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Debate do Flow acerta no formato e prova que o problema é Pablo Marçal

O oitavo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado nesta segunda-feira (23) pelo Flow News, prometia um novo padrão para os encontros eleitorais ao buscar mais foco em propostas e evitar os confrontos diretos que vinham caracterizando debates anteriores. Sob a mediação do jornalista Carlos Tramontina, o debate contou com a participação […]

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O oitavo debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado nesta segunda-feira (23) pelo Flow News, prometia um novo padrão para os encontros eleitorais ao buscar mais foco em propostas e evitar os confrontos diretos que vinham caracterizando debates anteriores. Sob a mediação do jornalista Carlos Tramontina, o debate contou com a participação de Ricardo Nunes (MDB), Guilherme Boulos (PSOL), Pablo Marçal (PRTB), Tabata Amaral (PSB), José Luiz Datena (PSDB) e Marina Helena (NOVO). A expectativa era de um nível mais elevado de discussão, o que, em grande parte, foi alcançado.

Com perguntas elaboradas por eleitores e especialistas, os candidatos precisaram defender suas ideias sobre temas como educação, saúde pública, segurança e moradia. Logo no início, o debate girou em torno da população em situação de rua, um dos grandes desafios da capital paulista. Datena foi sorteado para começar e criticou a gestão de Ricardo Nunes, enquanto Guilherme Boulos reforçou que é inadmissível que uma cidade tão rica como São Paulo tenha 80 mil pessoas vivendo nas ruas. A crítica ao prefeito permeou as falas de Tabata Amaral e até de Pablo Marçal, que aproveitou para tentar minar o adversário com provocações.

No entanto, apesar do esforço para manter o foco nas propostas, ficou evidente que nem todos os candidatos estavam preparados para o novo formato. Marina Helena e Pablo Marçal, em especial, pareciam deslocados durante o debate. Enquanto Tabata conseguiu protagonizar momentos importantes ao criticar duramente o prefeito pela situação da educação e ao apontar o fracasso da alfabetização em São Paulo, Marçal e Marina se mostraram perdidos, incapazes de articular ideias claras e pertinentes. As respostas de Marina Helena, como apontado em redes sociais, foram confusas e muitas vezes sem lógica, misturando discursos de estado mínimo com ataques ao “comunismo”, o que levou a um certo cansaço do público.

Marçal, por sua vez, mesmo sendo advertido repetidamente por Tramontina para respeitar as regras do debate, insistiu em transformar o ambiente em um espetáculo de acusações. Chamou Ricardo Nunes de “tchuchuca do PCC” e afirmou que o prefeito deveria ser preso, o que desencadeou sua terceira advertência e, consequentemente, sua expulsão do debate. O momento de maior tensão, no entanto, veio após sua saída, quando um integrante da campanha de Marçal agrediu Duda Lima, o marqueteiro de Nunes, com um soco, gerando um tumulto que culminou com o corte das câmeras.

O modelo proposto por Carlos Tramontina e o Flow, apesar de inovador e promissor para elevar o nível dos debates, mostrou que o desafio está na disposição dos candidatos em contribuir de forma construtiva para o processo democrático. Pablo Marçal, ao longo de toda sua participação, evidenciou que, mesmo em um debate bem estruturado, o comportamento dos candidatos pode comprometer a dinâmica. Seu descontrole e a incapacidade de seguir as regras levaram a um desfecho caótico, ofuscando os momentos positivos em que o debate foi centrado nas soluções para a cidade.

Um modelo inovador com limites claros

O debate do Flow News conseguiu, em grande parte, o que se propôs: forçar os candidatos a se concentrar em suas propostas para os problemas de São Paulo. O formato sem confrontos diretos limitou as ofensas pessoais que marcaram encontros anteriores, mas também evidenciou que não são todos os candidatos que têm capacidade ou intenção de se adaptar a um debate mais elevado. Como foi o caso de Marçal, sua participação revelou que o grande obstáculo para a política propositiva não está nas regras, mas em candidatos que não estão dispostos a respeitá-las.

Em meio a críticas duras, Nunes tentou se defender, apontando o impacto da pandemia sobre a educação e a redução da fila de creches, mas foi amplamente atacado por seu desempenho como prefeito. Mesmo com o formato mais controlado, as críticas à gestão do atual prefeito foram implacáveis, com Boulos, Datena e Tabata trazendo questões contundentes sobre áreas negligenciadas como moradia e educação.

No fim, apesar dos esforços do mediador e do formato inovador, a presença de candidatos como Pablo Marçal, que constantemente desviaram o debate para ataques, demonstrou que, por mais estruturado que seja o modelo, a responsabilidade por manter o nível das discussões ainda recai sobre os participantes.

Confusão nos minutos finais

Nos momentos finais, quando o debate se voltou para as considerações finais em formato livre, Marçal viu uma oportunidade para incendiar o ambiente com declarações ainda mais polêmicas. Mesmo advertido e removido do palco, a confusão gerada por suas declarações culminou com agressões físicas e um encerramento conturbado. O comportamento de Marçal, que preferiu o caminho do confronto ao invés de um discurso propositivo, acabou sendo um reflexo de sua incapacidade de contribuir de forma séria para o debate político.

Enquanto o Flow News e Carlos Tramontina inovaram acertadamente no formato, a noite de debate foi um lembrete de que, no fim das contas, a disposição para elevar o nível das discussões depende muito mais dos próprios candidatos e de que as emissoras tenham coragem para coibir e punir candidatos que não possuem compromisso com a sociedade, com a civilidade e com o debate político.

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Cleber Lourenço

Defensor intransigente da política, do Estado Democrático de Direito e Constituição. | Colunista n'O Cafézinho com passagens pelo Congresso em Foco, Brasil de Fato e Revista Fórum | Nas redes: @ocolunista_

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