Durante as discussões e mobilizações na sociedade contra o Projeto de Lei 1904/24, que trata da proibição do aborto para mulheres vítimas de estupro, surgiram críticas sobre a forma como o governo conduziu o assunto internamente. Houve manifestações isoladas de ministros do governo e declarações desencontradas do líder do governo na Câmara dos Deputados, José Guimarães (PT), que chegou a afirmar que o tema não era de interesse do Palácio do Planalto.
Apenas dois dias após a aprovação da urgência do texto, o governo emitiu um posicionamento definitivo sobre o tema.
O recuo foi tema de discussões e especulações, tanto dentro quanto fora da base do governo. Alguns especularam que o movimento fosse uma estratégia do governo para não irritar os fundamentalistas no Congresso Nacional e o eleitorado conservador em pleno ano de eleições.
Na verdade, o governo se atrapalhou com toda a discussão, havendo um descompasso entre a discussão na Câmara e o que chegava ao Planalto. Isso foi reconhecido por membros da articulação política do governo que conversaram com a coluna.
Mesmo com o ministro-chefe das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), e Guimarães almoçando juntos quase todas as segundas-feiras, o governo não conseguiu se articular de maneira eficiente nem discutir a questão em tempo hábil, quase sendo pego de surpresa.
Membros da articulação política não escondem que esse tipo de situação não é novidade. Na semana passada, Guimarães foi alvo de diversas críticas na base governista, principalmente entre membros da bancada petista, que voltaram a acusar o líder do governo de não contar votos e de estar mais preocupado com Lira do que com o próprio governo.
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