A mais recente pesquisa Genial Quaest, realizada em julho de 2024, revela um aumento na aprovação do presidente Lula, mas destaca riscos significativos para a base governista no Legislativo em 2026. Enquanto a popularidade de Lula cresce, especialmente entre os mais pobres, a baixa visibilidade de programas-chave como o Novo PAC pode fortalecer políticos regionais e do centrão, dificultando a formação de uma coalizão coesa para implementar suas políticas.
A Aprovação do Trabalho de Lula
A aprovação do trabalho do presidente Lula saltou de 50 para 54 pontos, com a desaprovação subindo para 43 pontos. Este aumento é especialmente pronunciado entre os segmentos que recebem até dois salários mínimos, com a aprovação subindo de 62% para 69%, enquanto a desaprovação caiu de 35% para 26%. Nos outros extratos de renda, não houve variação significativa. Esse crescimento pode ser atribuído a aumentos substanciais no salário mínimo, rendimentos em nível recorde e a taxa de desemprego baixíssima.
Avaliação Geral do Governo
A avaliação geral do governo mantém um equilíbrio com 36 pontos positivos contra 30 negativos. Mulheres, jovens adultos e pessoas de baixa renda são os principais grupos de apoio. A aprovação entre as mulheres subiu de 55 para 61 pontos, enquanto entre os homens a diferença se manteve estável.
Percepção da Economia
36% dos entrevistados acreditam que a economia piorou, enquanto 28% acham que melhorou. Entre os que ganham até dois salários mínimos, a percepção de piora é mais acentuada, com a diferença entre melhorou e piorou saindo de -1 para +13 pontos entre fevereiro e julho de 2024. A percepção positiva da economia entre os mais pobres sugere uma melhora no otimismo desse grupo, impulsionada por fatores econômicos tangíveis. Além disso, o gráfico mostra que a economia está perdendo protagonismo como principal problema do país, caindo de 31% para 21% em um ano.
Preços e Custo de Vida
70% dos entrevistados acreditam que os preços dos combustíveis e alimentos subiram no último mês, refletindo frustrações com medidas governamentais que não surtiram efeito. A economia, embora ainda seja uma preocupação significativa, está perdendo protagonismo como o principal problema do país, caindo de 31% para 21% em um ano, enquanto a segurança pública subiu de 10% para 19%.
Segurança Pública Ganha Protagonismo
A questão da segurança pública, com a violência subindo de 12% em abril do ano passado para 19% em julho deste ano, quase empata com a economia como o principal problema do país. Este ponto tende a beneficiar mais políticos locais, como prefeitos, governadores e vereadores, que são mais diretamente cobrados pela população por ações nessa área. Qualquer benefício de ações positivas na segurança pública tende a ser creditado mais aos políticos regionais do que ao governo federal, favorecendo potencialmente o centrão nas eleições legislativas de 2026.
Expectativas Futuras
A expectativa de melhora econômica nos próximos 12 meses subiu de 48% para 52%. Os mais pobres mantêm um maior otimismo.
Conhecimento e Avaliação de Programas do Governo
O gráfico também destaca o conhecimento e a aprovação de programas e iniciativas do governo. O principal carro-chefe, o Novo PAC, é desconhecido por 51% dos entrevistados, enquanto é conhecido e aprovado por 44%. Esta baixa taxa de conhecimento pode ser atribuída ao fato de o governo estar mobilizando grandes quantias de recursos e dependendo de emendas parlamentares. Isso faz com que as obras do PAC sejam mais creditadas a políticos regionais, governadores e prefeitos do que ao governo federal. Tal situação pode impactar não apenas na aprovação do governo, mas também na eleição de políticos mais ligados ao centrão ou à direita, que acabam capitalizando mais com essas obras. Outros programas como Farmácia Popular, Bolsa Família e Desenrola têm altas taxas de conhecimento e aprovação.
Concordância com Opiniões de Lula
A pesquisa também abordou o impacto das opiniões de Lula em entrevistas, e a adesão às suas opiniões é expressiva:
- Salário deve ser aumentado todo ano acima da inflação: 90% concordam.
- Juros no Brasil são muito altos: 87% concordam.
- Carnes consumidas pelos mais pobres deveriam ter isenção de imposto: 84% concordam.
- Temos que fazer um pente fino para tirar irregularidades do CadÚnico: 83% concordam.
- O governo não deve satisfação ao mercado, mas aos mais pobres: 67% concordam.
Críticas ao Banco Central
Um ponto delicado na relação entre o governo e a economia são as críticas de Lula ao Banco Central. A pesquisa revela que 64% da população não ficou sabendo dessas críticas, mas entre os que souberam, 66% concordam com Lula, incluindo 51% dos eleitores de Bolsonaro. Isso revela uma curiosa convergência de opiniões entre diferentes espectros políticos.
Falas de Lula e o Dólar
Sobre a responsabilidade pelas oscilações do dólar, 53% acreditam que as falas de Lula não foram a principal razão para o aumento, apontando para uma percepção de que fatores econômicos mais amplos estão em jogo.
Cuidados para 2026
A pesquisa Genial Quaest de julho de 2024 nos dá uma visão detalhada e multifacetada da atual conjuntura política e econômica do Brasil. A aprovação crescente de Lula, especialmente entre os mais pobres, e o otimismo cauteloso em relação ao futuro econômico contrastam com as preocupações persistentes sobre o custo de vida. Uma comunicação eficaz de Lula parece ser uma chave para sua aprovação, enquanto as críticas ao Banco Central refletem uma divisão interessante na percepção pública.
No entanto, a baixa visibilidade do Novo PAC pode ter implicações políticas significativas, favorecendo políticos regionais e possivelmente fortalecendo o centrão e a direita no Legislativo. Além disso, o aumento na preocupação com a segurança pública tende a beneficiar políticos locais, desviando o crédito de ações positivas nesta área do governo federal para prefeitos, governadores e vereadores. Este cenário pode dificultar a formação de uma base governista mais coesa e alinhada com políticas progressistas no futuro, mesmo que Lula tenha boas chances de reeleição em 2026. Portanto, enquanto a reeleição do governo parece promissora, o desafio maior será consolidar um ambiente legislativo mais favorável às suas políticas.
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