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China está preparada para Trump, diz economista chinesa Keyu Jin

Uma entrevista com Keyu Jin, autora do bestseller China Playbook. A nova era da economia chinesa: mudanças no consumo, geopolítica e o impacto de uma geração emergente “Mesmo sem os desenvolvimentos recentes entre os EUA e a China, as mudanças estruturais internas da economia chinesa já estavam evoluindo”, comentou Keyu Jin, economista global e autora […]

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Como a China retaliará contra as tarifas de Trump? China tem se 'preparado'. David Lin entrevista Keyu Jin.

Uma entrevista com Keyu Jin, autora do bestseller China Playbook.

A nova era da economia chinesa: mudanças no consumo, geopolítica e o impacto de uma geração emergente

“Mesmo sem os desenvolvimentos recentes entre os EUA e a China, as mudanças estruturais internas da economia chinesa já estavam evoluindo”, comentou Keyu Jin, economista global e autora de The New China Playbook: Beyond Socialism and Capitalism, durante sua entrevista com David Lin. Essa frase resume bem um dos pontos centrais da conversa: a China não é mais a mesma de décadas atrás, e as transformações em curso são profundas, tanto internamente quanto em suas relações globais.

A entrevista aconteceu em 22 de novembro de 2024, e abordou diversos temas, como o impacto de uma possível reeleição de Donald Trump nos EUA, a guerra comercial, as mudanças no perfil de consumo das novas gerações chinesas e os desafios econômicos que o país enfrenta. Jin, conhecida por suas análises diretas e pragmáticas, ofereceu insights importantes sobre como a China tem se preparado para enfrentar cenários adversos e aproveitar novas oportunidades.

A economia chinesa diante de tarifas e tensões comerciais

Jin explicou que a China aprendeu com a experiência da primeira guerra comercial com Trump. “Da primeira vez, foi um choque. Agora, as autoridades chinesas têm mais experiência e estão mais preparadas para lidar com um governo como o de Trump”, afirmou. Segundo ela, embora a ameaça de tarifas de até 60% sobre produtos chineses seja significativa, o país já vem redirecionando seu comércio para outros parceiros, como México, Vietnã e países da Europa.

A economista destacou que cerca de 40% da redução no comércio com os EUA durante a primeira guerra comercial foi compensada pelo aumento de relações comerciais com outras economias. Isso demonstra que a estratégia da China não é apenas reagir a pressões externas, mas fortalecer alianças e diversificar suas parcerias comerciais. Europa, África, América Latina e Oriente Médio aparecem como áreas prioritárias nessa abordagem.

O impacto da nova geração de consumidores

Outro tema central da entrevista foi o papel da nova geração de consumidores na transformação da economia chinesa. Jin observou que esses jovens, diferentemente das gerações anteriores, gastam mais em lazer, roupas e viagens, mesmo ganhando menos. “Eles se preocupam mais com a vida do que com o trabalho”, afirmou, destacando que muitos nasceram em um ambiente mais próspero e não sentem a mesma pressão econômica dos seus pais.

Essa mudança de comportamento reflete uma nova mentalidade entre os jovens, que valorizam o equilíbrio entre trabalho e qualidade de vida. Ao mesmo tempo, são mais inovadores e têm hábitos de consumo que podem impulsionar setores como tecnologia e serviços. Jin acredita que essa geração tem o potencial de transformar a China em uma nação consumidora, deslocando o foco histórico do país como grande poupador.

Tecnologia, inovação e o futuro da China

Jin também abordou o papel da tecnologia e da inovação no crescimento econômico. Ela destacou que, mesmo diante de sanções e restrições tecnológicas, como as impostas pelos EUA à Huawei, a China tem demonstrado uma incrível capacidade de adaptação. “Essas sanções, ao invés de enfraquecerem a Huawei, aceleraram sua inovação”, disse, apontando que a empresa conseguiu lançar novos aparelhos de ponta utilizando exclusivamente recursos nacionais.

Essa resiliência tecnológica reflete a capacidade do país de transformar desafios em oportunidades, impulsionando setores estratégicos como veículos elétricos, energias renováveis e inteligência artificial. No entanto, Jin alertou que, para que a China alcance seu pleno potencial, será necessário equilibrar suas políticas econômicas de curto prazo com seus objetivos estratégicos de longo prazo.

Os desafios do setor imobiliário

Um dos maiores desafios econômicos atuais da China, segundo Jin, é o setor imobiliário. Com cerca de 140 milhões de moradias vazias e uma crise de confiança entre os consumidores, a recuperação desse mercado é essencial para estabilizar a economia. Ela mencionou que o governo tem trabalhado para transformar imóveis desocupados em moradias acessíveis, inspirando-se em modelos como o de Cingapura. “É uma questão social crítica, especialmente para a geração mais jovem, que enfrenta dificuldades para adquirir sua primeira casa”, explicou.

A visão pragmática de longo prazo

Ao encerrar a conversa, Jin destacou que a China continua comprometida com o crescimento econômico e a estabilidade interna. O governo, segundo ela, tem adotado uma abordagem pragmática, ajustando políticas em tempo real para lidar com os desafios econômicos e sociais. Além disso, ela acredita que a nova geração de chineses, com sua visão global e hábitos de consumo distintos, desempenhará um papel central em moldar o futuro do país.

A entrevista de Keyu Jin revelou não apenas os desafios que a China enfrenta, mas também as oportunidades que surgem de um país em constante transformação. Seja na forma como lida com tensões comerciais, seja na maneira como adapta sua economia às mudanças internas, a China segue mostrando sua capacidade de se reinventar e liderar em um cenário global complexo.

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