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Ramagem usa debate na Globo para tentar nacionalizar a eleição no Rio

A estratégia de Alexandre Ramagem é simples. A menos de 48 horas das eleições, ele usou o debate da Globo de ontem para tentar nacionalizar a campanha. Em dobradinha com Rodrigo Amorim, outro bolsonarista fanático, Ramagem fugiu de qualquer debate programático ou propositivo e usou seu tempo para colar em Eduardo Paes a pecha de […]

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Ramagem e Bolsonaro. Divulgação

A estratégia de Alexandre Ramagem é simples. A menos de 48 horas das eleições, ele usou o debate da Globo de ontem para tentar nacionalizar a campanha.

Em dobradinha com Rodrigo Amorim, outro bolsonarista fanático, Ramagem fugiu de qualquer debate programático ou propositivo e usou seu tempo para colar em Eduardo Paes a pecha de “esquerdista”, aliado de Lula, e associá-lo à “turma” que defende o aborto, a liberação das drogas e o Hamas. O nome de Marcelo Freixo, como apoiador de Paes, foi repetido diversas vezes, numa tentativa malandra de colar no prefeito a rejeição que Freixo possui junto aos setores mais reacionários.

Paes reagiu com tranquilidade, com seu bom humor habitual. Não mordeu nenhuma das iscas. Não entrou em qualquer debate ideológico. Apenas enfatizou que não respondia pela opinião alheia, e que ele próprio era contra o aborto e contra as drogas. E agradeceu o apoio que recebe dos políticos citados por Ramagem, especialmente do presidente Lula.

Enquanto Ramagem e Amorim diziam que Paes “esconde” seu padrinho, e repetiam ad nauseam o nome de Jair Bolsonaro, o prefeito falava sobre as ações concretas que a parceria entre a prefeitura e o governo federal já tinha começado a trazer para a cidade.

Amorim e Ramagem se esforçaram para reavivar as chamas da Lava Jato no Rio. Após uma ladainha interminável de acusações confusas sobre “milhões em delação”, Ramagem chegou a dizer que, se a Lava Jato estivesse em operação, ele mesmo iria prender Eduardo Paes.

O uso da Lava Jato como uma das principais âncoras narrativas da extrema-direita, num debate eleitoral ao final de 2024, aparece como um capítulo tardio, particularmente melancólico, sobre o papel pernicioso que essa operação criminosa exerceu contra a nossa democracia.

Em sua primeira intervenção, Tarcísio Freitas, candidato pelo PSOL, cometeu erros grosseiros, quase todos ligados ao uso de uma linguagem pedante e professoral. Disse que a candidatura de Amorim havia sido “indeferida por violência de gênero”.

Por que usar a expressão “indeferida”, um jargão jurídico que pouca gente conhece? Por que simplesmente não disse que a justiça eleitoral tinha cassado a candidatura dele por agressão a mulheres?

De qualquer forma, o debate também serviu para ilustrar porque Tarcísio enfrenta, nesta eleição, mais dificuldades políticas do que em outras de que participou. Segundo o Datafolha divulgado ontem, Tarcísio desidratou completamente, caindo de 7% para 4%.

Na mesma pesquisa, Paes tem 54% dos votos totais (em válidos, deve ter alguns pontos a mais, o que lhe daria vitória folgada no primeiro turno), e Ramagem chegou a 22%.

O problema de Tarcísio é que o bolsonarismo, ou a extrema direita, deslocaram a Janela de Overton de tal maneira para a direita, que Eduardo Paes virou um cara de “esquerda”, e uma esquerda com chances reais de esmagar o ovo fascista no ninho.

Amorim e Ramagem repetiam que ali havia dois candidatos de esquerda, referindo-se a Paes e Tarcísio, e ambos baixavam o nível de tal maneira, vomitando tantos clichês reacionários idiotas, que pareciam estar fazendo um comício num daqueles acampamentos golpistas em frente aos quartéis.

Para se ter uma ideia do debate, basta ver o vídeo com o enfrentamento direto entre Paes e Ramagem, abaixo.

Abaixo, o gráfico da última pesquisa Datafolha, divulgada ontem.



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Miguel do Rosário

Miguel do Rosário é jornalista e editor do blog O Cafezinho. Nasceu em 1975, no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha até hoje.

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