À medida que as temperaturas globais alcançam picos históricos, uma questão vital surge: o uso seguro de ventiladores em condições extremas de calor.
Enquanto organizações de saúde debatem os limites seguros para sua utilização, a preocupação com os riscos à saúde pública aumenta, especialmente entre os grupos vulneráveis como idosos e pessoas com condições de saúde preexistentes.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) oferecem orientações divergentes sobre este tema.
O CDC recomenda evitar o uso de ventiladores em temperaturas acima de 32 °C, alertando que isso pode intensificar a exaustão por calor. Por outro lado, a OMS sugere que o uso de ventiladores pode ser seguro até 40°C, dependendo da umidade ambiental.
Recentemente, dois estudos proeminentes adicionaram dados importantes à discussão. Uma pesquisa publicada no The New England Journal of Medicine indica que ventiladores podem reduzir o estresse cardiovascular em idosos em ambientes úmidos até 38°C.
No entanto, outro estudo no Journal of the American Medical Association afirma que acima de 35°C, os ventiladores não oferecem benefícios e podem até ser prejudiciais.
Especialistas como Ollie Jay, da Universidade de Sydney, defendem que a umidade desempenha um papel crucial na eficácia dos ventiladores.
Em condições de calor úmido, o suor evapora mais lentamente, o que permite que o ventilador ajude na refrigeração. Já em ambientes secos, o suor evapora rapidamente, e o ar quente movimentado pelo ventilador pode aumentar a sensação de calor, comparável ao efeito de um “air fryer”.
Experimentos realizados em câmaras climáticas especiais mostram que ventiladores podem aliviar significativamente o estresse cardíaco em ambientes úmidos. No entanto, em climas secos e quentes, o uso do ventilador teve que ser interrompido devido ao aumento do estresse cardíaco nos participantes.
George Havenith, da Universidade de Loughborough, ressalta que a eficácia do ventilador depende fortemente da idade e da saúde do indivíduo. Ele adverte que enquanto jovens saudáveis podem se beneficiar do uso de ventiladores em altas temperaturas, os idosos deveriam preferir ambientes com ar-condicionado.
O CDC expressa uma necessidade urgente de mais pesquisas para explorar as respostas do corpo humano ao uso de ventiladores em condições reais, não apenas em ambientes controlados de laboratório. A agência enfatiza que as temperaturas reais enfrentadas pelas pessoas podem ser significativamente mais altas do que as medições oficiais.
Com informações do Globo
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