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Análise: PT cresce 40% em número de prefeituras, mas ainda é pouco

É cedo para as análises mais profundas e abrangentes sobre as consequências das eleições municipais para essa grande luta política e ideológica em curso no país, entre extrema-direita, de um lado, e a centro-esquerda, de outro. Ainda precisamos aguardar o resultado do segundo turno em dezenas de cidades importantes, como São Paulo, Natal e Fortaleza. […]

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Paes comemora vitória no 1o turno. Divulgação

É cedo para as análises mais profundas e abrangentes sobre as consequências das eleições municipais para essa grande luta política e ideológica em curso no país, entre extrema-direita, de um lado, e a centro-esquerda, de outro.

Ainda precisamos aguardar o resultado do segundo turno em dezenas de cidades importantes, como São Paulo, Natal e Fortaleza.

Entretanto, podemos já arriscar alguns palpites – que terão de ser atualizados, naturalmente, após o eleitor se manifestar novamente ao fim do mês.

O que podemos dizer, em resumo, é que: as coisas permanecem difíceis, mas até aqui, tudo está sob controle. Não se realizou nenhuma catástrofe, e os resultados vieram dentro do previsto.

Com Marçal fora do segundo turno, o movimento mais perigoso da extrema direita foi detido em São Paulo. Isso é um alívio para a democracia, porque já se viu que é bem mais eficiente barrar o fascismo pelo voto do que por ações judiciais.

O resultado em São Paulo não mais ameaça a democracia. Podemos falar de outra coisa.

A contabilidade geral dos partidos ainda está incompleta, por que falta o segundo turno, mas já temos alguns números objetivos nos que permitem sair do universo da especulação e fazer análises mais científicas.

Por exemplo, vamos conferir os votos somados para prefeito por partido. Esse é o dado mais preocupante, porque o PL, partido de Bolsonaro, ficou em primeiro lugar, no país, com 15,7 milhões de votos, alta de 236% sobre 2020.

Por outro lado, isso era esperado, porque é uma característica do bolsonarismo, e reflete a estratégia da legenda, de lançar uma quantidade muito grande de candidatos a prefeito.

Esses dados, é importante destacar, refletem também os votos para prefeitos que foram derrotados já no primeiro turno. Ou seja, eles são vistosos, mas iludem um pouco.

De qualquer forma, ainda em número de votos, PT e PSB registraram um crescimento significativo de 28% e 25% respectivamente, em relação a 2020, e somados tiveram a mesma votação que o PL.

As votações do PSD, MDB, União, e PP, também cresceram, e essas legendas foram as grandes vencedoras em número de prefeitos e vereadores eleitos. Mas será preciso avaliar caso a caso para identificar que candidatos se inclinam mais à direita e quais mais ao centro.

Por exemplo, Eduardo Paes, eleito no primeiro turno com uma votação esmagadora – humilhando um candidato bolsonarista raíz, Alexandre Ramagem – é do PSD, e no imaginário político da cidade, ou pelo menos da sua parte mais politizada, é um quadro do campo progressista, aliado de Lula.

Aliás, o termo progressista foi cunhado exatamente com esse objetivo, para evitar uma certa restrição exagerada que o conceito de esquerda às vezes traz. É para ser usado exatamente nesses casos: Eduardo Paes pode não ser de esquerda (apesar do esforço de Ramagem e do bolsonarismo carioca, de pintá-lo como tal), mas certamente é um progressista. E certamente, da mesma forma, será um aliado de Lula e da esquerda em 2026. Quantos mais prefeitos do PSD, do MDB, do União Brasil, poderão ser aliados da esquerda nas próximas eleições nacionais? Não serão todos, seguramente, mas serão muitos.

Ou seja, as análises que olham exclusivamente para o PT não enxergam a conjuntura completa.

O PT interrompeu o movimento de declínio, iniciado em 2016 e acentuado em 2020, e cresceu quase 40% para 248 prefeituras, (eram 178 em 2020), ou 70 prefeituras a mais.

O PL de Bolsonaro, por sua vez, cresceu 49% e hoje tem 510 prefeituras.

Em relação ao número de vereadores, os movimentos foram parecidos. PT e PSB cresceram, mas o PL cresceu mais, e centrão, sobretudo, saiu como principal vencedor.

Conclusão

O Brasil que emerge das eleições municipais parece um país conservador, de centro-direita, mas é o mesmo país que tínhamos antes, o mesmo país que deu cinco presidências da república ao PT, incluindo a atual, e sobretudo é o país que nós temos.

As eleições nos dão elementos objetivos para entender a cabeça do eleitor brasileiro, e para a esquerda avaliar seus desafios, fazer suas autocríticas e desenvolver planos para continuar avançando.

A performance desastrosa das legendas de ultra-esquerda, por sua vez, deve ser lida com muita humildade por todo o campo progressista. A esquerda que vence eleições é aquela com maior capacidade de diálogo, menos obcecada em demonstrar sua pureza ideológica e mais comprometida em construir, no curto prazo, estratégias concretas para melhorar a vida do povo.


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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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Comentários

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efrem

07/10/2024 - 18h24

Os numeros nesse caso nao dizem nada, pelo bem do Brasil e da civilizaçào huamana o PT e Lula (politicamente) morrerram, as cidades onde o PT elegeu alguem sao completamente insignificantes.

Dos candidatos que Lula apoiou (os que precisavam de apoio para se eleger nao os que ja estavam eleitos como Paes por exemolo) nao se elegeu um sequer.

Lula se elege como Rato da REpublica exclusivamente com os votos do Bolsa Familia no NE..é um acordo nao escrito entre o Lrapio e o NE…vcs me votam e eu garanto o dinheiro par vcs jogar no tigrinnho ficar no boteco toamdo pitu ou na rede doemindo o dia inteiro e por ai vai.

O resto é conversa fiada.

Dantas

07/10/2024 - 17h48

Ramagem, um desconhecido completo que chega a 30% dos votos na primeira ocasião se saiu muito bem, o mesmo para Marçal, que teve os mesmos votos de Boulos e Nunes sem nenhum tipo de apoio político, sem tv e rádio.

Isso demostra claramente que o fundo eleitoral é suficiente para um candidato não passa de uma conexão a internet illimitada, o resto são dezenas de bilhões de quem trabalha jogados no lixo.

Daqui uns 30 anos o Brasil chega lá….

Zulu

07/10/2024 - 17h39

Um apologista de ditaduras comunistas dando lições sobre o que segundo ele é democrático e não é…kkkkkk

Esse Miguel do Rosário é Patético…se a gente não soubesse que é pago com dinheiro dos brasileiros para fazer este papel ridículo eu quase começaria a pensar que é meio idiota mesmo.

Saulo

07/10/2024 - 17h37

“…porque já se viu que é bem mais eficiente barrar o fascismo pelo voto do que por ações judiciais.”

Quer dizer que o judiciário é um poder político ?

“O resultado em São Paulo não mais ameaça a democracia. Podemos falar de outra coisa.”

O voto é democrático somente se é de esquerda ou do que passa na sua cabeça ?

Essas duas asneiras são a perfeita demostração do autoritarismo bananeiro da esquerda.

Não que fosse uma novidade…mas não precisa confirmar todas as vezes que vc abre boca de ser um Fascistoide bem mal disfarçado, pode elevar um pouquinho o nível eventualmente, ou não consegue?

Tony

07/10/2024 - 16h09

A extrema esquerda (PT,PSOL e aberrações afins) não existem mais.

Na Itália após a operação mãos limpas todos os partidos envolvidos foram exterminados pelos próprios eleitores na eleição logo seguinte para fazer limpeza definitiva e não correr o risco de ter ainda resíduos de imundícia no meio dos pés.

O Brasil está fazendo o mesmo com o PT demorando muito mais tempo (pois ao contrário da Itália trata-se de um país sub desenvolvido e altamente atrasado que chega a dar dó).

Se o Brasil fosse algo normal o PT já deveria ter sido extinto há pelo menos uma década.

Dudu

07/10/2024 - 16h04

Prefeituras insignificantes…o PT e o PSDB foram varridos do mapa do Brasil.


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