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Análise Ineep: pra onde vai o preço dos combustíveis

No primeiro mês após completar um ano da nova política de preços da Petrobras, os preços dos derivados se mantiveram fundamentalmente estáveis. Entretanto, ao se analisar a relação entre os preços internos dos derivados, os preços de paridade de importação (PPI) e a variação do dólar estadunidense em relação ao real, identifica-se uma potencial ameaça […]

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A análise mensal do Ineep compara os preços dos principais combustíveis no Brasil com os internacionais e de paridade de importação (PPI), focando nos dados de junho de 2024 / Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

No primeiro mês após completar um ano da nova política de preços da Petrobras, os preços dos derivados se mantiveram fundamentalmente estáveis. Entretanto, ao se analisar a relação entre os preços internos dos derivados, os preços de paridade de importação (PPI) e a variação do dólar estadunidense em relação ao real, identifica-se uma potencial ameaça ao presente ciclo de estabilidade dos preços.

Os preços do petróleo Brent no mercado internacional, que continuam a ser referência para a definição dos preços nacionais, têm demonstrado forte volatilidade nos últimos meses, influenciados por fatores geopolíticos e econômicos. Entre os elementos que impactam os preços estão as dificuldades nas rotas de transporte no Oriente Médio, resultantes de conflitos que elevam os custos de fretes e seguros, além das estratégias do cartel de produtores, liderado pela Arábia Saudita e Rússia, que buscam segurar os preços. As expectativas oscilantes sobre as taxas de crescimento das principais economias globais, fatores sazonais e as flutuações das taxas de juros nos EUA também são importantes elementos que impactam os preços do Brent.

Nos últimos 12 meses, o preço do Brent apresentou oito aumentos e quatro quedas. Houve tanto aumentos expressivos (como, em 2023, 7,0% em julho, 7,5% em agosto e 8,8% em setembro), como quedas acentuadas (-8,4% em novembro e -6,4% em dezembro de 2023, e -9,1% em maio de 2024). Assim, aconteceram não apenas oscilações, mas algumas variações agudas. No mesmo período, o valor do dólar em relação ao real também oscilou, mas apenas com duas flutuações mais significativas, aproximadamente de 3% em abril e de 5% em junho de 2024. As variações mais recentes da taxa de câmbio, especialmente a última, pressionaram o valor do PPI, impactando diretamente as refinarias privadas e os importadores de derivados no Brasil, que, por sua vez, exerceram pressão sobre a Petrobras.

É preciso apontar que a variação do câmbio é determinada autonomamente pelo Banco Central do Brasil. Contudo, a instituição tem adotado uma postura de não intervenção na taxa de câmbio, ao contrário de períodos anteriores. Esta postura contribui para a valorização do dólar e pode impactar a inflação. Tal situação coloca a Petrobras em uma posição pouco confortável, pois se elevar os preços nas refinarias pode sancionar o aumento da inflação provocado pela variação do dólar; mas se mantiver os preços, fica sujeita à pressão política dos demais produtores domésticos e importadores.

Os dados divulgados recentemente pelo IBGE, em especial do IPCA-15 de junho, mostraram a importância da nova política de preços da Petrobras na contenção da inflação. Entretanto, a pressão decorrente da escalada do dólar parece mais difícil de ser confrontada.

Preços dos combustíveis em análise

Em junho, após a acentuada queda de 9,1% em maio nos mercados internacionais, o preço do petróleo Brent estabilizou-se, seguido por um leve aumento de 0,61%. Essas flutuações, influenciadas pela conjuntura geopolítica e pelas projeções de crescimento das economias mundiais, têm delineado o cenário dos últimos meses no mercado global. No Brasil, o dólar se valorizou significativamente em relação ao real, com uma elevação de cerca de 5,0%. Como resultado, os preços do petróleo em reais subiram aproximadamente 5,6%.

Gasolina

O preço médio do litro da gasolina nos postos de combustíveis permaneceu estável, variando de R$ 5,86 em maio para R$ 5,85 em junho. A região Norte apresentou o maior preço médio (R$ 6,17) e a região Sudeste registrou o menor (R$ 5,72). Entre os estados, as maiores médias mensais foram observadas no Acre (R$ 6,96) e em Rondônia (R$ 6,38), enquanto as menores foram registradas em São Paulo (R$ 5,63, estável há três meses) e no Amapá (R$ 5,63).

Diesel

Em junho, o preço do diesel S10 manteve-se estável na média nacional, registrando R$ 5,93 por litro na bomba. A região Norte voltou a se destacar pelo maior preço médio (R$ 6,21, apresentando uma redução de 0,5%), enquanto a região Nordeste registrou o menor preço médio (R$ 5,84, uma queda de 0,3%). Entre os estados, as maiores médias foram observadas no Acre (R$ 7,23) e no Amapá (R$ 6,57), e as menores em Pernambuco (R$ 5,69) e no Maranhão (R$ 5,74).

GLP

Em junho, o preço médio nacional do GLP manteve-se praticamente estável, com uma leve variação negativa de 0,1%, registrando R$ 101,46 por botijão de 13kg. Em comparação com junho de 2023 (R$ 103,46), o preço apresentou uma redução de 1,9%. Assim como nos outros produtos, a região Norte destacou-se pelo maior preço médio (R$ 116,74), enquanto o menor preço foi verificado no Sudeste (R$ 99,08). Entre os estados, as maiores médias foram observadas em Roraima (R$ 127,48) e no Amazonas (R$ 121,67), e as menores, em Alagoas (R$ 92,85) e em Pernambuco (R$ 89,22).

Etanol

O preço do etanol hidratado ficou estável em junho, fechando o mês em R$ 3,82 por litro no âmbito nacional, mesmo valor do mês anterior. Com isso, o preço médio do combustível superou levemente os preços praticados em junho de 2023 (R$ 3,76, ou seja, um aumento de 1,6%). O preço do biocombustível se manteve em média 65,3% abaixo do preço da gasolina, indicando que abastecer com etanol é vantajoso para o consumidor. A região Nordeste apresentou o maior preço médio (R$ 4,48) e a região Centro-Oeste, o menor (R$ 3,76). Entre os estados, Roraima (R$ 4,80) e Sergipe (R$ 4,80) tiveram as maiores médias, enquanto São Paulo (R$ 3,64) e Mato Grosso (R$ 3,50) apresentaram as menores.

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