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Brasil e Colômbia pedem novas eleições na Venezuela

Brasil e Colômbia sugeriram que a Venezuela realizasse novas eleições presidenciais para encerrar a crise desencadeada após Nicolás Maduro ser declarado vencedor, sem fornecer evidências suficientes nas urnas. A alegação do líder socialista de ter vencido a reeleição, não reconhecida pelos EUA, pela UE e pela maioria dos países latino-americanos, foi seguida por uma repressão […]

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Líderes latino-americanos tentam acalmar uma crise desencadeada pela contestada reivindicação de vitória de Nicolás Maduro / Reuters

Brasil e Colômbia sugeriram que a Venezuela realizasse novas eleições presidenciais para encerrar a crise desencadeada após Nicolás Maduro ser declarado vencedor, sem fornecer evidências suficientes nas urnas. A alegação do líder socialista de ter vencido a reeleição, não reconhecida pelos EUA, pela UE e pela maioria dos países latino-americanos, foi seguida por uma repressão mortal aos manifestantes nos dias subsequentes à votação.

No entanto, a proposta de refazer a votação foi rejeitada pela líder da oposição venezuelana María Corina Machado. A oposição alega que seu candidato, Edmundo González, foi o verdadeiro vencedor, com uma margem superior a dois para um, e publicou milhares de recibos de votação online.

“A eleição já aconteceu”, disse Machado em uma coletiva de imprensa na quinta-feira. “Se [Maduro] não gostar dos resultados, vamos realizar uma terceira eleição?”

O Conselho Eleitoral Nacional da Venezuela, controlado pelos aliados de Maduro, não publicou uma análise detalhada dos resultados desde que proclamou Maduro como vitorioso no mês passado.

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na quinta-feira que ainda não aceitou a alegada vitória de Maduro, dizendo que “ele [Maduro] sabe que deve uma explicação à sociedade brasileira e ao mundo”. Ele reiterou o apelo pela divulgação dos dados de votação, mas também sugeriu, em uma entrevista de rádio, que poderiam haver outras maneiras de resolver o impasse, incluindo a convocação de novas eleições: “Vocês podem formar um governo de coalizão, convocar a oposição. Muitas pessoas que estão no meu governo não votaram em mim.”

Gustavo Petro, presidente de esquerda da Colômbia, defendeu novas eleições, um governo de coalizão de transição, anistias nacionais e internacionais, além do “levantamento de todas as sanções contra a Venezuela”. “Um acordo político interno na Venezuela é o melhor caminho para a paz”, escreveu ele no X.

O presidente dos EUA, Joe Biden, também foi questionado por repórteres na Casa Branca, na quinta-feira, se ele apoiava novas eleições na Venezuela, ao que ele respondeu “sim”, sem fornecer mais detalhes. Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional esclareceu mais tarde que Biden “estava se referindo ao absurdo de Maduro e seus representantes não terem sido honestos sobre as eleições de 28 de julho”.

“Os Estados Unidos reiteram o pedido para que a vontade do povo venezuelano seja respeitada e que se iniciem discussões sobre uma transição de volta às normas democráticas”, acrescentou o porta-voz.

Brasília e Bogotá, cujos presidentes historicamente foram simpáticos ao governo de esquerda da Venezuela, estão pressionando por maior transparência por parte de Caracas, enquanto buscam promover a mediação entre Maduro e a oposição. Essa abordagem contrasta com as condenações mais duras feitas por muitas nações ocidentais.

O México estava inicialmente envolvido na iniciativa, mas seu presidente esquerdista, Andrés Manuel López Obrador, disse esta semana que, por enquanto, não participaria das conversas.

“Eu interpreto o interesse desses países como estabilidade, mas tenha em mente que estabilidade não significa uma transição democrática”, disse Ryan Berg, diretor do programa das Américas no Center for Strategic and International Studies. “O lado mais obscuro de tudo isso é que, em teoria, a estabilidade poderia ser alcançada por meio da repressão. Um país poderia ser estável, mas apenas reprimido de forma estável.”

No poder desde 2013, Maduro supervisionou o colapso da economia dependente do petróleo, o aumento da repressão e o êxodo de quase um quarto da população da Venezuela. Ele retratou a agitação como parte de uma tentativa de golpe “fascista” e “contrarrevolucionária” liderada pelos EUA, apoiada pelo bilionário Elon Musk e por empresas de mídia social ocidentais.

Os EUA parabenizaram González por ter conquistado a maior parte dos votos, embora não tenham chegado a reconhecê-lo como presidente eleito. Argentina, Costa Rica, Equador, Panamá, Peru e Uruguai também reconheceram a vitória de González, enquanto os aliados de Maduro em Cuba, Rússia, Irã e China foram rápidos em parabenizar sua reeleição.

Um grupo de 20 ex-funcionários e diplomatas dos EUA assinou na quarta-feira uma carta aberta ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, na qual pediam que o governo Biden adotasse uma postura mais firme em relação a Maduro.

“Os esforços diplomáticos do Brasil, Colômbia e México são notáveis, mas não há substituto para a liderança dos EUA mobilizando governos democráticos com ideias semelhantes para pressionar o regime a respeitar os resultados eleitorais e aceitar uma transição de poder oportuna”, escreveu o grupo.

Via Financial Times

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