Autoridades ocidentais, lideradas pela secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, enviaram uma carta ao governo de Israel alertando que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta o risco de uma “catástrofe econômica” na Cisjordânia ocupada, caso não renove uma isenção essencial para que bancos internacionais mantenham laços com instituições financeiras palestinas. A informação foi divulgada pelo Financial Times nesta terça-feira.
O alerta se refere à decisão pendente do ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, que deve decidir até quinta-feira se renovará uma isenção que protege dois bancos israelenses — o Israel Discount Bank e o Bank Hapoalim — de ações judiciais ligadas à Autoridade Palestina (AP).
Esses bancos mantêm conexões essenciais entre o sistema bancário palestino e o mercado financeiro global, facilitando transações financeiras que utilizam o shekel, moeda israelense, base da economia palestina.
“Sem essa proteção, a AP perderia sua imunidade, e os bancos israelenses provavelmente cortariam laços com bancos palestinos, isolando a AP do sistema financeiro internacional e paralisando significativamente a economia palestina”, destaca a carta assinada por Yellen e outros sete ministros das Finanças, incluindo representantes da União Europeia e do Reino Unido.
A dependência econômica da Cisjordânia em relação a Israel se reflete em cerca de US$ 13 bilhões em comércio entre os territórios, que são processados pelo sistema financeiro internacional.
Trabalhadores palestinos também podem ser diretamente afetados pela interrupção desses laços bancários, já que, de acordo com um acordo de 2022 entre autoridades palestinas e israelenses, seus salários só podem ser depositados em contas bancárias.
Caso a proteção não seja renovada, esses trabalhadores só poderiam receber em dinheiro, o que representa um retrocesso logístico e econômico significativo.
Outras áreas afetadas incluiriam as operações de exportação e importação palestinas, que dependem de portos israelenses, e os fundos de impostos da AP, coletados por Israel. A carta alerta que a situação atual ameaça a integridade da Autoridade Palestina, especialmente considerando seu papel como parceiro de segurança para Israel na região.
Para que a isenção seja renovada, Smotrich e o gabinete israelense exigem que duas condições sejam atendidas: uma avaliação da Autoridade Monetária Palestina pelo órgão de fiscalização global Financial Action Task Force (FATF) e uma análise de risco do sistema financeiro palestino pelo Banco Mundial.
Fontes informaram ao Financial Times que a Autoridade Palestina já está no “caminho certo” para fortalecer seu regime contra a lavagem de dinheiro, conforme ressaltado na carta das autoridades ocidentais.
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