O Brasil vivencia um aumento significativo nos investimentos privados em infraestrutura, projetados para alcançar R$ 372,3 bilhões entre 2025 e 2029.
Esse crescimento de 63,4% em relação ao ciclo anterior foi destacado pela Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base (Abdib) no “Livro Azul da Infraestrutura”, conforme reportagem do jornal Valor.
Os investimentos são impulsionados pela expansão das concessões e pela restauração da estabilidade regulatória sob a administração do presidente Lula.
“Houve um avanço grande, e a tendência é que a contratação de projetos continue crescendo”, comentou Roberto Guimarães, diretor de planejamento e economia da Abdib. O foco está em setores fundamentais como rodovias, ferrovias e saneamento.
Um exemplo dessa expansão é a recente privatização da Sabesp, que adicionou R$ 66 bilhões aos investimentos previstos. Descontando esse valor, os investimentos privados contratados ainda marcam um aumento considerável de 34,3% em comparação ao ano anterior, totalizando R$ 305,9 bilhões até 2029.
O ministro dos Transportes, Renan Filho, ressalta a importância da regulação no setor.
“A regulação de infraestrutura no Brasil hoje é uma referência internacional, e as condições macroeconômicas podem ajudar ainda mais”, disse.
Ele também mencionou a diminuição dos juros e o fortalecimento da economia brasileira como fatores adicionais que favorecem o aumento de leilões e investimentos.
A Abdib identificou 495 projetos com potencial de investimento estimado em R$ 750,5 bilhões, dos quais R$ 288,6 bilhões são destinados exclusivamente para rodovias. Guimarães enfatiza os avanços em modelagens de editais que equilibram melhor risco e retorno, atraindo mais participantes para os leilões.
Apesar do cenário positivo, desafios ainda persistem. A redução no orçamento das agências reguladoras, como a Aneel e a ANTT, é vista como um contraponto negativo, dado o aumento do volume de concessões.
“O governo precisa reforçar essas instituições, que têm um papel estratégico na supervisão de projetos”, advertiu Venilton Tadini, presidente-executivo da Abdib.
Natália Marcassa, presidente da Moveinfra, aponta o licenciamento ambiental como o principal obstáculo para a execução de projetos, destacando o atraso no Ibama que resulta em um atraso nos cronogramas do setor.
Ainda assim, a confiança do setor privado na liderança de Lula é considerada um fator essencial para o avanço dos investimentos.
“O papel do setor privado é relevante porque garante os investimentos onde há rentabilidade e, com isso, divide a responsabilidade com o poder público, que pode direcionar recursos para áreas menos atrativas economicamente”, concluiu Renan Filho.
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