma parte dos indicadores já foram divulgados a partir dos dados do Censo 2022 e confirmam a tendência que a PNAD já vinha identificando. Vale lembrar, ainda, que a PNAD será reponderada a partir dos dados do Censo. Após esse processo, as séries históricas da PNAD serão atualizadas”, explica William.
Menos de 10% dos domicílios rurais tem acesso à rede geral de esgoto
Em 2023, 98,1% dos domicílios do Brasil tinham banheiro de uso exclusivo, e, em 69,9%, o escoamento do esgoto era feito pela rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral. Em áreas urbanas, 99,4% dos domicílios dispunham de banheiro de uso exclusivo e 78,0%, acesso à rede geral de esgotos.
Já entre os domicílios em situação rural, 88,4% tinham banheiro de uso exclusivo, enquanto em apenas 9,6% o escoamento do esgoto era feito pela rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral.
A proporção de domicílios com acesso à rede geral de esgotos registrou diferenças regionais mais acentuadas: as regiões Norte e Nordeste apresentaram as menores coberturas, com 32,7% e 50,8%, respectivamente; na Região Sudeste registrou-se a maior, com 89,9%; e as Regiões Sul e Centro-Oeste, por sua vez, alcançaram 68,3% e 61,1%, respectivamente.
“É importante salientar a diversidade observada nas áreas rurais existentes no Brasil quanto a esses aspectos. A cobertura de alguns serviços de saneamento básico é factível em áreas rurais no entorno de centros urbanos, enquanto em áreas mais isoladas ou com baixa densidade populacional pode ser necessária a busca por soluções localizadas ou individuais, como a instalação de fossas sépticas não ligadas à rede coletora e o uso de poços artesianos para o abastecimento de água”, contextualiza o analista.
Em áreas rurais, 51,0% dos domicílios fazem queima dos resíduos na propriedade
A principal destinação do lixo no Brasil é a coleta direta por serviço de limpeza, cujo percentual subiu de 82,7% em 2016 para 86,1% em 2023. Em todas as regiões essa modalidade predomina, variando de 75,8%, na Região Nordeste, a 91,6%, na Centro-Oeste. Apesar de registrar o menor percentual de cobertura desse serviço, a Região Nordeste assinalou a maior expansão desse indicador em relação a 2016 (de 67,4% para 75,8%).
Entre os domicílios em situação urbana, 93,4% apresentavam como principal destino do lixo a coleta feita diretamente por serviço de limpeza. Em termos regionais, tal percentual variou de 88,6%, na Região Nordeste, a 97,5%, na Centro-Oeste. Nas áreas rurais do país, por outro lado, o principal destino dado ao lixo era a queima na propriedade (51,0%), seguido pela coleta direta por serviço de limpeza (33,4%) e a coleta em caçamba de serviço de limpeza (10,9%).
Energia elétrica chega quase à totalidade dos domicílios, mas acesso por fontes alternativas ainda é importante
Em 2023, o acesso à energia elétrica nos domicílios atingiu a cobertura de 99,8% das unidades dispondo desse serviço. Em 99,4% do total de domicílios, a energia elétrica era proveniente da rede geral, e a disponibilidade era em tempo integral em 98,7% dos casos.
Na análise por situação do domicílio, observou-se elevada cobertura de energia elétrica, tanto em áreas urbanas (99,9%) quanto rurais (99,0%).
No entanto, nos domicílios em situação rural, o percentual dos que dispunham de energia elétrica proveniente de rede geral era mais baixo (97,0%), notadamente na Região Norte (82,4%). Nessa região, considerando-se a rede geral e fontes alternativas, 95,6% dos domicílios rurais tinham acesso à energia elétrica, o que revela a importância de fontes alternativas como única fonte desse serviço para uma parcela dos domicílios de suas áreas rurais.
Região Norte tem a menor proporção de domicílios com paredes de alvenaria ou taipa com revestimento: 70,3%
Em 2023, 89,1% dos domicílios brasileiros tinham as paredes externas construídas de alvenaria ou taipa com revestimento, com expansão em relação a 2022, quando representavam 88,6%. Por outro lado, os domicílios com paredes externas de alvenaria/taipa sem revestimento eram 6,5% do total, abaixo dos 3,9% registrados em 2022.
Já os domicílios com paredes externas de madeira apropriada para construção (aparelhada) representaram 3,9%, o mesmo que em 2022. Aqueles com outro material, como madeira aproveitada de tapumes e embalagens eram 0,5% em 2022 e 2023.
Em todas as regiões, predominaram domicílios com paredes externas de alvenaria ou taipa com revestimento, variando de 70,3%, na Região Norte, a 94,6%, na Região Sudeste. Os maiores percentuais de domicílios com paredes externas de alvenaria ou taipa sem revestimento foram observados nas regiões Nordeste (9,6%) e Norte (9,2%).
Nas regiões Norte e Sul, a presença de domicílios com paredes externas de madeira apropriada para construção (aparelhada), com proporções de 19,1% e 14,3%, respectivamente, se mostrou bem superior à média nacional (3,9%).
Maioria dos domicílios no Brasil (81,7%) tinha piso de cerâmica, lajota ou pedra
Em relação ao material predominante no piso, 81,7% dos domicílios utilizavam o piso de cerâmica, lajota ou pedra em 2023. Em 11,7%, predominava o piso de cimento, enquanto a madeira apropriada para construção era o material preponderante em 6,1% (4,8 milhões). Outro material, incluindo madeira aproveitada de embalagens, tapumes ou andaimes, foi utilizado em 0,6% (428 mil) dos domicílios.
O predomínio de piso de cerâmica, lajota ou pedra nos domicílios foi observado em todas as regiões, variando de 69,6%, na Região Norte, a 89,2%, na Sudeste. As regiões Sul (18,9%) e Norte (10,8%) registraram os maiores percentuais de domicílios com piso de madeira apropriada para construção. As regiões Nordeste (25,8%) e Norte (18,4%) apresentaram percentuais de domicílios com piso de cimento superiores à média nacional (11,7%).
“Em relação a 2016, todas a Grandes Regiões mostraram redução na proporção de domicílios com pisos de cimento e aumento na proporção daqueles com piso de cerâmica, lajota ou pedra, tendência essa observada, principalmente, nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste”, destaca William.
No Sudeste, mais da metade dos domicílios tinham telha com laje de concreto
Em 2023, 49,4% dos domicílios tinham telha sem laje de concreto como material predominante na cobertura; 33,0%, telha com laje de concreto; 14,8%, somente laje de concreto; e 2,7% utilizavam outro tipo de material.
A Região Sudeste foi a única a registrar percentual de domicílios cuja cobertura era de telha com laje de concreto (50,8%) superior ao daqueles com telha sem laje de concreto (25,0%). Nas demais regiões, a cobertura de telha sem laje de concreto foi predominante, principalmente na Norte, onde a estimativa atingiu 77,4%. A Região Sudeste também tinha a maior participação de domicílios em que a cobertura era constituída somente de laje de concreto (23,2%). Na Região Norte, 8,6% dos domicílios utilizavam outro material, que não os citados anteriormente, para a cobertura.
“Em relação a 2016, as principais variações observadas no país foram a queda do percentual de domicílios que tinham cobertura de telha sem laje de concreto, de 52,0% para 49,4%, e o aumento da proporção daqueles com cobertura de telha com laje de concreto, de 31,8% para 33,0%”, salienta William.
De 2016 a 2023, proporção de domicílios próprios já pagos cai e de alugados cresce
De 2016 para 2023, observou-se uma contínua redução do percentual de domicílios próprios já pagos, que variaram de 66,7%, em 2016, a 62,3%, em 2023.
Durante esse período, o percentual de domicílios alugados aumentou de 18,5%, em 2016, para 22,4% em 2023.
Um em cada quatro domicílios possui motocicleta
No Brasil, em 2023, 48,1% dos domicílios possuíam automóvel; 24,6%, motocicleta; e 12,6%, ambos. A Região Sul tinha o maior percentual de posse de automóvel (67,5%), ao passo que as Regiões Nordeste e Norte registraram as menores proporções desse bem (27,6% e 30,6%, respectivamente). Por outro lado, Nordeste e Norte apresentaram os maiores percentuais de posse de motocicleta (35,4% e 32,6%, respectivamente), superiores à proporção de automóvel nos domicílios. Já a Região Centro-Oeste tinha o maior percentual de posse de ambos os bens (17,3%).
Proporção de idosos cresce em todas as grandes regiões
A distribuição da população por grupos etários mostra uma tendência envelhecimento da população. Em 2012, a população com menos de 30 anos de idade era 49,9% do total, passando para 42,8%, em 2023. Já a população de 30 anos ou mais cresceu no período 2012-2023, passando de 50,1% a 57,2%.
“A parcela das pessoas de 60 anos ou mais passou de 11,3% para 15,5%. Entre os idosos, destaca-se a expansão da participação das pessoas de 65 anos ou mais, que atingiu 10,8% da população total em 2023”, explica William.
A Região Norte teve a maior concentração populacional nos grupos mais jovens, com 41,8% de sua população com menos de 24 anos de idade em 2023. A maiores concentrações da população de 60 anos ou mais, por sua vez, ocorreram nas regiões Sudeste (17,6%) e Sul (16,8%), e a menor na Região Norte (10,6%). “Esta é uma característica da população no Brasil: pessoas mais jovens no Norte e Nordeste e uma população mais envelhecida no Sul e Sudeste”, explica o analista, que destaca, ainda que a participação da população idosa cresceu em todas as Grandes Regiões na comparação com 2012.
Em 2023, as mulheres correspondiam a 51,1% da população do Brasil, enquanto os homens totalizavam 48,9%. “Não foram estimadas alterações relevantes de participação em relação a 2012”, observa o analista.
A população masculina apresenta padrão mais jovem que a feminina. Em 2023, para todos os grupos etários até 24 anos, os homens tinham estimativa superior à das mulheres. No grupo etário de 25 a 29 anos, os contingentes de homens e mulheres eram muito próximos, ficando em cerca de 4,0% da população total. A partir dos 30 anos, no entanto, o percentual de mulheres era superior ao dos homens em todas as faixas de idade.
Como a mortalidade dos homens é maior que a das mulheres em cada grupo etário, observa-se maior concentração de mulheres entre a população idosa. A razão de sexo calculada para a população de 60 anos ou mais foi de 78,7 homens para cada 100 mulheres, e para os idosos de 70 anos ou mais de idade foi de 71,6.
De 2012 a 2023, percentual de brancos chega ao menor percentual; Região Sul tem maior queda
Entre 2012 e 2023, o percentual da população que se declarava de cor ou raça branca caiu 3,9 pontos percentuais (p.p.), passando de 46,3%, em 2012, para 42,4%, em 2023, o menor percentual da série. Já a proporção de pessoas declaradas pretas subiu de 7,4% em 2012 para 10,6% em 2023, repetindo o patamar observado em 2022.
Já para a cor ou raça parda, houve pouca variação em relação a 2012, de 45,6% para 45,9%, ainda que, em alguns anos ao longo da série considerada, essa participação tenha ultrapassado o patamar de 47%.
A participação da população declarada de cor ou raça branca se reduziu em todas as grandes regiões de 2012 para 2023, com destaque para a Região Sul (7,5 p.p.). A Região Sul também teve o maior crescimento de pessoas declaradas pardas (5,7 p.p.). Por outro lado, na Região Nordeste, houve a principal expansão da participação das pessoas de cor ou raça preta (4,2 p.p.). “Vemos, com isso, o início de uma mudança no perfil de cor ou raça do país”, avalia William.
Homens adultos e mulheres idosas são maioria entre os que moram sozinhos
O arranjo domiciliar mais frequente era o nuclear, que correspondeu a 65,9% do total de domicílios, mas que apresentou queda em relação a 2012 (68,3%). O arranjo nuclear consiste em um único núcleo formado pelo casal, com ou sem filhos (inclusive adotivos e de criação) ou enteados. São também nucleares as unidades domésticas compostas por mãe com filhos ou pai com filhos, as chamadas monoparentais.
A unidade estendida, constituída pela pessoa responsável com pelo menos um parente, formando uma família que não se enquadra em um dos tipos descritos como nuclear, correspondia a 14,8% em 2023, com redução de 3,1 p.p. em relação a 2012.
Já as unidades domésticas unipessoais, ou seja, compostas apenas por um morador, tiveram crescimento no período, passando de 12,2% para 18,0%, um crescimento de 5,8 p.p. Ao analisar o padrão etário das pessoas em arranjos unipessoais, observou-se que 12,1% tinham 15 a 29 anos; 47,0% situavam-se na faixa de 30 a 59 anos; e 40,9% eram pessoas de 60 anos ou mais de idade.
As mulheres eram 45,1% das pessoas que moravam sozinhas em 2023, enquanto os homens eram 54,9%. Há marcantes diferenças entre homens e mulheres que moravam sozinhos quanto ao perfil etário: 56,4% dos homens em arranjos unipessoais tinham 30 a 59 anos, seguidos por aqueles de 60 anos ou mais (29,4%); e, entre as mulheres, a maioria situava-se na faixa de 60 anos ou mais de idade (55,0%).
Mais sobre a pesquisa
A PNAD Contínua: Características Gerais dos Domicílios e Moradores reúne informações sobre tipo e condição de ocupação, material predominantes das paredes, piso e telhado, serviços de saneamento básico e energia elétrica e posse de bens, dados referentes à caracterização dos domicílios.
Já a caracterização dos moradores apresenta informações sobre distribuição da população, sexo e grupos de idade, cor ou raça e unidades domésticas (arranjos domiciliares). Os dados estão desagregados para Brasil, Grandes Regiões, Unidades da Federação, Regiões Metropolitanas e Municípios de Capitais.
Publicado originalmente pela Agência de Notícias IBGE em 20/12/2024 – 10h00
Por Irene Gomes e Vinícius Britto – Editoria Estatísticas Sociais
Arte: Licia Rubinstein
Nenhum comentário ainda, seja o primeiro!