Kremlin desmente ligação entre Trump e Putin, chamando rumores de “pura ficção” e questionando a confiabilidade da mídia americana em época de tensão
O Kremlin desmentiu nesta segunda-feira (11) rumores sobre uma possível conversa entre o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, e o presidente russo, Vladimir Putin, nos últimos dias, qualificando tais relatos como “pura ficção”.
Uma fonte informou à Reuters no domingo (10) que Trump, que criticou abertamente o amplo apoio militar e financeiro dos EUA a Kiev e prometeu resolver o conflito rapidamente, teria se comunicado com Putin recentemente.
Segundo essa fonte, que afirma estar a par dos detalhes, o contato teria sido relatado inicialmente pelo The Washington Post, com fontes anônimas sugerindo que Trump teria aconselhado Putin a evitar uma escalada do conflito na Ucrânia.
Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, negou firmemente a ocorrência de tal ligação entre os líderes. “Isso é completamente falso. É pura ficção, apenas informação falsa”, declarou ele aos repórteres. “Não houve conversa.”
Peskov acrescentou: “Este é o exemplo mais óbvio da qualidade das informações que estão sendo publicadas agora, inclusive em publicações bastante respeitáveis”.
Quando questionado sobre a possibilidade de um contato futuro entre Putin e Trump, Peskov afirmou que “ainda não há planos concretos”.
Enquanto isso, Trump conversou com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy na última quarta-feira.
Steven Cheung, diretor de comunicações de Trump, foi questionado sobre a suposta ligação com Putin, mas se recusou a comentar, dizendo: “Não comentamos ligações privadas entre o presidente Trump e outros líderes mundiais”.
Após vencer a eleição presidencial de 5 de novembro, Trump tomará posse em 20 de janeiro. Na última quarta-feira, a Casa Branca informou que o atual presidente Joe Biden convidou Trump para o Salão Oval.
Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, afirmou no domingo que Biden planeja garantir uma transição pacífica de poder, além de atualizar Trump sobre as questões atuais na Europa, Ásia e Oriente Médio.
“O presidente Biden terá a oportunidade, nos próximos 70 dias, de defender junto ao Congresso e ao novo governo que os Estados Unidos não devem se afastar da Ucrânia”, declarou Sullivan ao programa Face the Nation da CBS News.
Ele ressaltou que, para Biden, abandonar o apoio à Ucrânia implicaria em mais instabilidade na Europa.
Questionado sobre a possibilidade de Biden solicitar ao Congresso uma nova autorização para financiamento à Ucrânia, Sullivan não especificou uma proposta, mas reiterou que Biden argumentará pela necessidade de continuidade de recursos para o país.
FINANCIAMENTO À UCRÂNIA
Washington já destinou dezenas de bilhões de dólares em ajuda militar e econômica à Ucrânia desde a invasão russa em fevereiro de 2022, apoio que Trump e alguns legisladores republicanos criticaram abertamente.
Em declarações anteriores, Trump afirmou que, se estivesse na Casa Branca, Putin não teria invadido a Ucrânia.
Em entrevista à Reuters, ele chegou a sugerir que a Ucrânia talvez precisasse considerar concessões territoriais para alcançar a paz, algo rejeitado por Kiev e jamais proposto por Biden.
Na quinta-feira, Zelenskiy declarou que desconhece detalhes sobre o plano de Trump para terminar a guerra rapidamente e expressou sua convicção de que um fim rápido exigiria concessões significativas por parte de Kiev.
Segundo o Government Accountability Office, o Congresso destinou mais de US$ 174 bilhões para a Ucrânia durante o mandato de Biden.
Esse ritmo de ajuda, contudo, provavelmente diminuirá sob Trump, especialmente considerando que os republicanos estão prestes a assumir a maioria no Senado com 52 cadeiras.
O controle da Câmara dos Representantes ainda está indefinido, com alguns votos pendentes de contagem. No entanto, caso os republicanos assegurem maioria em ambas as câmaras, a agenda de Trump encontrará menos resistência no Congresso.
Em uma declaração à CBS, o senador republicano Bill Hagerty, aliado de Trump e possível candidato ao cargo de secretário de Estado, criticou o financiamento americano à Ucrânia.
“O povo americano quer que a soberania seja protegida aqui na América antes de gastarmos nossos fundos e recursos protegendo a soberania de outra nação”, afirmou Hagerty.
Essa mudança na política dos EUA pode representar uma reorientação das prioridades, com foco maior nos interesses domésticos.
Enquanto Biden e alguns democratas enfatizam o apoio contínuo à Ucrânia, Trump parece inclinado a revisar os compromissos internacionais, incluindo a ajuda a Kiev, para concentrar-se em questões internas.
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